“A confiança é o valor chave para uma liderança bem sucedida”, defende Filipe Veiga, fundador e CEO da WalliD, na resposta ao desafio “5 Questões” do Link To Leaders. Para o jovem empreendedor é importante que os projetos em fase inicial tenham uma equipa forte e resistente de fundadores.

A WalliD desenvolveu um protocolo de autenticação e identificação online baseado em blockchain para garantir a segurança e facilitar os processos de validação da identidade digital. No final do ano passado, a start-up criada por Filipe Veiga e Vitor Viana, em 2018, passou a fazer parte do portefólio de investidas da Portugal Ventures.

O que é inovação para si?
A inovação é a solução para um problema significativo que nunca foi resolvido.

Qual é a competência chave para exercer a liderança hoje em dia?
Na minha opinião, a confiança é o valor chave para uma liderança bem sucedida. A liderança consiste em reunir um grupo de pessoas para trabalharem em prol de um objetivo comum. Como fundador, é fácil permanecer concentrado nesse objetivo quando as coisas correm mal, mas é importante lembrar que o resto da equipa não estará tão empenhada se não tiver sido estabelecida uma confiança genuína.

A confiança é um ativo poderoso porque é bidirecional. Quando um fundador confia na sua equipa e delega mais responsabilidades, pode aumentar exponencialmente a produção potencial da empresa. No entanto, a confiança é também o ativo mais difícil de atingir. É preciso tempo, dedicação e transparência impecável para construir confiança. Uma vez quebrada, é muitas vezes difícil de reparar

Uma ideia que gostaria de implementar?
Uma ideia que gostaria de implementar é a criação de um sistema de identificação digital que permita aos indivíduos ter total propriedade e controlo sobre os seus dados, ao mesmo tempo que ainda podem partilhar facilmente a prova de propriedade. Este sistema, que estamos a construir na WalliD, visa resolver o paradoxo soberania-confiança e facilitar a confiança em ações remotas sem depender de terceiros ou de garantias financeiras entre indivíduos que não se conhecem. Isto permitiria um mundo online mais seguro e descentralizado, onde os indivíduos têm controlo sobre os seus próprios dados e podem facilmente partilhá-los com outros, conforme necessário.

A WalliD foi a “Startup Mais Promissora” do Rocket Program da Startup Lisboa. Este é um programa de 12 semanas para novas start-ups, e foi selecionada de entre 25 start-ups a participar por um júri constituído por VCs nacionais e internacionais, e promotores do ecossistema.

Que argumentos deve ter uma start-up para atrair investimento?
Pode depender da fase da empresa e do tipo de investidor que se procura. No entanto, em geral, os projetos em fase inicial precisam tipicamente de demonstrar provas de inovação. Isto inclui identificar um mercado abordável, compreender um ponto de dor específico e ter uma solução comercializável para essa dor. Além disso, é importante que os projetos em fase inicial tenham uma equipa forte e resistente de fundadores.

À medida que a empresa avança para fases posteriores, pode ser necessário provar que a inovação está a ter sucesso e a produzir resultados. Também pode ser importante mostrar que o aumento dos custos levará a um aumento dos resultados a uma escala maior.

Que erros nunca deve uma start-up cometer?
Na minha opinião, há dois erros mortais que as start-ups devem evitar. Primeiro, é importante manter as despesas e as burn rates tão baixas quanto possível. Embora possa ser tentador gastar dinheiro em coisas vistosas que fazem a empresa parecer bem sucedida, é mais importante utilizar esses recursos para construir algo que seja verdadeiramente bem sucedido.

O segundo erro a evitar é falhar de forma lenta. Na minha experiência, não existe um método definido para o sucesso. Em vez disso, temos de tentar abordagens diferentes e falhar o mais rapidamente possível, a fim de eventualmente sermos bem sucedidos. Isto pode ser um desafio quando trabalhamos em algo que nos apaixona ou quando utilizamos as nossas próprias ideias, mas é um aspeto importante do processo.