Cinco start-ups que se destacaram entre as mais de 1200 no CES 2019

Leia sobre cinco das start-ups que mais surpreenderam os participantes do CES 2019.

O CES é um dos maiores palcos para os fabricantes de tecnologia apresentarem as suas últimas invenções. Apesar da atenção ser maioritariamente virada para grandes empresas como a Sony, LG, Google, Intel e Huawei, as melhores histórias e produtos inovadores apresentados na conferência são, por norma, trazidos pelas start-ups participantes. Foi no Eureka Park, em Las Vegas, Estados Unidos, que a cimeira tecnológica recebeu mais de 1200 projetos deste género com cofundadores oriundos de mais de 40 países. O Entrepreneur fez uma lista com cinco start-ups que se destacaram das centenas presentes no evento, sendo estas:

Timekettle

O Peixe Babel, personagem d “À Boleia Pela Galáxia” – obra de ficção científica de Douglas Adams -, inspirou Leal Tzen a criar a sua própria start-up. Esta figura literária, que se instalava no ouvido do seu anfitrião e tinha o poder de traduzir qualquer língua em tempo real, levou o empreendedor a criar os WT2, um par de auriculares que utiliza a inteligência artificial para ter o mesmo efeito que a personagem do livro.

Ao contrário dos competidores diretos, estes phones não precisam que os seus utilizadores descarreguem apps, falem para o microfone de um smartphone ou esperem pelo resultado da tradução. Em vez disso, basta dividir os dois auriculares pelas pessoas que pretendem comunicar. O dispositivo encarrega-se de traduzir em tempo real cada uma das línguas. Atualmente, o sistema consegue traduzir 36 idiomas (incluindo o português).

Mesmo com pouquíssimo investimento em publicidade, o Entrepreneur adianta que a equipa já conseguiu perto de 2.6 milhões de euros em vendas. O preço por dispositivo é cerca de 190 euros.

MATE

É provável que, se estiver à procura de um produto ou de uma solução que não exista no mercado, encontre mais pessoas a fazer a mesma pesquisa. Caso seja um empreendedor à procura de uma nova ideia de negócio é bastante provável que tenha acabado de se deparar com uma.

Foi esta a premissa que levou dois irmãos a criarem a MATE. Os cofundadores deste projeto estiveram dois anos à procura de uma bicicleta elétrica acessível em Copenhaga – uma cidade que tem mais bicicletas que pessoas. Não conseguindo encontrar nenhuma, aperceberam-se que existia um mercado por satisfazer.

A partir desta descoberta nasceu a MATE, uma start-up que já vendeu mais de oito mil bicicletas para 50 países à volta do globo. Parte do sucesso do projeto vem das campanhas levadas a cabo na plataforma de crowdfunding Indiegogo em 2016. Este canal foi especialmente importante para o projeto visto que, caso tivessem optado pelos veículos de negócio tradicionais, teriam de obedecer a normas que poderiam aniquilar a pequena empresa.

Desta forma, a MATE pode produzir só as bicicletas encomendadas – reduzindo o custo de produção ao evitar desperdícios –,  e anula o intermediário, como as superfícies de retalho , o que aumenta a margem de lucro.

A equipa dinamarquesa já conseguiu levantar 17.5 milhões de euros através da Indiegogo, um recorde para a plataforma de crowdfunding. A bicicleta mais barata da marca custa perto de 1.000 euros (já com portes incluídos).

Eargo

É difícil criar projetos na área de apoio à audição nos Estados Unidos. É uma indústria bastante institucional e regulada e só 16% das pessoas com problemas auditivos têm acesso a dispositivos que melhorem a sua surdez. É neste espaço que a Eargo quer entrar. Ao contrário dos aparelhos convencionais disponíveis no mercado norte-americano, que precisam de ser prescritos por um otorrino e custam entre 7.000 e 8.700 euros, esta start-up vende o seu produto diretamente aos consumidores a um preço que oscila entre os 1.700 e os 2.400 euros.

O objetivo dos fundadores Florent Michel, Raphael Michel e Daniel Shen passa não só por liberalizar o acesso a este tipo de dispositivos nos Estados Unidos, como também por diminuir o estigma que as pessoas têm na utilização deste tipo de aparelhos.

Pillo Health

A Pillo Health nasceu em 2015, mas a ideia começou dez anos mais cedo, quando o pai do fundador morreu de um problema cardíaco por não ter tomado os comprimidos que o médico lhe tinha prescrito. A tragédia assombrou Emanuele Musini, líder do projeto, com a pergunta: o que teria sido diferente caso houvesse alguém que monitorizasse o seu pai e o seu plano médico?

O fundador da Pillo Health resolveu criar este “alguém”. A invenção levada à CES por Musini é um assistente virtual que presta apoio médico, especialmente no que toca a tomar a medicação prevista. Ao contrário das assistentes humanas que não são acessíveis aos orçamentos de todas as famílias, o dispositivo desta start-up custa cerca de 435 euros e tem uma subscrição mensal de 34 euros.

Lembretes colocados com antecedência fazem com que o aparelho procure pessoas pela casa e as alerte sobre a sua medicação. A partir daqui os utilizadores podem pedir ao Pillo Health para lhes dar os medicamentos. Caso não os tome, o dispositivo alerta as pessoas próximas do utilizador (médico ou família) para que estas entrem em ação. Além disto, funciona também como uma espécie de “Alexa” da saúde: “Quantas calorias tem uma maçã?” é uma das possíveis perguntas respondidas pelo robot.

Intelino

Esta start-up foi oficialmente lançada no CES 2019. O seu primeiro produto é um pequeno kit inteligente com um comboio – que é descrito como sendo o primeiro do seu género – e que inclui o motor, carruagens, carril, carregador e, acima de tudo isto, ladrilhos coloridos que tornam este brinquedo único. Dependendo da sua cor, os ladrilhos dão instruções diferentes ao comboio.

Os verdes correspondem a velocidade (1 peça = devagar; 2 peças = velocidade média; 3 peças = rápido), os vermelhos a paragens (1 peça = paragem de 2 segundos), os azuis estão associados a direção e os amarelos ao descarregamento de uma das carruagens. Se isto não fosse divertimento suficiente, o fundador Armen Kroyan criou ainda a possibilidade de ligar o sistema a uma aplicação mobile, de forma a que o utilizador possa controlar o comboio através do seu smartphone.

A inspiração para o projeto veio das brincadeiras com os filhos à volta dos comboios. À medida que estes iam crescendo, a complexidade ia-os acompanhando. O objetivo deste projeto levar as crianças a utilizar a tecnologia mais ativamente, em vez de só consumirem conteúdo passivamente através de ecrãs. O Intelino pode ser uma nova forma de aprender e de despertar o interesse de mais crianças em STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática).

Segundo o website oficial do projeto, as vendas vão começar em março de 2019 e têm um preço inicial de cerca de 85 euros (para o kit inicial).