Start-ups do setor do turismo são as que mais depressa faturam em Espanha

A maioria das start-ups do setor do turismo no país vizinho caracterizam-se por um baixo investimento e rentabilidade a muito curto prazo, o que torna este setor promissor, segundo um estudo.

Segundo o recente relatório do Estado da Inovação Turística em Espanha 2017, elaborado pelo ESADE, em colaboração com a Deloitte, o Instituto Tecnológico Hoteleiro (ITH) e a Plataforma Tecnológica do Turismo Thinktur, a maioria dos start-ups do setor turístico caracteriza-se por um baixo investimento e rentabilidade a muito curto prazo.

As conclusões do relatório indicam que 63% dos projetos requereram entre 3 mil e 20 mil euros e só 8% mais de 100 mil euros. “Por isso, os empreendedores apoiam-se nos seus próprios recursos e prescindem, na sua maioria, dos business angels, do capital de risco, dos empréstimos participativos ou do crowdfunding”, como destacou Álvaro Carrillo de Albornoz, diretor geral do ITH.

Esta realidade explica porque é que o turismo é o setor em Espanha em que as start-ups geram receitas mais rapidamente após a sua entrada no mercado.

O relatório apresentado destaca ainda o curto espaço de tempo entre o nascimento de uma ideia empreendedora no turismo e a sua entrada no mercado: 74% dos inquiridos assinalaram que, em menos de um ano, já tinham começado a obter lucros e 12% entre um e dois anos.

Os principais fatores facilitadores na hora de empreender são o mentoring, a formação e a participação em seminários e congressos (em 70% dos casos). De seguida surgiram a capacidade de liderança e de trabalho em equipa (59%) e a facilidade de comunicação (42%).

O principal obstáculo assinalado continua a ser, para quase metade da amostra (46%), a ausência de apoios estatais, seguido pela falta de conhecimentos empresariais (27%) e pelo medo do fracasso (26%).

Os investimentos para inovar no turismo estão a crescer

Conforme destacou o professor Josep Francesc Valls, catedrático do Departamento da Direção de Marketing do ESADE-URL e autor do relatório, “trata-se de uma média normalizada em relação aos demais setores da economia espanhola”. O responsável acrescentou ainda que “aumentou a percentagem das empresas que investiram mais de 1% em inovação (de 14,6% para 25,1% entre 2012 e 2016), muitas das quais o fizeram pela primeira vez”.

O relatório sublinha também que, em menos de quatro anos, a percentagem das empresas turísticas que inovam e desejam acelerar o processo passou de 34% para 44%, enquanto a das que não inovam e não têm interesse em fazê-lo se reduziu de 35% para 27%.

A cocriação é o aspeto principal da inovação em 2017

Já a proposta de processos de cocriação com os clientes, o estabelecimento de vínculos através das redes sociais e o investimento na estrutura são as principais tendências no desenvolvimento da inovação nas empresas turísticas espanholas.

“O relatório destaca a cocriação – entendida como fazer participar o cliente no desenho do produto turístico e dos serviços – como o aspeto principal da inovação em 2017. Em segundo lugar, destacam-se as redes sociais, utilizadas para estabelecer relações duradouras com os turistas antes, durante e depois da viagem. E, por último, o investimento em estrutura, isto é, o alinhamento do talento com os ativos para se focar no cliente”, destacou o professor Valls.

Os clientes e os colaboradores são as principais fontes de inovação

Segundo dados do relatório, os clientes e os colaboradores são as principais fontes de inovação para as empresas turísticas (3,9 e 3,8 em 5, respetivamente), perante os fornecedores, os distribuidores, o canal e os concorrentes (entre 3,7 e 3,4). A distância em relação aos criadores de tendências, às start-ups, às administrações públicas e às universidades aumentou (todas abaixo de 3,2).

Por outro lado, as empresas inquiridas asseguram que a inovação tem como objetivo melhorar a tecnologia que oferecem aos seus clientes (4,2 em 5), aumentar o número de clientes (4,1 em 5) e melhorar a imagem (4,1). Menos relevante é a inovação para a melhoria da sustentabilidade (3,3), o aumento dos preços ou a redução dos custos (3,7).

Consulte relatório completo do Estado da Inovação Turística em Espanha 2017.

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