Opinião
A Era do Indivíduo – Take I

A Mercer acaba de publicar as conclusões do estudo Global Talent Trends. Este estudo recolheu a opinião de mais de 7.600 líderes, profissionais de RH e colaboradores de 21 setores de atividade em mais de 44 países.
A principal conclusão do estudo é muito clara: chegámos à “Era do Indivíduo” (Human Age) em que se exige um esforço de mudança significativo às organizações e, em particular, às empresas. Apenas as que conseguirem preparar-se e fazer face a essa mudança estarão preparados para enfrentar os desafios inerentes ao “Futuro do Trabalho”. Como refere Kate Bravery, a digitalização do nosso modo de vida, o trabalho flexível e o reconhecimento personalizado são chave para o crescimento na “Era do Indivíduo”.
São cinco os grandes desafios/tendências que marcarão a agenda das organizações nos próximos tempos:
- Velocidade da mudança
- Trabalho com propósito
- Flexibilidade permanente
- Plataforma de talento
- Digitalização
A capacidade de mudar, e fazê-lo rapidamente, é considerado um fator diferenciador para a maioria das empresas. É por isso que 96% dos executivos referem que planeiam fazer alterações no modelo organizativo nos próximos dois anos, apesar de apenas 18% considerarem que a sua empresa está preparada para a mudança. A velocidade da mudança exigirá organizações mais ágeis em que os gestores (aos diferentes níveis) definem com clareza o rumo que querem para a sua equipa, promovem uma cultura de transparência, feedback objectivo e incentivam a aprendizagem contínua.
Na “Era do Indivíduo” a aprendizagem é exponencial; isto é, temos todos que acelerar os nossos processos de aprendizagem se quisermos continuar a ser relevantes. Em breve seremos confrontados com o dilema: “aprender ou morrer”. Isto significa que seremos desafiados a questionarmo-nos permanentemente, a experimentar novas realidades e a sair da nossa zona de conforto. A boa notícia prende-se com o facto de estarmos a assistir a uma democratização dos processos de aprendizagem, nomeadamente através de MOOC (Massive Open Online Courses).
Uma outra consequência desta aceleração da mudança é o aparecimento de empresas que promovem uma cultura de inovação e investigação em que as pessoas são incentivadas a colocar questões disruptivas, a experimentar novos conceitos e processos. Esta cultura de laboratório (lab mindset) não se constrói do dia para a noite pelo que são cada vez mais as organizações que estão a lançar hubs de inovação com orçamentos e recursos próprios. Mas, se é verdade que nem todas as empresas têm recursos para financiar estas estruturas, também é verdade que as organizações mais ágeis e comprometidas em vencer os desafios do “Trabalho do Futuro” já perceberam que existe um potencial enorme de inovação e experimentação em todo o indivíduo, pelo que estão de forma, mais ou menos estruturada, a criar mecanismos para incentivar e absorver esse conhecimento interno.
Já alguma vez procurámos saber qual o nível de conhecimento que as pessoas que trabalham connosco têm sobre a concorrência? Quantas vezes pedimos feedback e contributos às pessoas que trabalham connosco quando queremos lançar um novo produto ou serviço?
Nesta época de mudança acelerada as empresas têm duas opções: florescer ou sobreviver.
Vale a pena pensar nisto…