Opinião

O que aprendi como líder em 2023

Ana Barros, CEO da Martech Digital

Todos os dias são uma aprendizagem para quem lidera pessoas. Mais difícil que uma dezena de folhas de Excel e até que o próprio negócio, é conseguirmos ter a capacidade de chegar a quem nos acompanha. Esta é a minha retrospetiva do que significou liderar em 2023.

O caminho enquanto líder depende muito da nossa habilidade de aprender, de nos convidarmos a sair da zona de conforto e de nos renovarmos constantemente. Num ambiente de negócios tão dinâmico e competitivo e que depende tanto de outros, a capacidade de adaptação e a sede de conhecimento são cruciais. Questionar-me e procurar formas de crescer pessoalmente tem sido um lema essencial. Até porque apenas ao saber olhar para dentro, vou conseguir trazer para fora e para os outros. Exemplo disso, foi o retiro que fiz à Índia este mês de dezembro, onde tive a oportunidade de viver o aqui e o agora, fechando assim com chave de ouro 2023 para então abraçar com a consciência do meu EU o ano de 2024 que se avizinha. É essencial para um líder ter tempo para si, permitir-se explorar outras culturas, para então regressar inspirado para a sua equipa.

Uma das minhas grandes lições este ano foi reconhecer a importância de escutar e observar de forma mais ativa – algo que se revelou transformador, confesso. A analogia de termos dois olhos, dois ouvidos, mas apenas uma boca, destaca a importância de ouvir mais, observar mais do que falar. Nesta viagem que fiz à Índia, por exemplo, cuja cultura oriental é tão diferente da nossa cultura ocidental, foi fundamental colocar em prática a escuta e a observação ativa. Digamos que treinei esta soft skill que deve andar sempre de mãos dadas com um líder. Adicionalmente, desenvolver a minha inteligência emocional, com ênfase na empatia e compaixão, tem sido uma peça-chave na tentativa de criar uma cultura organizacional saudável e implementar um ambiente de comunicação aberta e recetiva.

O âmago da liderança também está na gestão próxima. Como CEO de uma pequena empresa, a proximidade é algo que tento trabalhar continuamente no meu dia a dia. E conforme uma empresa cresce, a tendência é o líder ir perdendo esta proximidade, pelo que há que treinar esta prática e sempre colocar-nos no lugar do outro.

Liderar não é apenas sobre direcionar, partilhar conhecimento ou inspirar, mas também sobre conectar. Estabelecer pontes entre departamentos, equipas e até mesmo com parceiros externos, é fundamental para promover uma colaboração eficaz e uma cultura organizacional comum a todos. A criação de uma rede sólida de conexões deve contribuir para o crescimento sustentável do negócio e das pessoas, tendo sempre como base o respeito pelo outro.

Mais, o sucesso de uma equipa está ligado à presença das pessoas certas nos cargos certos. Identificar talentos, desenvolver habilidades e garantir que cada membro da equipa esteja feliz a desempenhar um papel que otimize as suas competências, foi uma grande aprendizagem de 2023 e que levo para 2024.

Para quem não tem mãos a medir, a gestão eficiente do tempo e a organização tornam-se habilidades cruciais. É muito importante saber definir prioridades e urgências, manter o foco nos objetivos estratégicos e delegar tarefas de forma inteligente. Estas práticas têm-me permitido um maior work-life balance e uma maior consciência para a proteção da minha saúde mental. Se é sempre possível? Claro que não! Há momentos mais desafiantes.

À semelhança das tendências de Marketing de 2024 em que o propósito, valores e cultura de uma marca são os três pilares orientadores de qualquer estratégica de marketing e alinhamento da comunicação para o mercado, com a liderança não é diferente! É claro para todos que perante as adversidades externas, os novos modelos de trabalho e as novas gerações, a liderança em 2023 não exigiu apenas habilidades técnicas, mas também um profundo entendimento das nuances humanas e autoconhecimento.

O ambiente de negócios vai ser sempre dinâmico, por isso o melhor é ter a “mente arrumada” para conseguir gerir as contrariedades externas. As aprendizagens devem ser contínuas e com o compromisso de fazermos sempre mais e melhor, onde o auto-conhecimento, a empatia e comunicação clara e direta são fundamentais para construir um ambiente de crescimento constante. Que 2024 seja repleto de desafios e mudanças de perspetiva, pois só assim estaremos abertos para as mudanças.


Licenciada em Informática de Gestão, com formação executiva em Liderança pela Universidade Católica e Mestranda em Gestão de Marketing no IPAM, Ana Barros acumula 17 anos de experiência no setor das Tecnologias de Informação. Com experiência nas melhores práticas de Marketing, Comunicação e Vendas direcionadas para o mercado B2B em Portugal e no Brasil, é fundadora de agências de Marketing para o setor das TI, docente universitária e oradora em eventos relacionadas com o Marketing e Vendas para B2B.

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