Opinião

A Era do Indivíduo – Take I

Diogo Alarcão, CEO da Mercer Portugal

A Mercer acaba de publicar as conclusões do estudo Global Talent Trends. Este estudo recolheu a opinião de mais de 7.600 líderes, profissionais de RH e colaboradores de 21 setores de atividade em mais de 44 países.

A principal conclusão do estudo é muito clara: chegámos à “Era do Indivíduo” (Human Age) em que se exige um esforço de mudança significativo às organizações e, em particular, às empresas. Apenas as que conseguirem preparar-se e fazer face a essa mudança estarão preparados para enfrentar os desafios inerentes ao “Futuro do Trabalho”. Como refere Kate Bravery, a digitalização do nosso modo de vida, o trabalho flexível e o reconhecimento personalizado são chave para o crescimento na “Era do Indivíduo”.

São cinco os grandes desafios/tendências que marcarão a agenda das organizações nos próximos tempos:

  1. Velocidade da mudança
  2. Trabalho com propósito
  3. Flexibilidade permanente
  4. Plataforma de talento
  5. Digitalização

A capacidade de mudar, e fazê-lo rapidamente, é considerado um fator diferenciador para a maioria das empresas. É por isso que 96% dos executivos referem que planeiam fazer alterações no modelo organizativo nos próximos dois anos, apesar de apenas 18% considerarem que a sua empresa está preparada para a mudança. A velocidade da mudança exigirá organizações mais ágeis em que os gestores (aos diferentes níveis) definem com clareza o rumo que querem para a sua equipa, promovem uma cultura de transparência, feedback objectivo e incentivam a aprendizagem contínua.

Na “Era do Indivíduo” a aprendizagem é exponencial; isto é, temos todos que acelerar os nossos processos de aprendizagem se quisermos continuar a ser relevantes. Em breve seremos confrontados com o dilema: “aprender ou morrer”. Isto significa que seremos desafiados a questionarmo-nos permanentemente, a experimentar novas realidades e a sair da nossa zona de conforto. A boa notícia prende-se com o facto de estarmos a assistir a uma democratização dos processos de aprendizagem, nomeadamente através de MOOC (Massive Open Online Courses).

Uma outra consequência desta aceleração da mudança é o aparecimento de empresas que promovem uma cultura de inovação e investigação em que as pessoas são incentivadas a colocar questões disruptivas, a experimentar novos conceitos e processos. Esta cultura de laboratório (lab mindset) não se constrói do dia para a noite pelo que são cada vez mais as organizações que estão a lançar hubs de inovação com orçamentos e recursos próprios. Mas, se é verdade que nem todas as empresas têm recursos para financiar estas estruturas, também é verdade que as organizações mais ágeis e comprometidas em vencer os desafios do “Trabalho do Futuro” já perceberam que existe um potencial enorme de inovação e experimentação em todo o indivíduo, pelo que estão de forma, mais ou menos estruturada, a criar mecanismos para incentivar e absorver esse conhecimento interno.

Já alguma vez procurámos saber qual o nível de conhecimento que as pessoas que trabalham connosco têm sobre a concorrência? Quantas vezes pedimos feedback e contributos às pessoas que trabalham connosco quando queremos lançar um novo produto ou serviço?

Nesta época de mudança acelerada as empresas têm duas opções: florescer ou sobreviver.

Vale a pena pensar nisto…

 

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Diogo Alarcão

Diogo Alarcão

Diogo Alarcão tem feito a sua carreira essencialmente na área da Gestão e Consultoria. Atualmente é Vogal do Conselho de Administração da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões. Foi Chairman da Marsh & McLennan Companies Portugal e CEO da Mercer Portugal. Foi Diretor da Direção de Investimento Internacional do ICEP, de 1996 a 2003. Foi assessor do Presidente da Agência Portuguesa para o Investimento de 2003 a 2006. Licenciado em Direito, pela Universidade de Lisboa, concluiu posteriormente... Ler Mais..

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