5 questões a Bernardo Ribeiro da Cunha, COO & Partner da Avenidas

“O entusiasmo e a paixão são a pedra basilar de qualquer empresa”, defende Bernardo Ribeiro da Cunha, COO & Partner da Avenidas, start-up que há oito anos opera no setor da mobilidade e do turismo.
A Avenidas é uma start-up portuguesa que desenvolve a sua atividade nos setores da mobilidade, viagens e turismo, distribuição e logística e operações de crescimento. Nasceu em 2016 e já soma mais de 5 milhões de viagens realizadas e mais de um milhão de entregas efetuadas. Atualmente, conta com mais de 50 parceiros, cerca de 100 estafetas, 35 distribuidores, cerca de 120 guias e motoristas TVDE e 40 promotores. Este ano, a empresa prevê investir mais de 2 milhões de euros na sua transição energética. “Uma start-up deve saber viver com o risco da incerteza e não se pode deixar paralisar com receio de errar”, salienta o COO & Partner da Avenidas.
O que é inovação para si?
A inovação é utilizar a criatividade para melhorar processos e sistemas, permitindo-nos imaginar algo novo, reorganizar algo existente, simplificar e otimizar algo que ainda não atingiu o seu total potencial. Diria, até, que ser inovador implica uma incansável vontade de aplicar o processo criativo para melhorar algo e fazê-lo continuamente, de forma iterativa. A inovação permite-nos melhorar e aprimorar algo já bom, e permite-nos oferecer, de forma contínua, um produto ou serviço de qualidade incrementalmente superior, mas também fazê-lo de forma cada vez mais competitiva e com valor acrescentado.
“(…) a comunicação é a competência chave em alguém em posição de liderança”.
Qual a competência chave para exercer a liderança hoje em dia?
A liderança é, cada vez mais, a construção da visão conjunta sobre o caminho e futuro que uma organização pretende alcançar. E, para isso, as competências humanas são fulcrais. Para ser um bom líder, há que saber ouvir e conhecer os membros da organização para conseguir transmitir o rumo pretendido de forma personalizada e genuína.
Diria que a comunicação é a competência chave em alguém em posição de liderança. A boa comunicação envolve várias competências, desde emocionais, como a empatia e a honestidade, à organização da informação de forma clara e concisa, ou à forma como se fala ou se escreve.
Há ainda outros fatores subjacentes à comunicação que são fundamentais para uma boa liderança, tais como as competências pessoais (hard-skills) ou a capacidade de construir relações de confiança. Mas a comunicação é, sem dúvida, transversal a todas estas características, permitindo uma liderança sólida, confiante e que ajudará a organização e as suas equipas a crescer.
Uma ideia que gostaria de implementar?
Nesta fase de maturação da Avenidas, temos o objetivo ambicioso de criar um departamento de recursos humanos dedicado, um projeto que nos ajudará a crescer ainda mais. A nossa atividade envolve muito recrutamento, mas, neste momento, ainda o gerimos de forma descentralizada. Acreditamos que ter um departamento de RH irá consolidar e dar coerência aos nossos esforços de recrutamento, mas vai também permitir-nos desenvolver e aprimorar a nossa cultura, promovendo a felicidade no trabalho dos nossos colaboradores.
“Os principais argumentos para atrair investimento são liderança, talento e entusiasmo”.
Que argumentos não devem faltar numa start-up para atrair investimento?
Os principais argumentos para atrair investimento são liderança, talento e entusiasmo. Liderança pois, como vimos, trata-se de construir uma visão de onde se pretende chegar e como o faremos em conjunto com a equipa. Essa visão é essencial pois quem está a investir quer perceber qual o rumo a seguir, não só ao nível de produto e mercado, mas também qual a ambição dos líderes. Aqui, destaca-se a importância do talento porque sem ele, a visão conjunta não é executada. Já o entusiasmo e a paixão são a pedra basilar de qualquer empresa porque sem isso não há resiliência para desenvolver ou avançar com ideias que fazem a diferença.
Erros que as start-ups nunca devem cometer?
O maior erro que uma start-up pode cometer é, sem dúvida, gerar anticorpos contra os erros e adotar a inação como postura de prevenção. O que distingue uma start-up das empresas tradicionais é a capacidade de explorar o desconhecido e de navegar agilmente, sabendo que isso implica, muitas vezes, chegar a becos sem saída. Até se chegar a bom porto, há que saber navegar rápido. Isto implica estar confortável com os erros e olhar para os mesmos como aprendizagens, sendo certo que é preciso atuar de forma diligente e estar consciente das implicações das nossas decisões. Contudo, uma start-up deve saber viver com o risco da incerteza e não se pode deixar paralisar com receio de errar.