Entrevista/ “Vendemos mais de 80% da produção em menos de 3 meses”
O gin foi um produto que entrou no gosto dos portugueses e que tem vindo a ser alvo de grande imaginação. O gin Amicis nasceu do gosto de Paulo Pereira que nele destilou os aromas e sabores da região Centro de Portugal.
Amicis, que em latim significa amigo, é o nome do mais recente gin potuguês. Porém, este não é um produto totatalmente desconhecido para os portugueses. Em meados de 2016, na segunda temporada do programa de televisão Shark Tank, exibido na SIC, Paulo Pereira apresentou o seu projeto e conquistou o empresário Marco Galinha, acabando por ver a sua ideia concretizada.
Foram precisos dois anos e meio de trabalho e de experiências para que hoje exista o gin Amicis. Assim que chegou ao mercado, a adesão do consumidor foi imediata e, em três meses, Paulo Pereira tinha 80% de toda a produção vendida. Este mês chegará ao mercado o segundo lote do produto.
O Link To Leaders falou com Paulo Pereira, promotor do gin Amicis, cujo sabor captado em cada garrafa pretende trazer os aromas e sabores da região Centro de Portugal, entre os quais a flor da carqueja, o eucalipto ou o mel.
Como surgiu a ideia de criar o Gin Amicis?
Sendo formador de bar há vários anos, sempre tive o gosto pelas destilações e pelo que se poderia criar a partir da junção de vários ingredientes. Nos últimos anos, após ter adquirido um alambique de 3 litros, fui fazendo algumas experiências práticas, nas aulas de bar, com os meus alunos e fui buscar todas as memórias sensoriais da região centro, local onde nasci e passei a infância.
O que distingue o Gin Amicis dos outros?
O Amicis não é mais uma marca, mas sim um espírito que provoca sensações na memória sensorial das pessoas, pois é concebido a partir de botânicos encontrados espontaneamente na natureza, com um terroir marcante da região centro, dos quais destaco a noz, o mel, a flor de carqueja, a erva de Santa Maria e os citrinos dos laranjais de Coimbra.
Desde a ideia à criação do produto final, quanto tempo levou?
Foi um projeto que nasceu por acaso, como já referi. Nasceu de experiências e fui concebendo a receita sem pressas, procurando a melhor solução para retirar os óleos essenciais daquilo que a natureza nos oferece. Desde a primeira experiência até à última receita, foram dois anos e meio. Para além do desenvolvimento da receita, o próprio projeto sofreu muitas alterações, desde o início da colaboração com o Miguel Gonçalves, a partir do CEARTE, até ao momento em que obtive investimento no Shark Tank.
O Gin Amicis conquistou inicialmente três tubarões no programa Shark Tank, acabando depois por contar com o investimento do tubarão Marco Galinha. O que o levou a participar no Shark Tank? O investimento será aplicado em que áreas?
A participação no Shark Tank foi “acelerada” pela motivação de ver o meu produto sair finalmente da fase de projeto, pois os primeiros testes com clientes tinham sido muito positivos e estava, de facto, na hora de começar a comercializá-lo. Inicialmente, o meu projeto pessoal passava por criar um logo, uma destiladora de raiz e o investimento seria canalizado essencialmente para aí. Mas na modulação do projeto, o investidor Marco Galinha e o business angel Miguel Gonçalves (que de consultor, passou a sócio e a participar da gestão do Amicis) fizeram-me ver que o melhor seria começar com alguma cautela e investir principalmente numa campanha de marketing bastante eficaz para o lançamento, e na constituição de uma rede de distribuidores que cobrisse o território nacional. E é precisamente essa a fase em que estamos.
Que balanço faz do Programa de Aceleração Tourism Creative Factory, promovido pela Rede de Escolas do Turismo de Portugal, no qual participou?
Como formador, estou ligado à Escola de Hotelaria e Turismo de Lamego, tendo sido nessa escola que as primeiras experiências foram feitas. Por seu lado, o Miguel Gonçalves, com quem vinha a trabalhar, é o Coordenador do Programa de Aceleração, tendo-me convidado a participar no mesmo, para beneficiar da excelente rede de mentores que o mesmo tem e que poderiam abrir bastantes portas. Por exemplo, no Demo-Day do Tourism Creative Factory tive a oportunidade de mostrar o produto à secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, e ao presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo, que desde sempre têm apoiado o meu projeto, pelo que gostaria de expressar o meu agradecimento público a tudo o que a Rede de Escolas do Turismo de Portugal têm feito pelo mesmo.
Por último, a participação no Tourism Creative Factory valeu-me o convite para participar no Sunset Lounge do Web Summit, onde tive a oportunidade de dar a conhecer o Amicis a mais de 300 participantes, na sua grande maioria estrangeiros, que me deram um feedback ainda mais reforçado.
Quando chegaram as primeiras garrafas de Gin ao mercado? Quantas foram vendidas até agora?
Chegaram em dezembro de 2016, tendo sido vendida mais de 80% da produção em menos de 3 meses. Está, neste momento, a ser engarrafado o segundo lote de garrafas, que chegará ao mercado ainda no mês de março.
Onde podemos encontrar o Gin Amicis à venda?
O Gin Amicis já está em diversos estabelecimentos comerciais de Coimbra, Viseu, Braga, Figueira da Foz, Leiria e Lisboa, estando a conquistar novos clientes todos os dias.
Quais as maiores dificuldades que encontrou no mercado português?
A maior dificuldade foi o tempo entre as primeiras experiências e a concretização do sonho de ver a primeira garrafa a ser expedida e vendida, no dia 19 de dezembro. Como referi atrás, foram 2 anos e meio em que foi precisa muita força para não desistir. Mas essas dificuldades também me fizeram ver que, não obstante ter um bom produto, precisava das pessoas certas, para que o mesmo chegasse ainda com mais força ao mercado. E sabendo que muitos empreendedores preferem continuar a caminhada sozinhos, senti que precisava não só de investidores financeiros, como também de apoio à gestão, para que me pudesse focar naquelas que são as minhas maiores competências, ou seja, a destilação e a promoção comercial, com especialistas. Assim, o meu conselho para futuros empreendedores é que prefiram ser donos de 30% de 100 do que de 100% de 0.
O que é preciso fazer num mercado tão competitivo como o dos gins para sobressair?
Conquistar os parceiros certos para conseguir que o Amicis entre na casa dos consumidores (um mercado em cada vez maior expansão) e que, quando os clientes entrem em estabelecimentos comerciais (sejam de restauração, de diversão noturna ou hotéis), possam encontrar o mesmo à venda. Depois, vamos apostar num conceito de eventos de ativação da marca, o Amicis Experience, onde os clientes poderão degustar o Gin e poder colocar-me todas as questões que entendam sobre o mesmo, pois como Master Distiller, irei estar presente nos mesmos.








