Empresas e colaboradores têm expetativas diferentes, revela relatório da MP

Sabe o que os profissionais realmente sentem em relação aos salários, à cultura das empresas e à IA? O Talent Trends de 2024, da Michael Page, traz algumas respostas.

As empresas e os seus colaboradores parecem estar a enfrentar um desencontro de expetativas. De acordo com o relatório “The Expectation Gap”, da Michael Page a divergência entre as expetativas dos colaboradores e a realidade dos empregadores é acentuada.

Este estudo global sobre as tendências no local de trabalho, que envolveu 50 mil inquiridos, provenientes de 37 países, destaca, por um lado, as expetativas cada vez mais individualizadas dos colaboradores, e que vão muito além dos benefícios tradicionais (como salários competitivos e flexibilidade), e por outro as dos empregadores que enfrentam o desafio de tentar satisfazer as necessidades dos colaboradores, ao mesmo tempo que enfrentam pressões externas significativas num ambiente empresarial em rápida evolução.

As conclusões do “The Expectation Gap” revelam uma falta de alinhamento significativa que agrava as complexidades da dinâmica da força de trabalho atual e torna ainda mais difícil para os empregadores desenvolverem estratégias de recursos humanos que correspondam às expetativas de ambos os lados.

O relatório destaca para cinco vertentes:

Desafios de DE&I: Tornou-se cada vez mais desafiador para os empregadores promover uma cultura dinâmica e inclusiva onde todos possam ser autênticos. A nível global, apenas 26% acreditam que o seu local de trabalho é inclusivo e apenas 19% consideram que a sua equipa de liderança senior é diversificada. Além disso, 69% dos inquiridos afirma não poder mostrar a sua verdadeira identidade no trabalho e 65% dos que sofrem marginalização ou discriminação disseram que não denunciam a situação.

Integração de IA: As ferramentas de IA já estão a afetar as decisões de carreira das pessoas. O estudo revela que três em cada 10 pessoas já utilizam a inteligência artificial nas funções atuais e 52% acredita que terá impacto nos seus planos de carreira a longo prazo. No entanto, muitos dos empregadores ainda não estão em condições de oferecer esta integração, com apenas 38% a reportar que atualmente utilizam IA nas suas funções. Quando analisados os dados de Portugal, constata-se que 26% dos profissionais usam IA nos seus cargos atuais, ligeiramente abaixo da média europeia (30%).

Autonomia e flexibilidade: Os colaboradores procuram cada vez mais autonomia e flexibilidade nos modelos de trabalho, o que representa um desafio acrescido para os empregadores que pretendem trazer as pessoas de volta às empresas. 49% dos entrevistados que agora estão na empresa com mais frequência do que há um ano, referem que isso se deve a mudanças na política da empresa. Por sua vez, 53% procuram ativamente uma nova função e outro local de trabalho se as suas expetativas sobre a flexibilidade não forem atendidas.

No caso do mercado português, o estudo conclui que a flexibilidade não é uma prioridade enquanto o bem-estar continua a assumir um lugar de destaque. Cerca de 29% dos profissionais que tem um modelo híbrido passa agora mais tempo no escritório do que há 12 meses, devido a mudanças na política da empresa apontadas por 44%, aumento das reuniões presenciais (23%). Uma minoria (14%) atribui ao facto de os colegas irem mais ao escritório.

Os profissionais mais jovens, especialmente na faixa dos 20, são os que preferem mais estar no escritório e que acham que conseguem retirar melhores oportunidades de progressão de carreira. Em Portugal, 13% dos que passam mais tempo no escritório do que há 12 meses e têm um modelo híbrido, fazem-no por acreditarem que é mais benéfico para o desenvolvimento das suas carreiras.

Salário é prioridade: Dos 42% dos entrevistados que indicaram estar insatisfeitos com o seu salário atual, mais de metade (53%) procura ativamente por uma nova função nos próximos seis meses.
No caso português, o estudo mostra que o número de profissionais insatisfeitos com a sua remuneração atual aumentou para 56%, colocando o salário no topo dos motivos pelos quais se procura um novo emprego. Este descontentamento criou um mercado laboral mais dinâmico, em que parte significativa dos colaboradores está aberta a novas oportunidades, procurando-as ativamente. 58% dos portugueses dão prioridade ao salário quando aceitam ou se candidatam a uma posição; 59% das empresas acreditam que oferecer um salário superior é essencial para se conseguir recrutar novos colaboradores; 61% das empresas veem um salário competitivo como sendo importante para reter pessoas; e 30% dos profissionais portugueses tentaram negociar um aumento salarial nos últimos 12 meses.

Priorizar o bem-estar: Os profissionais portugueses destacam-se por estarem dispostos a dar prioridade à saúde e ao bem-estar. 60% afirma que rejeitariam uma promoção de significasse sacrificar o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional.

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