Maioria das empresas luta para ser relevante para os seus clientes, aponta a Accenture

88% dos executivos a nível mundial identificam uma “crise de relevância” das empresas, uma vez que os consumidores querem que as organizações respondam mais rapidamente para satisfazer as suas necessidades, revela estudo da Accenture.
A maioria dos executivos (88%) acredita que as necessidades dos clientes e dos colaboradores estão a mudar mais rápido do que a oferta prestada pelas empresas, o que leva a uma queda das expectativas e uma crise de relevância das organizações, de acordo com dados de um inquérito da Accenture a 850 executivos em todo o mundo.
O relatório, intitulado “The Human Paradox: From Customer Centricity to Life Centricity”, conclui que 67% dos inquiridos esperam que as empresas compreendam e respondam às suas necessidades em constante mudança e em tempos de disrupção. No entanto, a excessiva simplificação da segmentação e a subestimação do impacto das pressões externas no comportamento levaram a esta separação entre a expectativa e a realidade.
Para Pedro Pombo, Managing Director da Accenture Song em Portugal, “os fatores externos – desde os económicos aos culturais, ambientais e políticos – estão a afetar as pessoas mais do que nunca, tornando a vida mais complicada e as decisões de compra mais multifacetadas”.
Por isso, acrescenta, “há uma divisão crescente entre o que os consumidores precisam e valorizam e o que as empresas oferecem, criando um gap de relevância. Acreditamos que as empresas podem colmatar esta lacuna e antever um crescimento significativo, não se concentrando apenas na promoção do consumo, mas contribuindo de forma significativa para a vida dos clientes”.
Para colmatar a lacuna, as empresas precisam de ver os seus clientes como eles próprios se veem: multifacetados e complexos, “e a fazer o seu melhor para se adaptarem a circunstâncias de vida imprevisíveis; e usar este insight para satisfazer as necessidades dos seus clientes”, sugere o relatório da Accenture.
Seis em cada dez consumidores refere que as suas prioridades continuam a mudar devido a pressões externas e, como resultado, estão perpetuamente em vários momentos de gestão de crise, com comportamentos paradoxais a emergir.
Embora 66% dos consumidores digam que a sua tomada de decisão é impulsionada pelas suas próprias necessidades, cerca de 72% dos consumidores sentem que podem impactar pessoalmente o mundo e as suas comunidades por meio de comportamentos e escolhas de compra, tendo por base temas como a sustentabilidade.
Por exemplo, mais de metade dos consumidores refere que a pandemia os motivou a adotar um estilo de vida mais sustentável. 65% refere que os aumentos de preços os levaram a selecionar marcas de baixo custo em compras recentes.
Apesar de mais de três quartos (76%) dos clientes se sentirem capacitados para tomar decisões importantes na sua vida, quase dois terços (64%) das pessoas desejam que as empresas respondam mais rapidamente com novas ofertas para atender às suas necessidades em constante mudança.
O relatório aponta ainda que dois terços (69%) dos consumidores em todo o mundo admite comportar-se de forma inconsistente.
Pedro Galhardas, Managing Director da Accenture Portugal, responsável pela área de Strategy & Consulting, salienta que “é importante que se “compreendam estes contextos para que as empresas possam delinear a melhor estratégia, oferecendo soluções mais relevantes que levem ao seu crescimento”, acrescenta o responsável.
Embora o relatório da Accenture tenha revelado que quase todas as empresas estão a lutar para se manter relevantes, sugere também que as organizações que adotam uma abordagem centrada na vida estão melhor posicionadas para prosperar no futuro, formar novas ligações, e criar marcas, produtos, ou serviços mais relevantes.
“O pensamento ‘centrado no cliente’ levou as empresas longe na criação de experiências memoráveis para as pessoas”. Contudo, refere que “o peso da disrupção que as pessoas estão a enfrentar nas suas vidas é tal que acreditamos que as empresas precisam de evoluir não apenas para permanecer relevantes e serem úteis para os clientes. As empresas “centradas na vida” veem os clientes de maneira diferente; entendem as forças externas que afetam a sua tomada de decisão e desenvolvem soluções de maior valor para as suas necessidades de maneira simples e profunda”, frisa Pedro Pombo.