Setor energético investiu quase 6 mil milhões de euros em start-ups tecnológicas em dois anos, diz estudo

O número dos investimentos das 33 maiores empresas do setor energético tem crescido a uma taxa anual de 17% desde 2008. A conclusão é de um relatório da NTT DATA que analisou o investimento dos fundos de capital de risco em start-ups de tecnologia no setor energético.
O setor de energia investiu um total de 5,98 mil milhões de euros em start-ups de tecnologia no triénio 2018-2020, segundo o Energy Trends Report, da NTT DATA, que analisou o investimento dos fundos de capital de risco no setor energético.
No relatório, a consultora global de negócios e tecnologia avança que o número dos investimentos das 33 maiores empresas do setor energético tem crescido a uma taxa anual de 17% desde 2008. Contudo, a pandemia provocou uma queda significativa no número de negócios e investimentos. Estes negócios, que a indústria estima que poderiam ter atingido os 132 investimentos, caíram para 46 em 2020, num total de cerca de 6 mil milhões de euros.
O montante médio dos cinco maiores novos investimentos registados no período em análise foi de 200 milhões de dólares (197 milhões de euros), avança o relatório.
Como novidade, o relatório da NTT DATA deteta uma mudança substancial em relação à liderança das companhias de eletricidade sobre as companhias petrolíferas. Esta é uma tendência que se inverteu nos últimos três anos, tendo as últimas assumido a liderança, ao participarem em mais 20% dos investimentos.
“O Energy Trends Report demonstra que o setor energético está muito empenhado em inovar para melhorar a vida dos cidadãos de todo o mundo, o que se traduz no surgimento de novas fontes de energia e tecnologias, que contribuirão para um planeta mais verde e mais qualidade de vida das populações”, afirma Luís Vaz de Carvalho, Associate Partner & Head of Utilities NTT DATA Portugal.
Os principais hubs de investimento, tendo por base as sedes das start-ups que receberam investimento, encontram-se nos Estados Unidos e na Europa, com a Califórnia e a Alemanha a destacarem-se. Os EUA são responsáveis por quase 50% de todos os casos de investimento, enquanto o Velho Continente é responsável por cerca de 40%. No entanto, estes locais de investimento estão a criar espaço para os mercados emergentes, em particular o Médio Oriente (realizou 8% do total dos investimentos efetuados), indica o estudo.
Ainda de acordo com o relatório, o ambiente do mercado global, impulsionado por fatores sociais predominantes, provocou o aparecimento de alternativas aos modelos mais tradicionais de produção de energia, tais como o gás e o petróleo. Estas alternativas incluem os combustíveis sintéticos e o armazenamento de energia alimentado pelas energias renováveis e a digitalização em constante crescimento, bem como o hidrogénio.
O estudo mostra ainda que, na Europa e noutras economias avançadas, o transporte terrestre ligeiro está a deslocar-se para veículos elétricos; no resto dos modos de transporte (terrestre pesado, marítimo ou aéreo) e noutras geografias, a descarbonização exigirá soluções como o e-Fuels.
Por outro lado, o aumento da produção de energia renovável juntamente com a digitalização do sistema de energia está a acelerar a implementação do armazenamento, particularmente em países como a Índia, Itália, Austrália, EUA, Chile, Alemanha, Japão e Reino Unido, avança o estudo.
O investimento direto em energias renováveis através dos fundos Next Generation, ou o empenho dos Estados Unidos e da Ásia em modelos de produção, armazenamento e mobilidade mais limpos, levam-nos a prever um crescimento exponencial da inovação no setor nos próximos anos, aplicando modelos disruptivos que aumentam o valor do sector energético e as suas possíveis aplicações, afirma a NTT DATA em comunicado.
Este crescimento será também impulsionado pela consolidação de novos modelos de colaboração entre empresas e start-ups, modelos que são altamente atrativos para ambas as partes, oferecendo menor risco e maior independência para as start-ups sem limitar o seu crescimento ou agilidade, acrescenta a empresa.
O estudo compreendeu a análise dos investimentos das 33 maiores empresas do setor energético por volume de negócios, de 2018 a 2020 (período em que foram realizados 317 investimentos em 258 start-ups).