Opinião
Criar um negócio, como começar?

Criar um negócio é apelativo, mas a sua motivação dilui-se nas inquietações e parece nunca ser o dia certo para começar? Se é empreendedor ou pretende mudar de carreira, trabalhar por conta própria é uma opção válida!
A reflexão sobre a ideia de negócio passa pela identificação dos seus interesses, competências e disponibilidade de recursos, articulando essas valências com eventuais necessidades de mercado, para solucionar desafios, transformando ideias em negócio.
Empreender requer um espírito curioso, disruptivo, capaz de correr riscos e identificar oportunidades como agente de mudança, mas e se corre mal? São preocupações usuais as condicionantes de capital e de conjuntura do mercado, em que incerteza, instabilidade, conflitos, desafios demográficos e multiculturais, com impacto nos padrões de consumo, são a nova realidade. Neste contexto, não podemos esperar por condições ideais, mas podemos encontrar oportunidades e planear projetos de negócio de forma estruturada e resiliente, para nos atrevermos a pensar – e se corre bem?
Se corre bem, existe um enorme potencial de desenvolvimento pessoal, realização, autonomia, geração de valor e inovação, impulsionando a economia em nome próprio. É preciso coragem? Alguma! No entanto, a ousadia não é sinónimo de inconsciência, mas sim de arte para gerir dificuldades, com visão e capacidade de liderança, e quando nos focamos no que nos apaixona, ganhamos poder para atrair clientes e investidores.
O planeamento exaustivo é fundamental para passar da ideia à ação com sucesso, por isso:
– Defina a proposta de valor, o que vende, como se diferencia e o propósito; crie uma identidade de marca, com estratégia de comunicação personalizada e experiência de compra aspiracional. Prepare o Pitch;
– Estude o mercado, as tendências, o target de clientes e a concorrência; recolha dados sobre a dimensão e o potencial de mercado. Faça uma análise SWOT;
– Identifique recursos humanos qualificados, infraestruturas e equipamentos. Use tecnologia para ganhar eficácia e libertar-se para tarefas de valor acrescentado, criatividade e empatia. A IA confere-lhe “super poderes”, mas exige literacia digital!
– Estabeleça parcerias para complementar valências, frequente hubs de empresas e desenvolva networking. Subcontrate serviços especializados para as áreas fiscais e regulamentares, para garantir compliance;
– Construa o Plano de Negócio, com uma memória descritiva que enquadre a ideia, análise financeira e indicadores de viabilidade. Preveja capital para investimento e working capital. Procure incentivos ao empreendedorismo (exemplo IEFP e Portugal 2030);
– Simplifique, mitigando riscos e sem receio de começar pequeno, dando tempo para monitorizar a evolução do negócio, adaptar-se de forma ágil e planear como escalar.
Por fim, divirta-se! Celebre os sucessos e aprenda com os erros. Ter um negócio é um estado de espírito que se alimenta da vontade de evoluir, por isso mantenha-se curioso e atento ao mercado.
Preparado para ser o Boss?
Luísa Callado é Business Development Manager na LHH|DBM Portugal, desde 2007. Nesta empresa, é Consultora e Gestora de clientes em projetos de desenvolvimento de recursos humanos, em processos de reestruturação organizacional e na implementação de boas práticas de Outplacement. É responsável pelo Programa de Negócio Próprio, dando suporte a profissionais em transição de carreira que optam pela via do empreendedorismo.
Desenvolveu a sua carreira também na L´Oréal, como Diretora de Qualidade, Packaging e Procurement, Assessora de Produção, Formação, Ambiente e Segurança. No Grupo Higifarma desempenhou funções como Diretora de Unidade de Negócio, Diretora de Recursos Humanos, Coordenadora Comercial e Marketing, bem como Assessora da Administração.
Tem formação académica em Engenharia Química pelo IST, onde também foi bolseira de investigação científica, realizou o Executive MBA do ISCTE, tem formação em Gestão de Projetos e é certificada em Coaching e Formação.