Conclusões de quem ajudou a criar 10 start-ups em 54 horas

Ter uma ideia, juntar uma equipa, validar o projeto e desenvolver um protótipo: o desafio do Global Startup Weekend, um evento realizado em dez cidades diferentes. Sam Ameen esteve em Hong Kong, onde acompanhou e ajudou o desenvolvimento de 10 start-ups. Leia as suas principais conclusões.

O Global Startup Weekend coloca qualquer empreendedor à prova. A ideia é construir uma start-up à volta de uma ideia e, em apenas 54 horas, ser capaz de desenvolver um protótipo e de apresentar o produto final a um painel de jurados, constituído por investidores e empreendedores locais, que podem investir nos projetos.

Este evento, que teve o foco principal no desenvolvimento de start-ups de inteligência artificial, ocorreu em 10 cidades diferentes. Sam Ameen, um empreendedor experiente com um background em marketing digital e user acquisition, partilhou, num artigo para a revista norte-americana Forbes, as três principais conclusões que retirou do evento e que podem ser replicadas por qualquer empreendedor.

Construir uma estrutura que potencie a execução

Ser capaz de executar e tomar ação em algo planeado é uma das maiores barreiras ao empreendedorismo. As ideias são fáceis de ter, a dificuldade, na maior parte das vezes, é executá-las.

O Global Startup Weekend cria a estrutura, a motivação e a responsabilidade que “obriga” as equipas a agirem. O facto de criarem prazos bastante restritos, juntamente com o responsabilizar todos os participantes sobre o seu trabalho, aumenta a produtividade e ajuda as equipas a atingirem as metas.

Quanto menor for a data limite, mais rapidamente consegue trabalhar. A ideia principal deste ponto é que, muito provavelmente, ficaria surpreendido com o quão rápido consegue executar ideias quando tem deadlines curtos e tem de trabalhar sob pressão.

Quanto mais depressa pedir ajuda, mais rapidamente resolve os seus problemas

Durante as 54 horas houve algumas equipas a pedirem ajuda a Ameen. O empreendedor chega a referir que uma das equipas praticamente o obrigou a ajudar. Retratando o sucedido como uma abordagem agressiva, mas ao mesmo tempo compreendendo o desespero, visto que também é empreendedor, Ameen explica que é fulcral pedir ajuda nestas situações.

Por outro lado, algumas das equipas que estavam em clara dificuldade não se mostraram recetivas em receber qualquer tipo de ajuda, mesmo quando os mentores as tentavam auxiliar.

Uma das sessões, em que Ameen se oferecia enquanto mentor, tinha como objetivo melhorar os pitches de cada uma das start-ups. Para sua surpresa apenas sete das equipas é que participaram neste workshop. Surpreendentemente – ou talvez não –, as três primeiras equipas de Hong Kong compareceram na sessão de apoio.

O principal neste ponto é perceber que é comum os empreendedores passarem semanas a tentar resolver problemas que seriam facilmente resolvidos por alguém da sua rede de contactos. É preferível pedir ajuda em alguma tarefa que não consiga resolver imediatamente, do que perder tempo e dinheiro a tentar resolvê-la sozinho.

Os erros acontecem, mas a maneira como lida com eles é que determina o seu sucesso

A equipa vencedora de Hong Kong foi a Serena, uma app desenhada para seguir os seus hábitos e atividades diárias, como, por exemplo, o tempo que passa nas redes sociais. A Serena faz também um rastreio às suas emoções ao longo do dia, de maneira a melhorar a saúde mental do utilizador. Esta equipa não só ficou em primeiro lugar em Hong Kong, como também ficou em terceiro no ranking geral do concurso, onde participaram mais de 80 equipas.

Infelizmente para a equipa, o seu pitch final foi desastroso: tiveram de lutar contra dificuldades técnicas que deixaram uma plateia de mais de 200 pessoas à espera. Independentemente disto, os developers da Serena conseguiram manter-se calmos e ultrapassaram este obstáculo a contar piadas e a entreter o público.

Já depois do pitch, o júri mostrou-se impressionado com a forma como a equipa recuperou de uma situação pouco vantajosa, referindo que demonstraram espírito de união e uma elevada inteligência emocional.

Mais importante que os modelos de negócio, os produtos e o mercado em que se insere, o mais importante num projeto é a equipa fundadora, porque essa – em princípio -, ao contrário de tudo o resto, nunca muda.

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