A primeira questão a responder antes de procurar novos investidores

Quando se entra num processo de angariação de financiamento, o foco tende a estar exclusivamente nos números que se pretendem fechar. Mas será esta a questão mais importante que os fundadores devem fazer?

Se é verdade que o processo de angariação de financiamento é sempre desgastante e uma fonte de stress, também o é a necessidade de ir preparado não só com os números e uma boa apresentação, mas também com o tipo de investidores que pretende integrar na empresa.

Desta forma, a primeira questão que se deve colocar quando podera seguir para uma ronda de captação de investimento não é quanto dinheiro vai precisar, mas sim o tipo de relação que vai ter com os investidores que entrarem na empresa, o papel que vão ter e como pretende trabalhar com eles, realçou o Tech Crunch, que abordou recentemente a questão. Ou seja: “Vai liderar, seguir ou sair do caminho?”

Liderar

Se quiser manter a liderança da empresa, estruture bem o negócio que fechar com os investidores, de forma a que os papéis de cada um sejam inequivocamente claros, ou seja, mantenha uma maioria clara da empresa e não deixe que os investidores passem de detentores de uma pequena parte. Mais importante ainda, encontre o investidor certo, o que esteja satisfeito com o papel que lhe quer dar (e que não tente conduzir o negócio da retaguarda).

Estes investidores aceitam o risco e valorizam empreendedores motivados e apaixonados. Empresas como a Alphabet e o Facebook tornaram os investidores mais confortáveis com este cenário.

A opção das “ações com direito a voto” permite aos seus detentores manterem o controlo da maioria da empresa embora não detenham a percentagem necessária para tal. Quem invista numa empresa que tenha esta realidade aceita os prós e os contras dessa situação. Já os empreendedores, por outro lado, vão conseguir manterem-se firmemente no comando da empresa.

Sendo do interesse de todos manter uma relação feliz com os investidores, garanta que existe um pré-acordo sobre a natureza e a altura em que se dará o desinvestimento, a necessidade de um novo levantamento de capital e uma referência clara à sua visão estratégica no médio-longo prazo. Negoceie cuidadosamente as possibilidades que os investimentos minoritários terão de boicotar o seu direito a fazer o que quer.

Seguir

Talvez tenha chegado à conclusão de que levou a empresa tão longe quando conseguiu, mas que há potencial para mais e quer manter-se envolvido. Neste caso estará à procura de investidores em quem confie e em que acredita que com eles o resultado será sempre melhor do que sem eles.

O acordo não se tratará apenas de dinheiro, pois terá de confiar nos investidores para liderarem. Ao fazê-lo, estará a admitir, implícita e explicitamente, que a determinada altura poderá deixar de fazer parte da equipa de gestão. Neste caso será a si que caberá o acordo com direitos minoritários. Negoceie com cuidado os seus direitos de representação no conselho de administração, a compensação financeira e a saída, e considere cuidadosamente o que poderá prescindir do que está em cima da mesa.

Não há atalhos quando se trata de angariação de capital, uma vez que requer sempre muita reflexão e planeamento estratégico.

Saia do caminho

Talvez tenha chegado à conclusão que os próximos cinco anos trazem mais riscos do que os que aparentemente o mercado está a vislumbrar. Ou talvez tenha já trabalhado tanto que se sinta pronto a colher os frutos do esforço e a sair desse caminho.

Neste caso a sua primeira opção deverá ser a de sair completamente da empresa, mas sabe que se o fizer o mercado verá isso como algo suspeito e que ficará economicamente  melhor se mantiver apenas a menor percentagem da empresa que o investidor aceitar.

Neste caso, o melhor cenário para si é conseguir a maior dispensa de funções de gestão possível e proteger-se ao máximo de eventuais situações que o futuro possa trazer. Quererá ter o direito, mas não a obrigação, de procurar liquidez junto de outro investidor, mantendo o direito de co-investir caso as coisas corram bem. Ter um lugar na administração pode ser ou não do seu interesse, mas quererá ter o direito de observador.

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