Opinião

Sair do país à procura de inovação, talento e oportunidades de negócio

Pedro Magalhães, diretor de Comércio Internacional da CCIP*

No ano passado observou-se uma desaceleração das exportações portuguesas, depois do feito notável de terem atingido os 50% no valor do PIB nacional. Apesar deste abrandamento, os dados não devem, para já, alarmar-nos.

Existem muitos fatores a nível internacional que influenciam a nossa economia e cujos efeitos são inevitáveis. Contudo, devemos analisar os números e redobrar esforços para elevar o nível das nossas exportações. Porque não há dúvidas de que esta deve ser uma das pedras basilares da nossa economia.

Depois de todos os constrangimentos que temos enfrentado e continuamos a enfrentar nos tempos mais recentes – da pandemia, à guerra na Ucrânia, passando pelas tensões no Médio Oriente – é imperativo que adotemos uma perspetiva diferente sobre o nosso desenvolvimento económico e capacitemos as nossas empresas. A internacionalização é, sem dúvida, um campo onde a margem de crescimento é imensurável, mesmo com toda a incerteza política, social e económica que impera a nível global.

Para uma estratégia de internacionalização bem-sucedida, consolidando uma visão a longo prazo em busca das melhores oportunidades, a diversificação dos mercados é crucial no contexto atual. Não apenas para encontrar novos mercados com quem nos possamos relacionar comercialmente, mas também na procura de conhecimento, inovação, talento e para fomentar a competitividade.

Nada disto será alcançado se as empresas não se deslocarem fisicamente aos mercados pré-identificados nas suas estratégias de internacionalização. O estabelecimento de novas relações acontece de forma profícua e duradoura estando no terreno presencialmente, apesar de novos paradigmas que a pandemia possa ter criado. Não só, como já foi dito, para estabelecer relações comerciais vantajosas do ponto vista económico, mas também para a captação de inovação e talento. Estamos, hoje, envolvidos numa competição global pelo talento e, se nos mantivermos encerrados nas nossas fronteiras, rapidamente ficaremos para trás nesta corrida.

Ainda há uma lacuna na nossa economia que subsiste e que se manterá sem uma expansão internacional consistente e corajosa: a construção de marcas globais. O investimento estratégico na criação de marcas sólidas e reconhecidas terá de ser feito em paralelo com o crescimento internacional das nossas empresas. Grande parte do sucesso económico futuro de Portugal dependerá da consolidação de nossas marcas em todo o mundo.

Naturalmente, toda esta ambição é complexa e exige esforços que talvez não estejam ao alcance da maioria das empresas portuguesas. Neste sentido, o estabelecimento de parcerias que as apoiem é uma solução inevitável. Entidades como a Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa (CCIP) têm a internacionalização como bandeira com programas como o plano de missões internacionais que a CCIP executa todos os anos e que resultou, nos últimos dez anos, em 150 missões empresariais com 815 empresas. Para além disso, a CCIP, considerando a necessidade da formação, também a este propósito, gizou um programa em parceria com a Universidade Católica – intitulado “Da Exportação à Internacionalização” – destinado precisamente a ajudar os empresários e gestores neste processo fundamental.

Estes são apenas alguns exemplos que podem ser aproveitados pelas empresas para que olhem para o mundo, para que o estudem e para que viajem em busca de inovação, talento e novas relações comerciais que, estamos certos, impulsionarão de forma definitiva o seu próprio crescimento e o desenvolvimento da economia portuguesa.

*Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa

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