Entrevista/ 5 questões a Ana Teixeira, cofundadora da Mudey
Motivada pela vontade de descomplicar o acesso de todos aos seguros, Ana Teixeira, cofundadora da Mudey, afirma que “a liderança de um negócio dificilmente será bem-sucedida sem uma boa liderança das pessoas que lhe dão vida”.
Com quatro anos de atividade, a Mudey atua no setor da mediação de seguros com uma proposta 100% digital. A insurtech nacional oferece um serviço de pesquisa, comparação, compra e gestão de seguros, onde é possível encontrar mais de 20 seguros, de mais de 15 seguradoras. Com uma abordagem disruptiva ao setor da mediação seguros, garante a desmaterialização dos processos, promovendo a transparência e democratização do acesso. Até agora, soma 30 mil utilizadores registados, número que quer duplicar até ao final de 2024.
Licenciada em economia, e com experiência no desenvolvimento de plataformas digitais de seguros no Reino Unido, França, Países Baixos e Portugal, Ana Teixeira é uma das fundadoras e a responsável pela gestão da start-up. Acredita que a sua formação na Universidade de Cambridge e o percurso profissional naqueles países europeus, foram decisivos para este projeto que visa “descomplicar o acesso de todos aos seus seguros”. Ana Teixeira partilhou com o Link to Leaders a sua visão de mercado.
O que é inovação para si?
Vejo a inovação como sinónimo de diferenciação. Seja qual for o setor ou atividade, será sempre inovador quem olhar para os desafios da sua área com a intenção de encontrar respostas e soluções que acrescentem valor. Este “valor” pode assumir muitas formas: desde a simplificação de um processo de trabalho até à disrupção com um novo produto ou serviço. Todos são contributos para uma melhoria e, portanto, para a inovação!
A Mudey surgiu, em 2020, precisamente dessa necessidade de encontrar uma solução. O problema era claro: não havia em Portugal uma maneira simples de procurar e contratar um seguro, de uma forma 100% digital, num sítio só e sem “saltar” entre seguradoras, procedimentos e linguagens burocráticas. Orgulhosamente, podemos dizer que, com a Mudey, já existe! Porém, o trabalho não está terminado. Longe disso. O setor em que atuamos – o da mediação de seguros – continua a precisar urgentemente de inovar, sob pena de comprometer a sustentabilidade de negócio dos mediadores, sobretudo os de menor dimensão, e capacidade de atrair sangue novo para esta atividade.
Inovar, neste caso, passará por fundir o potencial humano (o serviço altamente personalizado que os mediadores prestam) com o lado tecnológico, que torne os processos de trabalho mais rápidos e simples. Seguir, portanto, uma filosofia de humanismo digital / digital humanism.
Também estamos a dar resposta a este desafio do setor. Com a MudeyPRO colocámos a nossa plataforma, experiência e inovação acessível a mediadores de seguros parceiros, para que tenham um recurso tecnológico capaz de potenciar o seu negócio e de simplificar o lado burocrático do seu dia a dia de trabalho.
“(…) um negócio que está a afirmar-se no mercado precisa muito das suas pessoas(…)”.
Qual a competência chave para exercer a liderança hoje em dia?
A liderança de um negócio dificilmente será bem-sucedida sem uma boa liderança das pessoas que lhe dão vida. Numa start-up isso é ainda mais evidente: um negócio que está a afirmar-se no mercado precisa muito das suas pessoas, vive da partilha e debate das suas ideias.
Como competência-chave para liderá-las apontaria a confiança. Desde logo, a confiança de estar rodeado das pessoas certas. Acredito muito na frase “se és a pessoa mais inteligente na sala, estás na sala errada”. É importante ter a autoconfiança de estar na “sala certa”, rodeado de pessoas com conhecimento e iniciativa, que saibam mais do que nós sobre a sua área de especialidade. Mas é também mais do que isso: a confiança é a base para dar-lhes autonomia e liberdade para criar, para implementar as suas competências técnicas e humanas, para executar as suas ideias. Esse caminho de autonomia será sempre muito mais proveitoso do que o da imposição. A confiança compensa!
Uma ideia que gostaria de implementar?
Privilegiadamente, a minha ideia inicial já está a ser implementada desde 2020: a Mudey, a primeira plataforma portuguesa 100% digital para pesquisa, compra e gestão de seguros. Com o trabalho de toda a equipa e com grande atenção ao mercado, esta ideia inicial tem gerado muitas outras. Novos serviços, novas valências na plataforma e novos objetivos que surgem como agradáveis consequências do trabalho!
Estamos, agora, focados numa dessas novas ideias: a MudeyPRO. Queremos continuar a desenvolver esta plataforma dedicada aos mediadores de seguros para sermos o “copiloto” tecnológico do seu negócio, contribuindo para a sua valorização no mercado segurador. Sabemos que este é mais um passo para cumprir aquela que sempre foi a nossa ideia inicial: aproximar as pessoas dos seguros, e torná-los mais simples para todos, desde clientes a mediadores!
“A atração de investimento é uma questão complexa, que depende da conjugação de muitos fatores e vontades”.
Que argumentos não devem faltar numa start-up para atrair investimento?
A atração de investimento é uma questão complexa, que depende da conjugação de muitos fatores e vontades. Mas claro que há alguns argumentos-chave que tornam a start-up mais credível e robusta aos olhos dos investidores. Entre eles:
Inovação e diferenciação: ter uma proposta diferente, que seja a resposta a um problema (como referia na primeira questão) e que tenha potencial de mercado bem identificado.
Equipa: mostrar que se tem a equipa certa, com conhecimento e experiência, para executar a ideia de negócio.
Resultados: demonstrar, ao longo do tempo, capacidade de execução, bem como de monitorização e apresentação de resultados, validando o investimento e confiança de investidores.
“É quase certo dizer que o processo de desenvolvimento de uma start-up nunca vai ser como se esperava”.
Erros que as start-ups nunca devem cometer?
Diria que o maior erro é a inflexibilidade. Ou seja, é imprescindível acreditar no objetivo e na missão que se traçou, mas é tão ou mais importante saber que o caminho não será feito em linha reta, isento de contratempos, de mudanças de rumo e de novas possibilidades de crescimento. É quase certo dizer que o processo de desenvolvimento de uma start-up nunca vai ser como se esperava. É necessário adaptar, e estar disponível às novas possibilidades de crescimento a que o nosso mercado, a nossa equipa e até as nossas “dores de crescimento” nos podem conduzir.








