Entrevista/ “O maior desafio foi mesmo criar a Biocodex Portugal do zero”

“Continuamos a investigar, a recolher evidência científica e a colaborar com universidades e start-ups, para garantir que trazemos para os mercados as soluções mais inovadoras”, assegura Filipa Horta, General Manager da Biocodex Portugal.
General Manager da Biocodex Portugal há cerca de dois meses, Filipa Horta quer fazer com que o laboratório francês de investigação, desenvolvimento e comercialização de probióticos continue a sua trajetória como um dos grandes players nacionais na área dos probióticos e na saúde da mulher.
Presente em vários países, esta empresa farmacêutica francesa de origem familiar iniciou, desde que chegou a Portugal, a comercialização do seu primeiro probiótico, UL-250, já presente no país através de parceiros comerciais, lançou a gama de probióticos Symbiosys e adquiriu os Laboratórios IPRAD, a nível mundial, o que permitiu exclusividade na comercialização e distribuição da marca Saforelle no nosso país. Além disso, a farmacêutica continua a apostar no lançamento de produtos na área da saúde da mulher.
A Biocodex desenvolve ainda uma vasta atividade formativa para o público e para os profissionais de saúde no âmbito do aprofundamento do conhecimento da microbiota humana, a par da área de investigação, através da Biocodex Microbiota Foundation, onde atribui anualmente bolsas nacionais e internacionais para projetos de investigação. Com esta abrangência de atuação, Filipa Horta quer que a Bicodex Portugal contribua para aumentar o conhecimento dos portugueses sobre Microbiota e para o contínuo desenvolvimento de soluções inovadoras na área da saúde.
Foi a diretora de marketing da empresa em Portugal e acaba de assumir a liderança da Biocodex Portugal. Qual a sua missão para esta nova função?
Manter o DNA a que internamente estamos habituados. Acredito que só assim vamos continuar a desenvolver e a afirmar a Biocodex Portugal como um player importante nos mercados dos probióticos e da saúde da mulher.
Quais as skills e atitudes para se ser uma boa líder?
Um líder deve ter uma visão estratégica clara para o negócio, ser capaz de traçar objetivos e ambições a longo prazo e guiar a equipa em direção a eles. Deve ser empático e ágil. Deve ter uma atitude humilde, respeitando a opinião dos outros e valorizando a construção coletiva. Deve ser atento e curioso. Só desta forma pode antecipar oportunidades e problemas.
Como descreve o seu estilo de liderança?
Procuro criar um ambiente de desenvolvimento contínuo, promovendo as tomadas de decisão, o pensamento crítico e a inovação. Dou abertura para arriscar e ganhar ou aprender.
“(…) temos tido muitos contratempos, a começar por abrir uma empresa mesmo antes da pandemia”.
A Filipa está na génese da Biocodex Portugal desde que o laboratório francês se instalou no nosso país, em 2019. O que mais a marcou no percurso na empresa? O que mais destaca?
Uma das coisas que mais me orgulho, e que penso que foi determinante para o que a Biocodex é hoje, foi a criação dos valores da empresa a nível local. Definimos valores e quisemos que fizessem parte integrante de tudo, desde o processo de recrutamento, passando por estar presente todos os dias no modo como trabalhamos, até ao momento de avaliação anual.
Não foi um percurso fácil, temos tido muitos contratempos, a começar por abrir uma empresa mesmo antes da pandemia. Para além disso, em tão curto espaço de tempo, já passámos por aquisições e também algumas parcerias comerciais, o que leva a constantes alterações da estrutura. Tudo isto nos faz estar mais processuais e mais preparados.
Qual foi o maior desafio profissional que enfrentou?
O maior desafio foi mesmo criar a Biocodex Portugal do zero. Desde as equipas, aos sistemas, à estratégia comercial, foi sem dúvida também o mais gratificante.
Qual a iniciativa da Biocodex de que mais se orgulha?
O contributo que temos vindo a dar no aumento conhecimento sobre Microbiota, quer através da informação, quer através do apoio à investigação, com bolsas anuais. Um outro exemplo marcante foi o apoio que demos a um estudo, da Nova Medical School, que logo no início da pandemia se propunha a encontrar a relação entre a Microbiota e os graus de severidade da Covid 19. Estes investigadores foram pioneiros a nível mundial, logo em março de 2020, e nós prontamente acedemos ao pedido de financiamento. As conclusões do estudo mostraram um padrão de Microbiota, em doentes internados em cuidados intensivos, em enfermarias e nos doentes que não necessitaram de internamento.
“(…) há quatro anos comprámos uma empresa especialista na saúde da mulher”.
O que mais a atraiu nesta área e o que a tem mantido?
A área da Microbiota é uma área em franco desenvolvimento científico devido sobretudo aos avanços da bioinformática. Trabalhar numa área em expansão e que faz grande diferença na saúde das populações é fascinante. A par da Microbiota, há quatro anos comprámos uma empresa especialista na saúde da mulher. Temos produtos para diversas fases do ciclo de vida da mulher, numa altura em que os tabus em redor da menopausa começam a cair. Esta tornou-se também uma área em que podemos fazer a diferença.
Quais as principais tendências no setor dos probióticos e como é que a Biocodex se está a preparar para elas?
Estão a surgir probióticos para diversas áreas terapêuticas. Continuamos a investigar, a recolher evidência científica e a colaborar com universidades e start-ups, para garantir que trazemos para os mercados as soluções mais inovadoras.
“Queremos continuar a crescer de uma forma sustentada (…)”.
Quais os planos para o futuro da Biocodex em Portugal?
Queremos continuar a crescer de uma forma sustentada, garantido aos nossos colaboradores um ambiente onde gostem de trabalhar e aos nossos parceiros as melhores soluções nas nossas áreas de atuação.
E quais os seus planos a longo prazo?
Quero estar aqui enquanto gostar e achar que estou a contribuir com algo.
Que conselhos deixaria a uma jovem empreendedora que acaba de ser promovida?
Que acredite que é merecedora da promoção. Isso irá garantir-lhe a autoconfiança necessária, que é importante equilibrar com humildade. Para além disso, partilhar dúvidas e anseios com os colegas, escutar e aprender e manter a curiosidade.
Respostas rápidas:
Maior risco: não arriscar
Maior erro: ter medo de errar
Maior lição: com tudo e com todos aprendemos
Maior conquista: ter gostado sempre do meu trabalho