47% das PME nacionais diz ter perdido mais de metade do seu volume de negócios
Uma das principais preocupações das empresas durante a pandemia prende-se com a sua capacidade de resposta, tendo em conta as alterações decorrentes das medidas do governo, refere um estudo da Sage.
Desde o início da pandemia, 47% das pequenas e médias empresas (PME) portuguesas diz ter perdido mais de metade do seu volume de negócios. O número é apontado pela Sage, que que realizou um inquérito junto de 1.778 empresas nacionais para compreender o impacto da pandemia nos seus negócios, bem como as expectativas em relação à recuperação económica.
Adicionalmente, 12% das empresas refere ter perdido pelo menos 20% do seu volume de negócios neste período, o que significa que 59% das empresas considera que o impacto desta crise tem sido “muito negativo” para os seus negócios.
Os setores mais afetados foram o do turismo, da restauração, comércio por grosso, banca e seguros, imobiliário e ainda o de comércio/oficinas automóveis.
Por outro lado, apenas 17% das empresas inquiridas afirma não ter sido afetada pela situação, maioritariamente empresas nos setores de consultoria e contabilidade.
No que respeita ao regular funcionamento das empresas em tempo de pandemia, a maioria das empresas inquiridas (82%) afirmou continuar em funcionamento, das quais 44% reporta estar a funcionar de forma parcial e 38% a funcionar em pleno. Das restantes, 15% contava reabrir até 1 de junho e 1% viu-se obrigada a encerrar de forma definitiva; são ainda vários os negócios que se encontram suspensos sem data de reabertura.
Uma das principais preocupações das empresas durante este período prendeu-se com a sua capacidade de resposta, tendo em conta as diversas alterações decorrentes das várias medidas disponibilizadas pelo governo.
A aplicação do lay-off, em particular, teve implicações quase imediatas para as empresas em termos de gestão de RH. Das PME que participaram no estudo, 34% admitiu ter recorrido a esta medida (de forma total ou parcial).
24% das PME recorreu ao teletrabalho (total ou parcial) e 16% teve de reduzir o número de colaboradores, quer através da não renovação de contratos, do cancelamento de novas contratações ou mesmo através de despedimento. Ainda assim, cerca de 39% das PME revela não ter aplicado nenhuma das medidas disponíveis para o apoio ao emprego.
No que toca ao apoio económico e financeiro, este número é superior: 47% indica não ter recorrido a quaisquer medidas apresentadas. Entre as restantes, destaca-se que 28% diferiu os pagamentos à segurança social, 25% que diz ter fracionado o pagamento de obrigações fiscais ou contributivas, para melhor suportar as despesas; 22% que se candidatou ao programa de créditos de apoio às empresas; e ainda 21% que pediu moratórias em relação a créditos já existentes. São várias, também, as PME a reportar não ter acesso a qualquer apoio, devido à natureza da sua atividade e/ou constituição da sua empresa.
Entre várias outras medidas aplicadas, num âmbito já mais geral, destaca-se a procura, por parte de mais de 1/5 das empresas (21%) pela diversificação da oferta de produtos e serviços.
Recuperação e início da “nova normalidade”
36% das empresas inquiridas indica não conseguir estimar um prazo para recuperar o volume de negócios para os valores registados antes do período de pandemia, tendo em conta o momento de grande incerteza que ainda vivemos.
Numa perspetiva mais otimista, mais de 1/5 das empresas inquiridas (21%) estima poder recuperar ainda até ao final deste ano. Este número está, obviamente, muito dependente dos setores de atividade das PME – os que se destacam pelo lado positivo da recuperação são os serviços de estética/cabeleireiros, os transportes, os serviços de informática e ainda o setor do ensino.
Para este estudo a Sage Portugal, usou inquéritos por via eletrónica, tendo obtido 1.778 respostas. Quanto à dimensão das empresas, cerca de 86% das empresas respondentes é categorizada como Micro empresa (até 10 trabalhadores ou volume de negócios menor ou igual a 2 milhões de euros); 12% como Pequena empresa (até 50 trabalhadores ou volume de negócios menor ou igual a 10 milhões); cerca de 2% é categorizada como Média empresa (até 250 trabalhadores ou volume de negócios menor ou igual a 50 milhões) e menos de 1% como Grande empresa (250 ou mais trabalhadores ou volume de negócios acima dos 50 milhões).
Os setores de atividade mais representados neste estudo foram: o do comércio e oficinas automóveis (21%), serviços de contabilidade (11%) e alojamento e restauração (11%). A maior parte das empresas respondentes localiza-se na região de Lisboa e Vale do Tejo (32%), Centro (20%), Douro Litoral (20%) e Minho (11%).