Precauções de segurança num ambiente volátil

Este ano, já falámos várias vezes do aumento da volatilidade e alertámos para os movimentos bruscos no mercado, que trazem surpresas não só para os investidores privados, mas também para os participantes profissionais. Estes últimos incluem estrategas, que devem compreender a situação geral dos mercados bolsistas e fazer previsões dos seus movimentos.

Sejamos honestos: os estrategas de ações têm muito trabalho a fazer em 2025, pois têm de reagir a eventos significativos e rever os fundamentos do mercado. A este respeito, muitos dos principais bancos de investimento já alteraram os seus objetivos para o final do ano mais de duas vezes. Por exemplo, o Citi previu inicialmente que o S&P 500 atingiria 6500 pontos, mas depois de avaliar os riscos comerciais e os fracos dados económicos em março, reviu o objetivo para 5800.

No início de junho, os mesmos analistas do Citi, com base no desenvolvimento ativo das tendências de IA, nas previsões de crescimento dos lucros e nos programas de recompra em grande escala implementados por algumas empresas, voltaram a aumentar o objetivo para o índice geral de mercado para 6300. A Goldman Sachs, Barclays, Morgan Stanley e outros também se adaptaram rapidamente às mudanças no ambiente do mercado bolsista. No entanto, a rápida alteração dos níveis-alvo põe em causa o próprio significado da atividade dos estrategas, uma vez que, na situação atual, esta se limita a reagir ao que está a acontecer, em vez de analisar acontecimentos passados e futuros.

Os estrategas dos principais bancos previram, inicialmente, mais danos decorrentes da política tarifária da Casa Branca, partindo do princípio de que esta exerceria uma forte pressão sobre as margens e as taxas de crescimento das receitas e levaria a estimativas de múltiplos mais baixas.

No entanto, após certas concessões de Donald Trump aos parceiros comerciais dos EUA, o mercado recuperou as perdas rapidamente e os bancos de investimento reviram os níveis-alvo para o S&P 500. Os estrategas da Freedom Broker não tiveram pressa em alterar os seus objetivos, pois perceberam que o presidente americano, apesar do seu compromisso com o protecionismo no comércio externo, não pretende provocar uma recessão na economia.

É claro que devemos levar em consideração a constante mudança da situação mundial, mas preferimos fazê-lo lentamente, tendo em conta todas as circunstâncias, incluindo aquelas que tendem a sobrepor-se umas às outras, reforçando ou anulando a sua influência. Se considerarmos cada evento separadamente e atualizarmos constantemente os níveis-alvo, criamos ruído de informação que muitas vezes nos impede de avaliar estrategicamente o que está a acontecer.

Depois de Israel ter lançado um ataque massivo contra as instalações nucleares do Irão a 13 de junho, os mercados reagiram rapidamente. Os principais índices de ações caíram mais de 1% no mesmo dia, enquanto o “índice de medo” VIX subiu quase 17%. O preço do petróleo registou um aumento de 7-11%, situando-se entre os 74-78 dólares por barril. No entanto, como sempre, é muito importante que os investidores privados mantenham a calma e atuem em conformidade:

• Evitar o pânico e reagir à situação com calma. Deve também recomprar as perdas quando ocorrerem retrocessos;
• Manter ativos de proteção na sua carteira (incluindo ações do setor da energia e matérias-primas, ouro e obrigações);
• Monitorizar uma série de fatores-chave, como notícias sobre IA, recompras, finanças, estatísticas de emprego e inflação;
• Criar uma estratégia com dois cenários em mente: quando as tensões internacionais se intensificam, o S&P 500 corrige para 5800 pontos; quando estabiliza, move-se para o nosso objetivo de 6300. Com o índice de referência ligeiramente acima de 6000 pontos, este preço-alvo parece razoável.

Esta não é uma instrução perfeita, mas fornece uma compreensão fundamental de como operar na maioria das situações no mercado atual, quando os inputs mudam frequentemente.