Opinião

O imobiliário é definitivamente e só para empreendedores

Massimo Forte, Real Estate Influencer

O mercado imobiliário é um mercado onde o bem transacionado, o bem imóvel, se caracteriza por ser uma necessidade primária para quem os utiliza, sejam estes utilizadores pessoas para morar, ou empresas que, na sua maioria, têm de ter um espaço para exercer a sua atividade.

Mas o mercado imobiliário é também caracterizado por ser um mercado imperfeito e é por isso que me atrevo a dizer que o imobiliário é, por definição, uma atividade de empreendedores.

É um mercado feito de pessoas que empreendem, arriscam, inovam, lutam, vão à falência e levantam-se, são bem-sucedidas e ganham muita experiência durante toda a sua vida profissional a qual, como qualquer empreendedor sabe, impacta de forma natural a sua vida profissional e pessoal.

Começamos pelo princípio fundamental até que mais evoluções surjam, a terra.

Os imóveis implantam-se na terra, no terreno, no território, possivelmente gerido pelo estado através de políticas dos solos, mas o seu desenvolvimento, cabe na maior parte dos casos, à iniciativa privada que nele investe para construir e desenvolver projetos imobiliários que servem os seus objetivos, mas claro, só serão relevantes se servirem também a sociedade, a verdade é que o imobiliário sempre foi pensado e construído para servir as pessoas.

Na fase inicial encontramos o urbanizador, é quem tem o papel de estudar o terreno e definir o que se pode e vai construir ali, trabalhando diretamente com o estado (autarquias) para desenvolver projetos necessários e relevantes.

Esta figura empreendedora precisa de perceber o mercado da zona e para isso consulta os promotores, figura que desenvolve o projeto de oferta para construção para o terreno a urbanizar ou já urbanizado.

O Promotor é talvez o empreendedor com mais risco neste mercado, a sua tarefa é árdua, delicada e arriscada por ser incerta e lenta, afinal de contas, o estado que deveria ser um parceiro, não tem sido capaz de ajudar a dar resposta às necessidades cada vez mais voláteis, e por isso acontecem sempre duas coisas, ou o promotor é bem-sucedido e ganha muito dinheiro, ou não, e pode falir. Assustadoramente simples.

O promotor por sua vez precisa de outros players deste mercado para apoiar no desenvolvimento da sua ideia:

Consultor Imobiliário. Uma figura externa ao projeto pouco usual em Portugal, serve para ajudar a analisar sem barreiras ou preconceitos a viabilidade da ideia ao nível da procura e ao nível do projeto de investimento. Os projetistas, os arquitetos e mesmo os engenheiros são depois peças fundamentais para colocarem a ideia no papel de acordo com os pressupostos do projeto dentro da legalidade, uso pretendido e principalmente, dentro da viabilidade.

Por fim a figura do construtor, que hoje se divide em diversas especialidades para dar resposta ao tema da sustentabilidade que hoje está ou deveria estar na ordem do dia como fator critico de sucesso para o futuro energético das pessoas e do planeta.

Nesta fase o projeto arranca e está a ser realizado dentro dos prazos definidos, para que se atinja a concretização plena operacional e financeira, aqui, e mesmo muito antes do arranque em cada vez mais situações devido à falta de oferta, é necessário que chegue às pessoas, aos reais clientes do projeto e utilizadores, targets estes que foram pensados desde a primeira hora.

É aqui que surge a mediação imobiliária, com Agentes de Mediação Profissional capazes de ligar pessoas a imóveis promovendo produto em bases de dados próprias, canais de vendas e meios digitais e não digitais com o objetivo captar leads qualificadas para uma potencial transação.

Importa dizer que estes profissionais que lidam todos os dias com pessoas e com necessidades reais de mercado, são os últimos a serem consultados, quando na minha opinião, deveriam ser ouvidos desde o início, em conjunto com todos os players envolvidos com contacto direto com o mercado, oferta e procura.

Quando o imóvel começa a ser utilizado, aparece o papel do gestor imobiliário, que  é cada vez mais importante e na maior parte das vezes, também este se assume como empreendedor. O Gestor tem o grande objetivo de manter o imóvel funcional e bem tratado, hoje em dia as empresas de administração de condomínio deveriam ser cada vez mais gestoras de imóveis.

Uma última palavra para os avaliadores, outros técnicos igualmente envolvidos no projeto na definição do preços seja a montante como a jusante, bem como para as instituições financeiras que fornecem o capital para a realização de toda esta empreitada.

Empreender no imobiliário é mais fácil num mercado em alta, nos últimos 10 anos alguns têm tendência a pensar que o mercado é linear e o ganho está sempre garantido, mas será mais aconselhável focar no risco que corre, se apenas pensar assim.

Um verdadeiro empreendedor arrisca projetando e medindo todos os riscos possíveis antes de arriscar.

Termino este artigo com uma frase do Gonçalo Nascimento Rodrigues:

“Tu não experimentas o mercado imobiliário, é o mercado imobiliário que te experimenta a ti”.   

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Massimo Forte

Massimo Forte

A viver em Lisboa e a trabalhar em Portugal, Espanha e Itália, Massimo Forte é um italiano de Milão apaixonado pela área do imobiliário, um negócio que considera ser de pessoas para pessoas. Licenciado em Gestão Imobiliária e pós-graduado em Branding e Gestão de Imagem, procurou expandir o seu conhecimento sobre pessoas e tornou-se Practitioner em PNL. Em mais de 25 anos de experiência passou pelas maiores empresas de mediação imobiliária em Portugal e por todas as fases do negócio... Ler Mais..

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