Maioria das empresas portuguesas considera que faz I&D suficiente

A grande parte da inovação levada a cabo pelas empresas portuguesas é ainda financiada por recursos internos, conclui o Barómetro Internacional da Inovação 2023, da Ayming, que revela ainda que a maioria considera que faz Investigação & Desenvolvimento suficiente.
67,9% das empresas portuguesas consideram que já fazem Investigação & Desenvolvimento (I&D) suficiente e 28,3% admitem que não possuem um orçamento dedicado à inovação. Esta é uma das principais conclusões do Barómetro Internacional da Inovação 2023, da Ayming, que inquiriu responsáveis de 846 empresas de 17 países, da Alemanha a Singapura, passando por Portugal, Canadá ou EUA, e que analisou o impacto da Covid-19 na inovação.
“Nesta edição do Barómetro Internacional da Inovação, percebe-se que grande parte da inovação levada a cabo pelas empresas portuguesas é, ainda, financiada por recursos internos, sendo que apenas Espanha ultrapassa Portugal nesta matéria. Tendo os incentivos à inovação uma divulgação significativa, esta situação poderá ser explicada pela desadequação dos nossos incentivos fiscais a períodos em que as empresas reportem resultados negativos, mas, também, pelo atraso na implementação do Portugal 2030”, explica Nuno Tomás, Managing diretor da Ayming Portugal.
Segundo a Ayming, outra conclusão a realçar passa pelo “número de empresas em Portugal que ainda não possui um orçamento dedicado à inovação. Sendo esta uma atividade tão importante para as empresas nos curto e médio/longo prazos, a não-afetação de recursos a estas atividades, formalmente, parece um pouco contraditória”. “A autoavaliação que é feita pelas empresas portuguesas refere que estas consideram que já fazem I&D suficiente, algo que considero que poderá ser pernicioso, se aliado ao ponto anterior”, conclui o barómetro.
Tendo em conta a tendência geral das empresas inquiridas, a grande preocupação atual é a crise energética, uma vez que que 77% estão a fazer alterações na atividade, de modo a combater os custos da energia, e mais de um quarto (26%) do total dos inquiridos descreveu essas mudanças como radicais.
O aumento repentino e dramático dos preços da energia está a fazer com que as empresas procurem novas maneiras de reduzir custos. A estratégia mais comum passa por procurar formas energeticamente eficientes de poupar, algo que 44% das empresas estão a fazer.
No entanto, as empresas também estão a recorrer a estratégias mais avançadas e drásticas, como procurar fontes alternativas de energia, no caso de 33% das empresas, ou procurar materiais alternativos – não derivados de combustíveis fósseis, solução adotada por 30% das empresas. As empresas estão também a repensar as cadeias de abastecimento, tanto em relação ao sítio onde obtêm os materiais, com 30% a fornecer materiais locais, como em relação à forma como os transportam, com 30% a repensar o seu processo logístico, explica o relatório.
Empresas financeiras mais confiantes que estão a inovar
Com um aumento de 4% em relação ao ano passado, as empresas estão ligeiramente mais confiantes de que estão a fazer inovação suficiente. No entanto, este número ainda está 10% abaixo dos valores pré-pandemia.
O relatório mostra ainda que os níveis de confiança variam de setor para setor. As empresas financeiras e de energia estão muito confiantes, enquanto as empresas de construção são mais propensas a sentir que não estão a inovar de forma suficiente.
Enquanto no ano passado as empresas fizeram I&D internamente, este ano houve um declínio de 10% nos recursos internos, um aumento de 3% nos recursos públicos externos e um aumento de 15% nos recursos privados externos.
Ainda de acordo com o relatório, o local mais popular para a Inovação no exterior são os EUA, seguidos pelo Reino Unido e pela Alemanha. Com um aumento de 2% este ano, o acesso ao talento continua a ser a razão mais popular para as empresas realizarem I&D no exterior, 8% à frente da próxima razão mais popular, os Incentivos Fiscais.