20 perguntas que deve responder para perder o medo de empreender

Contar com a imagem de um famoso será o trampolim para o meu negócio? Onde posso conseguir assessoria e dinheiro para impulsionar a minha start-up? Para converter a sua ideia numa empresa rentável, responda a questões deste tipo e a outras mais estratégicas que lhe permitirão mover-se com agilidade no ecossistema empreendedor.

Dar um salto mortal não é fácil, mas, se contar com uma boa rede que amorteça a queda, poderá lançar-se no abismo com mais facilidade. Esta sensação de vertigem é semelhante à que sofrem muitos empreendedores, mas hoje esse salto para o vazio começa a parecer menos traumático.

Não foi só o ecossistema empreendedor português que mudou nos últimos cinco anos. Tome como exemplo o caso espanhol. Que o Google tenha escolhido Espanha para abrir o seu segundo Campus na Europa depois de Londres, que a Amazon tenha dois centros de desenvolvimento tecnológico neste país e que o South Summit, o evento que organiza a Spain Startup, se tenha tornado numa referência não é por acaso. Tão pouco é de admirar que sejam cada vez mais os fundos de venture capital internacionais a apostarem nas start-ups espanholas. No ano passado, o nipónico Rakuten liderou uma ronda de 105 milhões de euros na espanhola Cabify; o mesmo fez o Atomico, o fundo da Skype, quando acompanhou a Kibo Ventures na injeção de 38 milhões na Job&Talent, outra empresa com selo made in Spain, juntamente com a Hawkers, que também captou a atenção da O’Hara Financial, uma empresa venezuelana que, juntamente com outros investidores, protagonizou uma ronda de 50 milhões de euros, uma das maiores da Europa, em 2016.

Outro dos fatores que confirma o bom estado de saúde do ecossistema do país vizinho prende-se com as parcerias e fusões estabelecidas. A fusão da Wallapop com a Letgo – cujo capital procede do fundo sul-africano Naspers – é só um dos mais recentes; entre os mais famosos encontram-se La Nevera Roja, que acaba de ser adquirida pela Just Eat, e a compra da Privalia pela francesa vente-Privee.

Mas o sucesso continua a ser património de poucos. O último mapa do empreendedorismo apresentado pela South Summit (com base em dados de 1.534 start-ups, entre as quais 61% são espanholas, 20% da América Latina, 11% da Europa e as restantes de outros países) avança que 62% das start-ups e uma em cada quatro foi vendida; apesar disso, triplicou a quantidade de empresas que esperavam vender, em 2016, entre 150 mil e 500 mil euros sobre a faturação real do ano anterior. Está claro que a febre empreendedora vicia, mas não é o suficiente: só 5% dos empreendedores lançaram mais de cinco start-ups. Empreender com cabeça faz parte do jogo para participar no ecossistema, pelo que é importante que faça algumas perguntas antes de dar o salto, aconselha o site Expansión que partilhou as respostas. Ora veja.

  1. O que é empreender? É ter uma ideia que responda a uma necessidade existente no mercado e que seja suficientemente flexível para se adaptar às mudanças. Pressupõe ser rentável: “Há que centrar-se em ganhar dinheiro, não em levantar rondas”.
  2. Quando devo criar a minha empresa? É o empreendedor que escolhe o momento mais adequado, mas é o mercado e a situação do setor que determina o sucesso de um negócio. Pense menos nos concorrentes e mais na possibilidade de ganhar a sua quota de mercado com um valor acrescentado.
  3. Como se chama a sua empresa? Não queira ser o mais original. Job&Talent, Worktoday, Car2Go ou Destinia explicam numa palavra qual é o seu objetivo de negócio. Procure que seja uma marca global com a qual seja fácil tentar uma expansão e que não tenha um nome que resulte ofensivo noutros idiomas.
  4. Onde conseguir informação? Através das redes sociais, sem descartar a participação em fóruns de escolas de negócio. Isto dar-lhe-á a oportunidade de contactar com empreendedores que são uma referência no mercado. Mas tenha em conta que hoje existe muita informação, pelo que deve estabelecer um filtro para se assegurar de que encontra conteúdo de qualidade.
  5. Como ser uma empresa do mundo? Esqueça as fronteiras. Pense em grande desde o princípio. O seu produto ou serviço tem que ser procurado na sua cidade e na outra ponta do planeta, mas procure fazê-lo com cuidado. Antes, deve consolidar o seu negócio no seu mercado local. No início, escolha aqueles países que vão ser a ponta de lança da sua expansão e localize sócios nesses destinos que conheçam bem o mercado.
  6. Como movimentar-se no ecossistema empreendedor? São cada vez mais os atores que participam neste ecossistema. As administrações públicas, as escolas de negócios e as grandes empresas são só uma parte desta grande rede.
  7. Quem o pode ajudar? Mentores, business angels, aceleradoras e incubadoras são os canais mais adequados para o orientar na sua empresa. Procure profissionais de confiança que o ajudem a conhecer os meandros do sistema. Investidores e empreendedores defendem que deve existir solidariedade e se partilhem contactos, sempre e quando não afete a concorrência.
  8. Onde encontrar dinheiro? O venture capital é a principal fonte de financiamento. Mas, antes de se lançar de cabeça nos mais conhecidos, analise o seu portefólio de investimentos. Convencer o fundo de que a sua ideia é rentável, é fundamental.
  9. Quem é o melhor parceiro? Conhecimento e capacidade económica são os requisitos mínimos que tem que cumprir um bom parceiro. Não descuide a parte burocrática: um mau acordo pode ser o princípio da morte de um bom negócio.
  10. Como criar uma boa equipa? Observe profissionais que sejam os melhores, comunique-lhes os seus objetivos e assegure-se de que estão envolvidos com o negócio. Não se esqueça de que as pessoas trabalham por um salário, assim terá que satisfazer as suas expetativas salariais. Se, no princípio, não tiver os recursos necessários, pode pagar-lhes em ações e convertê-los em participantes da empresa.
  11. Como tornar a sua marca popular? Trabalhe os valores e a sua diferenciação da concorrência. Quando começar a ganhar dinheiro, poderá investi-lo em publicidade online e offline.
  12. Como tornar-se grande? Tornar a sua start-up num negócio rentável passa por chegar a um número maior de clientes, mas com a dimensão adequada de pessoal.
  13. Quais são os seus concorrentes? Lembre-se que se move num mercado global, assim a sua concorrência pode estar perto de si ou em qualquer outro país. Deve estar atento a qualquer novidade e tendência.
  14. O que pode aprender de Silicon Valley, Tel Aviv, Londres ou Berlim? São uma referência pela sua cultura empresarial e nelas são organizadas missões para que os empreendedores conheçam esses ecossistemas, mas não se deixe levar pela sua fama. Cada modelo tem os seus prós e os seus contras.
  15. Sabe lidar com os erros? Não pensar em grande é uma das principais falhas. Também o é confiar demasiado e perguntar pouco. Deve questionar tudo. Por último, não se esqueça de prestar muita atenção a como vai executar o seu projeto, para que se converta numa ideia rentável.
  16. Como ser ‘trending topic’? O fundador da SumaCRM assegura que mais de 50% dos seus clientes provêm do seu blogue. Outros recorrem ao Instagram: Siberia, um salão de manicura e pedicura recentemente criado, conta com mais de 20 mil seguidores, embora longe dos 135 mil da Au Revoir Cinderella. Ser trending topic implica uma dedicação às redes sociais que convém delegar em profissionais da área.
  17. Como atrair a atenção de um famoso? Muitos empreendedores associaram-se a uma figura pública para difundir os seus produtos através das redes. É mais uma estratégia de marketing. Estude e analise os interesses da figura pública com quem quer trabalhar, para lhe fazer uma oferta que não possa recusar. Lembre-se que, muitas vezes, é mais importante o reconhecimento do que o dinheiro.
  18. Como reinventar-se todos os dias? Inclua novidades nos seus produtos, pergunte aos seus clientes e recolha documentação constantemente sobre o funcionamento do ambiente em que se move.
  19. Como não morrer com o sucesso? A humildade é fundamental na hora de se lançar na aventura empreendedora, por isso não caia no erro de querer ir demasiado rápido. Além disso, convém que conte com um assessor fiscal que o ajude a manter-se “em pé”.
  20. Quando devo fechar a empresa? Ainda existe medo do fracasso e muitos não se atrevem a fechar a sua empresa quando esta deixa de crescer. Não caia nesse erro e evite que o seu negócio seja uma start-up zombie.
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