Jornal É@GORA que dá voz à imigração procura investidores

Dar voz aos “imigrantes notáveis” que vivem no território português. É o objetivo do Jornal É@GORA, que precisa de apoio financeiro para continuar o seu exercício diário de informar cerca de um milhão de imigrantes e refugiados sobre os seus direitos de residência em Portugal.
Foi lançado há cerca de cinco anos e apresenta-se como a única publicação bilingue virada integralmente para a temática da imigração em Portugal. O Jornal É@GORA tem como propósito “ajudar a ecoar a voz dos imigrantes notáveis que vivem no território português. Esse objetivo passa necessariamente pelo exercício diário de consciencialização a quase um milhão de imigrantes e refugiados sobre os plenos direitos de residência em Portugal”, começa por explicar Manuel Matola, diretor do jornal, ao Link to Leaders.
A publicação surgiu da necessidade de ser uma voz presente na Amadora, no âmbito de uma iniciativa que contou com a colaboração da Associação Unidos Cabo Verde, cujo papel era o de apoiar a legalização dos imigrantes naquele município que tem uma forte presença de afrodescendentes. Mas a alteração do espectro da imigração em Portugal levou, naturalmente, à mudança de planos.
“Se antes a comunidade cabo-verdiana era a mais destacada no seio da imigração lusófona no território português, nos últimos cinco anos, a brasileira passou a ser a comunidade estrangeira mais representativa a nível nacional. Acompanhámos essa dinâmica e reposicionámos a nossa estratégia, olhando para outro grupo populacional estrangeiro originário de países fora do espaço europeu, mas não lusófonos: os imigrantes de Bangladesh, Índia e Nepal que nos procuram sempre para saber dos seus direitos de residência. Daí a nossa perspetiva bilingue dos conteúdos”, explica o responsável que já passou por órgãos de comunicação como ONU News, Agência Lusa, RTP-África e Channel Africa.
Nos primeiros quatro anos de existência do jornal, a Associação Unidos Cabo Verde funcionou como o mecenas do projeto, mas a pandemia de Covid-19 levou ao corte do valor que era alocado como parte do seu apoio. O único auxílio que ainda mantêm é a disponibilidade do espaço (o endereço físico).
Reforço de equipa e procura de investidores
Atualmente, o trabalho de redacção é assegurado por 12 pessoas entre jornalistas e colunistas, incluindo advogados que enviam a título gratuito os seus artigos técnicos, que mantém a atualização diária do jornal online. Mas a inexistência de um modelo de negócio que contribua para a sua sustentabilidade financeira tem dificultado a sobrevivência do jornal.
“Por exemplo, se em plena época da pandemia nos foi fácil ter uma equipa multifacetada composta por mais de uma dezena de colaboradores que aceitaram participar no projeto pro-bono, porque estavam em casa e com poucos gastos, a seguir, esse cenário mudou e a necessidade de recuperação levou a que a presença dos tais colaboradores fosse menos regular no jornal. Hoje é-nos difícil manter o ritmo de produção como os de 2020/21 porque entendemos que não se pode forçar as pessoas a trabalharem por amor a camisola sem qualquer compromisso de pagamento do básico. A disponibilidade dessas pessoas é total, mas é condicionada a uma situação de desembolso de alguma coisa que, entretanto, não temos”, revela Manuel Mantolo.
Neste momento, estão à procura de apoios financeiros e/ou materiais que ajudem o jornal a tornar-se numa publicação financeiramente sustentável.
“Pretendemos crescer e ser líderes do mercado, privilegiando sempre conteúdos de qualidade com foco na cobertura de temas sobre a imigração em Portugal. Até ao momento trabalhamos pro-bono”, afirma o jornalista que, este ano, decidiu apostar num novo modelo de negócio.
Este modelo de negócio, “vai permitir ao Jornal É@GORA continuar a trilhar por um caminho seguro, independente e livre de qualquer pressão de poderes económico, político e de outra ordem – à produção de conteúdos adaptados. A nossa visão é agir como uma agência de notícias especializada em imigração, redefinindo a narrativa jornalística nesse campo crucial para a Humanidade”, conta.
Por isso, “precisamos de tudo um pouco, desde o dinheiro para pagar os custos diretos a um orçamento para despesas indiretas. Da nossa análise financeira avaliamos em 80 mil euros o valor necessário para pôr a máquina a funcionar em pleno num ano inteiro. A reposição da equipa redatorial com ordenados e a contratação de novos colaboradores (mesmo com incentivos como os do IEFP) requer que tenhamos pelos um valor suficiente para os primeiros seis meses de funcionamento sem sobressaltos”, enumera Manuel Matola sem esquecer uma estratégia de marketing, que contemple tráfego pago, e a mudança de instalações para Lisboa.
Resumo:
Responsável: Manuel Matola
Área: Media
Produto: Jornal
Mercado: Nacional e internacional
Necessidade: Investimento
Contacto: manuelmatola@jornalagora.pt