Opinião
Desenvolvimento e utopias….

Deparei-me há dias com o gráfico abaixo, indicativo da evolução do rendimento per capita no mundo desde o ano 1.000 DC até ao presente. Desde 1800 até ao presente, o rendimento per capita dos mais pobres subiu 30 vezes!!!!!
Este absoluto aumento de riqueza no mundo apenas aconteceu após o desenvolvimento do capitalismo e reflete a enorme força criativa e geradora de riqueza que a combinação de uma sociedade aberta e livre com um mercado competitivo poderem gerar.
Contudo, com uma cadência regular, assistimos a vagas de contestação ao sistema capitalista e de crença no utopismo socialista que é perplexizante. E isso apesar das experiências socialistas ocorridas em várias épocas em todo o mundo e que conduziram sempre a fins trágicos numa mistura de miséria humana e totalitarismo.
Porque será então que, apesar de toda a evidência objetiva assistimos a esse fascínio pelas utopias suicidárias e, curiosamente, com uma incubação mais significativa em certas elites culturais e universitárias? A meu ver tal resulta da própria virtuosidade do capitalismo: o homem é, por natureza, um ser insatisfeito e ao ver satisfeitas as suas condições fundamentais de existência, ainda para mais com um conforto cada vez mais acrescido, anseia à mudança e à transformação. Ora é esse desejo de mudança e de insatisfação que é facilmente orientado para as utopias do mundo igual e perfeito, sem guerras, problemas ou incertezas.
Sucede que, sendo utopia, esse desejo não é realizável e, por isso, o canal ainda mais virtuoso para orientar a insatisfação e desejo de mudança humanos com resultados benéficos para todos é o quadro da sociedade de mercado. Como tantos casos provam, esse quadro e essa sociedade não são realidades imutáveis e irreversíveis pelo que todos nós, defensores de uma sociedade aberta, democrática e capitalista, temos que desempenhar um papel na defesa e construção desses valores. Doutra forma, seremos todos vítimas, dos falsos profetas das utopias que nos conduzem ao retrocesso civilizacional.