Opinião
Marketing Back To Basics

Existem tantas definições de Marketing quanto Marketers, ou seja, cada um tem a sua definição. O mesmo acontece com outros termos que representam tópicos interdisciplinares, como é o caso da Estratégia
No entanto, nos últimos anos, o conceito de Marketing diluiu-se na sua compreensão e concentrou-se maioritariamente num dos seus canais de comunicação, o Marketing Digital.
Marketing é o desenvolvimento da preferência do consumidor de forma rentável.
Esta é a definição que normalmente uso em ambiente educativo. É fácil de lembrar, suficientemente abrangente e foca-se no essencial. E o essencial é o consumidor, o desenvolvimento da sua preferência e fazê-lo de forma rentável. Quase que repito a definição para realçar a importância destes três vetores. E o Marketing Digital pode ajudar no desenvolvimento destes três vetores para qualquer empresa, marca (comercial ou pessoal), produto, ou serviço. Mas não é apenas com o Marketing Digital que se constroem marcas, nem é apenas com o Marketing Digital que se consegue explorar todo o potencial.
Confundir o conceito – Marketing – com o meio – Digital – é uma ameaça perigosíssima!
Ao confundir o conceito com o meio estamos a deixar de fora um potencial enorme. Mais importante, ao começar pelo Marketing Digital sem ter em conta o conceito de Marketing, focamo-nos na execução, muitas vezes tática, que impede a construção saudável de uma marca, o chamado Brand Building. Pensar que se constroem marcas fortes apenas com investimento (tempo e/ou dinheiro) no canal Digital é uma falácia. Assim como estamos perante outra falácia ao acreditar que sem o Marketing Digital, no mundo atual, conseguimos fazê-lo.
O fator mais importante no Brand Building é nunca esquecer o que é o Marketing, para que serve e fazê-lo de uma forma holística, ou seja, tratar o Marketing Digital por aquilo que é, um canal! Um canal importante, mas que não vive por si só, e que é potenciado pelos canais tradicionais, da televisão, ao outdoor, ao boca-a-boca em viva voz.
Um foco sobredimensionado no Digital traz uma ameaça silenciosa que se traduz no caso das empresas em:
- Redução da performance de Marketing e da Empresa na sua globalidade;
- Direção estratégia errada ou incompleta;
- Alocação ineficiente de recursos;
- Perda do foco no cliente final, nomeadamente das suas necessidades e desejos e consequentemente nos Jobs to be Done e Need States, orientadores máximos e razão de existir de qualquer empresa.
No caso dos profissionais de Marketing, os Marketers, traduz-se na:
- Redução da eficácia total;
- Falta de conceitos básicos;
- Falta da visão holística do problema de Marketing;
- Foco enviesado para a execução;
- Deficit estratégico
Para os empreendedores – a maior das ameaças:
- Falta de foco nos básicos: Jobs To Be Done, Need States, e resolução de (um) problema(s);
- Começar pelo fim;
- A ilusão de que o Digital é suficiente;
- Falta de relevância e incapacidade de escalar o negócio.
Temos de deixar de acreditar nas histórias de “Hollywood Digital Marketing” e focar-nos nos básicos de Marketing, hoje mais do que nunca. Sem uma Proposta de Valor relevante, o número de followers não é nada! Sem uma Estratégia de Marketing, o Marketing Digital de pouco servirá.
De uma forma geral, possuir uma diversidade de competências, e especialmente de Marketing é fundamental pois permite:
- Resolver problemas de forma mais eficaz ao alavancar ensinamentos interdisciplinares, e no caso do Marketing, intradisciplinar (exemplo: insights de consumidor obtidos em eventos presenciais podem ser alavancados em eventos digitais);
- Melhor comunicação com colegas, equipa e outros especialistas (exemplo: agências, consultores, e mesmo superiores);
- Ter acesso a novos projetos
O Marketing não é apenas Digital, nem o Marketing Tradicional é suficiente! Hoje, mais do que nunca, é crítico ser capaz de aprender, reaprender e integrar ensinamentos num novo Corpo de Conhecimento de Marketing. Mas nunca poderemos esquecer os básicos:
“Get Back to Marketing Basics!”