Entrevista/ “Setor da venda direta é uma alternativa válida ao comércio tradicional”

Gertrudes Soares, presidente do IPVD

Gertrudes Soares, presidente do Instituto Português de Venda Direta, aponta a flexibilidade de horários, a possibilidade de ser patrão de si próprio e o facto de ser uma atividade independente com baixo investimento como os maiores atrativos do setor da venda direta.

Quem não se lembra das reuniões Tupperware nos anos 70 e 80? Assentes no mesmo modelo estão marcas de cosmética como a Oriflame ou a Avon, de dietética como a Herbalife, ou de artigos para o lar como a Amway. Sem lojas físicas, estas marcas recrutam vendedoras, colaboradoras, promotoras…, conforme a filosofia de cada uma, para trabalharem a tempo inteiro ou part-time.

Com um aumento nas vendas de 4,5% em 2015, face ao período homólogo anterior, o setor de venda direta assume-se “como uma boa alternativa ao emprego tradicional e às opções de carreira profissional existentes no mercado”, sublinha Gertrudes Soares, presidente da associação que, ao longo de 15 anos, tem vindo a reforçar o seu papel, enquanto motor de desenvolvimento, inovação e empreendedorismo em Portugal.

Que balanço faz dos 15 anos do Instituto Português de Venda Direta (IPVD)?
Ao longo destes 15 anos, observámos uma evolução muito positiva na notoriedade e reconhecimento do setor da venda direta, como uma alternativa válida ao comércio tradicional. O público tem vindo a adquirir mais conhecimento sobre este setor e sobre as suas vantagens económicas e sociais, o que levou a uma maior aceitação e adesão a esta atividade.

Qual o papel do IPVD?
O IPVD tem como principais objetivos: unir as empresas de venda direta a operar em Portugal, defender os interesses do setor e assegurar o cumprimento das normas e boas práticas da venda direta e a proteção do consumidor, por parte das empresas do setor.

O que tem feito o IPVD para que as empresas de venda direta ganhem credibilidade e confiança junto dos portugueses?
O IPVD tem fomentado a divulgação de informação sobre a atividade de venda direta em Portugal e as suas vantagens, nomeadamente junto dos jovens estudantes, com o intuito de promover esta atividade, como uma boa alternativa ao emprego tradicional e às opções de carreira profissional existentes no mercado. Por outro lado, disponibilizamos um serviço de mediação de conflitos comerciais e de consumo entre as empresas-membros do IPVD e os seus agentes de venda direta e consumidores, garantindo assim a proteção do consumidor e uma maior transparência nas transações comerciais. Este serviço de mediação é assegurado pelo nosso Provedor do Cliente, entidade que se encontra registada no Instituto do Consumidor.

O que tem contribuído para o aumento dos agentes de venda direta em Portugal?
Um maior conhecimento do setor da venda direta e das suas vantagens, conjugado com as dificuldades económicas de grande parte da população portuguesa, tem levado a um número cada vez maior de pessoas que decide aderir a esta atividade.

O que mais alicia os agentes de venda direta?
A atividade de venda direta tem características muito atrativas, nomeadamente a sua flexibilidade de horários, ser patrão de si próprio, ser uma atividade independente com baixo investimento e oferecer a oportunidade de desenvolver uma carreira profissional.

Como caracteriza o modelo de negócio em que assenta a venda direta? E os profissionais de venda direta?
O modelo de negócio caracteriza-se pela comercialização de bens e serviços diretamente ao consumidor, ou seja, os agentes de venda direta vendem os bens e serviços das empresas que representam diretamente ao consumidor, através de demonstrações na residência do consumidor, ou noutros locais que não sejam pontos fixos de venda. Os profissionais de venda direta são pessoas com espírito empreendedor, que procuram uma atividade comercial independente e flexível.

O mercado da venda direta é encarado mais como complemento de ordenado ou uma alternativa à sua carreira atual?
A atividade de venda direta pode proporcionar um rendimento extra a pessoas com outras ocupações profissionais, e pode ser desenvolvida a tempo parcial ou a tempo inteiro, permitindo assim também desenvolver uma carreira profissional.

Considera que os investimentos no negócio da venda direta continuam a ser reduzidos, face a qualquer outra alternativa de negócio?
Sem dúvida, o investimento neste setor de atividade é, por norma, muito reduzido, exatamente para facilitar a adesão de pessoas interessadas numa atividade comercial independente.

De que forma é hoje a venda direta encarada como uma ferramenta de empreendedorismo?
A venda direta é uma forma de empreendedorismo única, devido, essencialmente, à grande vantagem do seu baixo investimento.

Quais os maiores desafios para quem abraça este trabalho?
A organização e planeamento da atividade são alguns dos principais desafios que os agentes de venda direta enfrentam, assim como a própria gestão financeira do negócio.

Os agentes de venda direta apostam cada vez mais em formação?
Sim, a formação é um dos principais pilares da venda direta. É algo em que as próprias empresas investem bastante, pois o serviço personalizado oferecido ao consumidor requer um bom conhecimento das características e propriedades dos produtos e serviços comercializados pelos agentes de venda direta.

Quais as maiores inovações tecnológicas que têm sido implementadas pelas empresas de venda direta?
As empresas de venda direta utilizam os novos recursos tecnológicos, para oferecer plataformas de vendas, de formação e promoção às suas redes de distribuição e aos consumidores, à semelhança doutras empresas de comércio tradicional.

De que forma o IPVD tem promovido o empreendedorismo?
Através das suas empresas-membros, o IPVD leva a cabo ações frequentes de promoção do empreendedorismo, tais como iniciativas junto do público feminino e dos jovens, nomeadamente o concurso “IPVD Jovens Talentos”, que envolveu os alunos do ensino secundário a nível nacional.

Passados mais de 50 anos e depois de muitas marcas terem vindo para Portugal com o mesmo modelo de negócio, considera que a Tupperware continua a reivindicar o estatuto de pioneira?
Sim, a Tupperware foi pioneira em Portugal. No entanto, a Avon foi pioneira a nível mundial, contando já com mais de 130 anos de existência.

Um caso de sucesso neste mercado…
Só dispomos da informação sobre o volume de negócios global das empresas de venda direta em Portugal. A permanência no mercado será, provavelmente, o melhor indicador de sucesso duma empresa, pois exige inovação e adaptação constante às necessidades dos consumidores e tendências de mercado. Assim sendo, a Tupperware seria uma das empresas de maior sucesso em Portugal.

Respostas rápidas:
O maior risco: Má gestão financeira.
O maior erro: Não investir num apoio personalizado, de elevada qualidade, ao cliente.
A maior lição que o IPVD pode ensinar: Respeitar sempre o cliente e servi-lo da melhor forma possível.
A maior conquista do IPVD: Contar com o alinhamento e união das maiores empresas de venda direta em Portugal, que desenvolvem as suas atividades de acordo com os mais elevados padrões de conduta do setor.

 

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