Equipas no setor do turismo não estão capacitadas para criar novas soluções no digital, diz estudo

Estudo elaborado pela Beta-i e NEST/Turismo de Portugal identifica os principais obstáculos da indústria e estimula empreendedores a criar soluções para fazer face à pandemia e contribuir para a retoma da economia.

Qual o futuro do turismo em Portugal? Há espaço para a inovação e transformação digital neste segmento crucial? Estas são as questões às quais a consultora de inovação colaborativa Beta-i e o NEST – Centro de Inovação do Turismo de Portugal pretendem responder, através de um estudo que identifica os desafios concretos e prioritários para o setor.

De acordo com o estudo realizado no âmbito do programa Tourism Now! pela Beta-i e o NEST, apesar de a digitalização já ser uma realidade presente no turismo, os players do mercado consideram que, face aos desafios da pandemia, as suas equipas não estão suficientemente capacitadas para criar e gerir novas soluções no digital.  O questionário realizado a operadores das várias áreas do turismo, incluindo hospitalidade, animação turística, transportes e agências, conclui ainda que é urgente investir, não só na segurança sanitária, como também no upskilling do setor e na formação dos colaboradores,

Segundo Roberto Antunes, diretor-executivo do NEST, “além de sermos um país orientado para o turismo, Portugal é também um país resiliente, inovador e sagaz na hora de criar oportunidades para se manter competitivo. Foi com base neste pressuposto que temos trabalhado com a Beta-i para identificar as urgências do setor, promover o empreendedorismo e a inovação, trocar conhecimento e ainda criar pontes entre empresas, PMEs e start-ups. Esta primeira análise mostra-nos que há uma preocupação clara do setor em implementar mudanças e fazer investimentos num momento em que a procura recuou de forma abrupta. Por isso, o nosso foco consiste em preparar o futuro e criar soluções que garantam a recuperação do turismo em Portugal.”

Com base no estudo e de forma a estimular o empreendedorismo e a inovação, as duas entidades desenvolveram ainda um mapa de desafios com o intuito de desafiar start-ups a criarem soluções em colaboração com as empresas do setor.

Em fase de mitigação de crise, a lista inclui necessidades sobre como dotar o setor de uma interação “low touch” em todos os pontos da jornada do turista; como criar uma certificação online de procedimentos de higienização com certificado reconhecido e estandardizado, e como criar soluções móveis de presença de risco por geolocalização sem centralização de dados. Já em fase de retoma, colocam-se os desafios de como passar todos os processos de atendimento pessoal para um atendimento mediado por tecnologia; como garantir informação em tempo real sobre a densidade de pessoas nos produtos turísticos; como criar jornadas detalhadas do turista com explicitação dos momentos com e sem contacto humano; como manter a humanização numa experiência cada vez mais mediada por tecnologia; e como otimizar fluxos de turistas de forma a aumentar a rentabilidade dos espaços.

De acordo com Manuel Tânger, cofundador e Head of Innovation da Beta-i, “apesar de já termos vindo a trabalhar com o Turismo de Portugal em diferentes frentes estratégicas de inovação, seja através do programa The Journey ou do Lisbon Tourism Summit, face ao contexto atual os desafios mudaram radicalmente, levando à necessidade de criar novas parcerias e iniciativas que ajudem a reinventar o setor. A partir desta primeira análise, percebemos que o posicionamento de Portugal pode vir a ser reforçado, se a indústria do turismo reagir rapidamente às transformações exigidas pelo novo normal e colaborar com inovadores e empreendedores na criação de novas soluções. Como tal, através de programas de inovação, queremos mobilizar start-ups a colaborarem com os vários players e auxiliar a retoma urgente do setor”.

Através de várias iniciativas, a parceria Beta-i e Turismo de Portugal já apoiou a criação de mais quase 20 pilotos para o setor nos últimos anos. Face ao contexto atual as duas entidades estão ainda a colaborar juntas no programa de inovação aberta SOL Tomorrow, que colocará start-ups e empresas a criarem resultados rápidos que venham resolver desafios sociais e económicos específicos da cidade de Lisboa, provocados pela pandemia Covid-19, explicam as entidades em comunicado.

 

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