Portugueses não conseguem poupar. 61% amealha menos de 10% do salário.
38% dos portugueses não chega a amealhar 5% do salário e só cerca de 20% admite poupar entre 10% a 20%.
Segundo o estudo “Consumer Sentiment Survey 2024”, realizado pela Boston Consulting Group (BCG), os portugueses continuam a ter muitas dificuldades em conseguir poupar algum dinheiro do total do salário que recebem mensalmente, apesar de, ainda assim, os valores estarem melhores que os registados no ano passado. A pesquisa constata que 61% dos portugueses junta menos de 10% do salário líquido, e que 38% nem sequer consegue chegar aos 5% de poupança.
Além disso, cerca de 20% admite poupar entre 10% a 20% do seu salário líquido, um aumento de 4% face ano passado, 9% reserva 20% a 30%. À semelhança do ano passado, apenas 5% consegue economizar mais de 40% do que aufere.
O destino que os portugueses dão às suas poupanças também diverge. O “Consumer Sentiment Survey 2024” revela que, quando conseguem poupar algum dinheiro, 63% dos portugueses destinam essa fração dos rendimentos para responder a potenciais imprevistos, 39% para acumular para a reforma, e 33% para viajar, sendo que nestas duas últimas categorias verificou-se uma subida de 3% face a 2023.
Comprar casa é também uma prioridade para aplicação da poupança para 22% dos inquiridos, seguida de comprar um carro (13%) e gastos noutros bens de consumo (10%).
Realizado, entre 6 a 20 de agosto de 2024, com base num inquérito a 1.000 portugueses em Portugal continental, o estudo da BCG mostra que no que respeita aos hábitos de consumo, hoje 58% dos portugueses revelam ter sentido um aumento nos gastos com alimentação, 36% com farmácia e saúde, 35% com o veículo pessoal 34% com a renda da habitação, e 36% com restauração. O aumento de gastos com farmácia e saúde foi principalmente sentido pela população sénior (57%), enquanto os mais jovens e adultos foram os que mais sentiram um aumento da fatura com renda de casa (37%).
O acréscimo das despesas em necessidades básicas levou à queda de gastos noutras categorias, como por exemplo no entretenimento fora de casa (-34%), roupa e acessórios (-34%), viagens e férias (-31%), perfumaria e maquilhagem (-22%), e bebidas alcoólicas (- 21%).
Em termos de investimento, constata-se que os homens investem mais em Ações e Obrigações do que as mulheres, ao mesmo tempo que fica patente que portugueses continuam a ter um perfil de investimento bastante conservador, preferindo alocar as poupanças em produtos de baixo risco.
Os jovens adultos recorrem sobretudo a Depósitos à Ordem (38%) e Depósitos a Prazo (36%). Já para os portugueses de meia idade, os Depósitos à Ordem e a Prazo continuam a representar a maior fatia, com 36% e 37%, respetivamente.
Perante este retrato das poupanças dos portugueses, o Managing Director e Partner na BCG Lisboa, sugere que “as empresas devem tentar diferenciar a oferta, otimizando a sua estratégia de preços e descontos e melhorando o seu modus operandi na promoção e distribuição de produtos, bem como os canais físicos e digitais onde estão presentes, de modo a serem mais atrativas para os consumidores. Paralelamente, urge apostar em literacia financeira a nível nacional como um instrumento para termos cidadãos mais bem informados e capacitados”.








