Entrevista/ “Garantir a consistência de comunicação é essencial para qualquer franchising”

Mariana Torres, diretora-geral da marca Helen Doron em Portugal

Mariana Torres é uma jovem empresária de 32 anos, licenciada em comunicação e formada pela Católica School of Business and Economics. Há cinco anos que é a responsável pela rede de franchising dos centros de ensino de inglês para bebés, crianças e jovens Helen Doron.

Mariana Torres sempre manifestou o desejo de ter um negócio próprio. Assim que regressou de Londres e com formação em Comunicação e Cultura, começou por dar aulas de inglês em escolas públicas portuguesas.

Posteriormente e conjuntamente com o seu agora marido, começou a analisar hipóteses de franchising em Portugal. Foi nessa altura que viu um anúncio para novos franchisados Helen Doron English.

Mariana apaixonou-se de imediato pelo conceito, baseado no método internacional de ensino de inglês a bebés, crianças e adolescentes e bastou uma reunião com a master em vigor, assistir a uma aula e olhar para os números para decidir o rumo da sua vida. Um novo rumo em que poderia conciliar a parte do ensino do inglês, da comunicação e da gestão.

Em 2012, a Mariana abriu sua primeira unidade como franchisada em Odivelas. E apenas um ano depois, em 2013, estava a assumir a gestão da rede Helen Doron em Portugal. Na altura tinha 28 anos.

Atualmente, a Helen Doron está presente em Portugal Continental e na Madeira, com um total de 24 centros, estando prevista a abertura de mais quatro neste ano. O Link To Leaders entrevistou Mariana Torres para saber mais sobre este rede de franchisados.

Há cinco anos que é a responsável pela rede de franchising dos centros de ensino de inglês para bebés, crianças e jovens Helen Doron English, em plena época de crise económica no país. O que a levou a seguir este caminho, quando tantos pais ponderavam o investimento em atividades extracurriculares?
O negócio Helen Doron apareceu na minha vida por mera coincidência. Para mim, estava claro que queria seguir a via empresarial e que preferia trabalhar por conta própria. Investiguei várias áreas de investimento e, por coincidência, o meu marido encontrou uma notícia sobre a metodologia Helen Doron num portal online. Assisti a aulas, abri o meu próprio centro e, um ano mais tarde, assumi a parte do Master.

Olhando para trás, penso que foi uma decisão movida por paixão. Mais do que a viabilidade financeira, desde cedo me apaixonei pelo método, pelos rápidos resultados e pela forma divertida como franchisados e professores motivavam os alunos. A crise económica só veio comprovar a necessidade de investimento na aprendizagem da língua inglesa desde tenra idade. Vivemos num mundo global, em que o inglês é aceite como língua internacional por excelência. Mesmo com pais a ponderarem a necessidades das atividades extracurriculares, o inglês surge como uma necessidade, quase uma obrigatoriedade nos dias que correm.

Quais os principais desafios que tem enfrentado?
Os desafios têm sido inúmeros. Ao nível de centro, nem sempre é fácil convencer os pais da importância de investir na aprendizagem de inglês em bebés que ainda nem falam a língua materna. Ao nível de franchising, nem sempre é fácil gerir uma rede que já é vasta, composta por franchisados de diferentes backgrounds, com opiniões e inputs distintos sobre o negócio e professores de todas as idades e experiências profissionais. Garantir a consistência de comunicação e de imagem é essencial para o sucesso de qualquer franchising e tem sido desafiante encontrar um caminho que beneficie e agrade a todos.

Qual a procura no mercado português por este método de ensino precoce do inglês?
A procura tem crescido significativamente nos últimos quatro anos. Com o ensino em inglês nas universidades, exames de Cambridge nas escolas e oportunidades de emprego em multinacionais ou no estrangeiro, os pais têm percebido a importância de investir na aprendizagem precoce da língua inglesa. Para além da parte linguística, o nosso método é muito lúdico e foca-se no desenvolvimento pessoal de cada aluno. As crianças crescem e evoluem connosco desde tenra idade.

Tem o bilinguismo um real e comprovado ganho na criança?
Naturalmente que sim. O bilinguismo permite uma flexibilidade nas escolhas e oportunidades de futuro. Cada vez mais, as empresas são internacionais e procuram e recrutam colaboradores fluentes em mais do que uma língua. O domínio da língua inglesa permite viajar, escolher, mudar e relacionar de forma livre e ilimitada.

O que os levou a avançarem também para creches bilingues?
O modelo de creche bilingue funciona apenas em países com uma cultura muito própria, como a China e a Coreia. O conceito de atividade extracurricular não fazia sentido nesses países, pelo que a marca desenvolveu um modelo de negócio distinto. No caso português, é complicada a implementação deste modelo, uma vez que temos currículos especificamente regulados pelo Ministério da Educação e a implementação envolveria um investimento de milhões de euros. Esta é uma vantagem de trabalhar para uma marca tão vasta, cada país pode adaptar o método às suas necessidades.

Há algum compromisso que os pais têm de tomar em termos de trabalho em casa, quando têm os filhos neste tipo de centros de ensino?
Sem dúvida. A nossa metodologia pressupõe um compromisso a longo prazo dos pais. As crianças até aos 5 anos são acompanhadas nas aulas pelos pais, que participam ativamente no processo de aprendizagem. Com os mais velhos, os pais comprometem-se a ouvir os CD e a visualizar os DVD diariamente, de forma a atingir rápidos resultados. O método Helen Doron é muito focado na audição repetida dos conteúdos e na exposição constante à língua. Por muito boas que sejam as nossas aulas, se os pais não estimulam a audição em casa, a evolução dos alunos é mais lenta e menos consistente.

Quais os objetivos que traçaram para o curto, médio e longo prazo?
Os objetivos traçados a curto prazo são que cada unidade atinja o mínimo de 100 alunos e atingir as 30 unidades em pleno funcionamento em Portugal. A longo prazo, naturalmente que os objetivos são mais ambiciosos. Estimular o crescimento individual de cada unidade e apresentar 40 unidades ativas.

Como funciona o franchising da Helen Doron English e que tipo de investimento, compromisso e retorno pode ser esperado pelo franchisado?
O franchising Helen Doron destina-se a todos os que queiram investir na área de educação privada. Trata-se de um negócio muito interessante, com uma grande componente pessoal de cada franchisado. O trato com as crianças, com os pais, escolas e comunidade é essencial para o bom funcionamento de qualquer unidade Helen Doron. Temos dois tipos de franchisados: os professores ou da área da educação, que se envolvem diretamente na parte pedagógica, ou os investidores que gerem o negócio e delegam a parte de ensino.

Existem dois modelos possíveis: o modelo de Learning Centre que engloba exclusividade de área maior e o Learning Studio, que se destina a áreas mais pequenas e que implica um investimento menor. Os contratos de franchising são de 4 anos, automaticamente renováveis caso ambas as partes assim o desejem. Nenhuma unidade é aberta sem a área ser analisada e sem um Business Plan ser submetido a aprovação, para garantirmos total transparência e conhecimento de negócio. O investimento inicial depende do modelo de negócio escolhido, mas inicia-se na licença de Learning Studio, com 5 mil euros mais IVA.

Como vê o país em termos de oportunidades e desafios para jovens empresários como a Mariana?Considero o nosso país uma incubadora de oportunidades. A recetividade do público a projetos inovadores é interessante e a procura cada vez mais por turismo e estrangeiros potencia o sucesso de distintas áreas de negócio. No entanto, infelizmente, a carga fiscal está bastante pesada e os impostos desmotivam bastante os empresários que não alcançam justa recompensa para os seus esforços.

Como concilia a Mariana empresária com a Mariana mãe de uma criança pequena?
Esse tem sido o principal desafio. Até há 14 meses, estava habituada a gerir o meu horário, deslocar-me com facilidade e trabalhar em média 8 a 10 horas por dia. Com o nascimento do João Maria, tudo tem sido mais complexo. O horário teve que ser ajustado e mais tarefas delegadas. No entanto, penso que, com organização e paixão, tudo é possível. Felizmente, tenho a sorte de ter uma equipa fantástica, uma pessoa extraordinária a tomar conta do meu filho e uma família que compreende as minhas escolhas e desafios.

Respostas rápidas:
O maior risco:  Não dedicar tempo suficiente aos que me são mais próximos
O maior erro:  Achar que poderia fazer tudo sozinha
A melhor ideia:  Tornar-me parte da família internacional Helen Doron
A maior lição:  Em equipa tudo se torna mais fácil
A maior conquista: Duplicar o número de unidades Helen Doron em Portugal em apenas 3 anos

 

 

 

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