Crowdshipping: será a próxima tendência da economia partilhada?

Os serviços e produtos que podem ser adaptados à economia partilhada não têm limites. Uma das tendências mais recentes está relacionada com a distribuição e chama-se “crowdshipping”, ou seja, a entrega de encomendas feitas por qualquer pessoa.

Os serviços ou produtos que podem ser adaptados à economia partilhada parecem não ter limites. Desde a utilização de piscinas a lugares de estacionamento, quase tudo já entrou no mundo da “sharing economy”. Uma das tendências mais recentes relacionadas com a distribuição é o “crowdshipping”, ou seja, a entrega através de diferentes fontes. Este é exatamente o modelo de negócios da Roadie, Rappi, Shipit e outras start-ups que assentam no princípio de recorrer a qualquer tipo de pessoa e não a grandes empresas para fazer entregas.

Mesmo a gigante DHL tentou entrar no crowdshipping há quase uma década, através da rede que chamou “bring.Buddy”. O conceito envolvia utilizadores de smartphones que levavam encomendas numa curta distância ao longo da suas viagens  e depois deixavam-nas próximas do ponto de contato, onde outros “bring.Buddy” as recolhiam e transportavam até ao seu destino final. Também a Walmart tentou algo parecido, colocando os seus funcionários a fazer entregas no percurso de e para o trabalho. O conceito, como se pode ver não é novo, mas neste mundo da economia partilhada assume novos contornos.

Rentabilizar as pequenas deslocações
Numa recente entrevista ao PYMNTS, o CEO da Roadie, Marc Gorlin, explicou como a empresa aborda  o conceito de crowdshipping. Na perspetiva deste empresário, o setor da distribuição pode beneficiar de formas mais ágeis que os gigantes da distribuição online não conseguem responder exatamente.

A start-up Roadie, que também trabalhou com retalhistas e supermercados, usa data science para coordenar os distribuidores e as suas rotas. A empresa atua em 89% do mercado norte-americano, contando cerca de 120 mil motoristas. Ao contrário dos serviços de transportes partilhados, estes motoristas usam a sua própria rota.

Segundo a empresa belga, PiggyBee, a maioria (58%) da sua comunidade é formada por viajantes que transportam e entregam produtos nas suas malas. As rotas principais desta empresa são os EUA, França e Índia. Os produtos mais transportados incluem documentos oficiais, roupas, cosméticos e cigarros eletrónicos. Na mesma linha, a Entruster é uma plataforma que utiliza serviços de encaminhamento de e-mail para permitir aos compradores aquisições internacionais, ou seja, as suas compras são entregues por viajantes.

No entanto, os vendedores de menor dimensão geralmente estão presos a um dicotomia: aumentar os valores para pagar os serviços de uma empresa de entregas privada ou enviar as encomendas pelos serviços tradicionais com prazos de entrega mais alargados. Um problema para o qual a start-up LivingPackets já apresentou uma solução.

A empresa pretende preencher essa lacuna de serviços com a sua solução para IoT. Tal como as start-ups mencionadas anteriormente, a LivingPackets também usa o fluxo de viajantes que cruzam fronteiras, pagando-lhes para transportar uma encomenda. A empresa vê potencial em oferecer aos distribuidores remessas internacionais no mesmo dia na UE, algo que nem a Amazon consegue fazer atualmente.

Como reforçar a segurança e a confiança no crowdshipping
O valor previsto do mercado global de tecnologia de pagamento móvel até 2024 é de 3,4 mil milhões de dólares (3 mil milhões de euros). As plataformas online estão a aproveitar a tecnologia móvel para potencializar a metodoliga de pagamentos. Muitas start-ups de crowdshipping não possuem aplicações móveis ou plataformas digitais tão robustas com os principais players da economia partilhada. Além disso, estas star-ups também não são totalmente transparentes sobre os prazos de entrega ou o rastreio de rotas, e não possuem recursos de segurança como os controlos KYC. Neste campo, a economia partilhada pode ser um terreno fértil e lucrativo para fraudes.

Em agosto passado, o Verifying Digital Identity in the Sharing Economy Report, preparado pela PYMNTS, registava que as informações mais comuns pedidas para o registo de novos utilizadores e de identificação pessoal eram os endereços de email (pedido a 71,5% dos entrevistados) e números de telefone (64,6%).

Para evitar fraudes e promover um clima de confiança no serviço, a LivingPackets recorre à IoT para garantir que os remetentes possam confiar os seus envios a um estranho. Os produtos são embalados em sacos específicos equipados com fechos automáticos e sensores internos que monitorizam peso, humidade, choque e temperatura – todas as etapas destinadas a evitar violações. A empresa também realiza verificações de identificação a qualquer pessoa que se registe para entregar e permite que os clientes classifiquem o serviço

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