Restrições do mercado financeiro impedem o avanço das scale-ups, diz relatório do EIB

No seu mais recente relatório “The scale-up gap”, o Banco Europeu de Investimento constata que as scale-ups europeias levantam 50% menos capital do que as suas congéneres de São Francisco, EUA.
O Banco Europeu de Investimento (EIB, na sigla inglesa), divulgou esta semana o relatório “The scale-up gap: Financial market constraints holding back innovative firms in the European Union”, onde fornece novos insights sobre as restrições financeiras enfrentadas por empresas que entram na fase de scale-up. Entendendo-se como scale-ups empresas jovens, de médio porte, com alto potencial de crescimento, mais produtivas do que a empresa média e líderes no desenvolvimento de novas tecnologias.
A análise do BEI centrou-se em empresas que receberam apoio de capital de risco e que atingiram a fase de scale-up depois de 2013, examinando o financiamento que receberam e os investidores que atraíram. Além disso inclui ainda uma comparação entre esse perfil de empresas e as suas congéneres de Londres e São Francisco, de forma a analisar a dinâmica dos negócios inovadores naqueles diferentes mercados.
Na sequência do relatório, o BEI acredita que para lidar com a lacuna de financiamento para empresas em expansão na União Europeia, e para que estas mantenham a sua vantagem tecnológica e prosperem, é necessário remover barreiras de investimento, especialmente no mercado de capital de risco e nas intervenções públicas direcionadas para impulsionar o mercado.
O relatório identifica algumas restrições que este perfil de empresas enfrenta no mercado europeu de investimento. Vejamos:
- Na União Europeia, as restrições financeiras aumentam conforme as empresas crescem. Quando chegam a dez anos de operação, as scale-ups europeias levantam 50% menos capital do que seus pares de São Francisco. Essa lacuna de acumulação de capital persiste independentemente da indústria, ano de estabelecimento ou ciclo de negócios.
- A escassez de investidores capazes de fornecer financiamento na fase de expansão leva muitas empresas a procurar financiamento no exterior e, em caso de exit, procuram um comprador estrangeiro ou listam-se numa bolsa de valores estrangeira.
- Os investidores líderes desempenham um papel crítico nas rondas de financiamento, atraindo investimentos adicionais de participantes menos sofisticados do mercado devido ao seu conhecimento especializado do setor e históricos de sucesso. Na UE, mais de quatro em cada cinco negócios de scale-up envolvem um investidor líder ou único estrangeiro, em comparação com apenas 14% em São Francisco.
- É provável que as scale-ups da UE sejam listadas numa bolsa de valores estrangeira ou sejam adquiridas por um comprador estrangeiro.
- A realocação para o exterior traz ganhos de valor de mercado para as scale-ups europeias, mas prejudica o potencial da Europa para reter líderes da indústria e desenvolver novas tecnologias. Também enfraquece o efeito “flywheel”, onde novos líderes apoiam a próxima geração de start-ups, causando fuga de cérebros empreendedores e oportunidades perdidas para o ecossistema empresarial local.
- As restrições de financiamento enfrentadas pelas scale-ups da UE decorrem da natureza superficial e fragmentada dos mercados de capital europeus, particularmente o mercado de capital de risco. O investimento de capital de risco em empresas americanas é de seis a oito vezes maior do que na União Europeia anualmente.
- A União Europeia ainda não investe o suficiente em capital de risco. Os fundos levantam apenas 5% do capital de risco global, em comparação com 52% nos Estados Unidos e 40% na China.
- Embora o mercado de capital de risco da União Europeia esteja a expandir-se e a desenvolver-se, a quantidade de fundos de capital de risco especializados e de grande porte continua a ser insuficiente para apoiar empresas em expansão.