ChatClass, a start-up que dá aulas gratuitas de inglês pelo WhatsApp

A ChatClass foi criada pelo alemão Jan Krutzinna, empreendedor que viu as portas se abrirem depois de aprender a língua inglesa. A start-up já impactou mais de 150 mil estudantes brasileiros de escolas públicas e privadas. E procura agora investidores para melhorar a tecnologia.
Muitos são aqueles que estão a aproveitar o período da quarentena provocada pela pandemia do novo coronavírus para aprender um novo idioma. As edtechs que promoverem um ensino digital simples e acessível terão a oportunidade de crescer mesmo em tempos tão incertos.
É o caso da ChatClass, a start-up que promove aulas de inglês através de robôs desenvolvidos dentro do WhatsApp. Criado pelo empreendedor alemão Jan Krutzinna, o negócio já reúne mais de 150 mil alunos de escolas públicas e privadas, sendo que 30 mil destes foram conquistados nos últimos dois meses.
A ChatClass está agora à procura de uma nova ronda de investimento para financiar o seu desenvolvimento tecnológico e expandir o projeto a mais professores de inglês.
Como tudo começou…
Filho de um professor de uma escola pública, Jan Krutzinna vivia no interior da Alemanha. Começou por aprender inglês numa escola pública, tendo conseguindo uma bolsa para estudar na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Um curso de português durante o ensino superior levou-o ao Brasil, onde foi consultor na McKinsey e depois o fundador da ChatClass. “Tinha uma vida simples e o inglês abriu-me muitas portas. Então identifico-me com o público da ChatClass. Mais do que um negócio, vivo uma missão pessoal”, diz Krutzinna, citado pelo site Pequenas Empresas & Grandes Negócios.
Rapidamente o jovem percebeu que poucos brasileiros falavam inglês fluentemente, em comparação com as pessoas que vivem na China e Índia. De acordo com a organização internacional British Council, apenas 5% da população brasileira sabe falar inglês.
Krutzinna tornou-se empreendedor quando a sua ideia foi aprovada para o programa de aceleração SEED-MG, em Belo Horizonte. Depois, passou por programas de aceleração nas gigantes de tecnologia Facebook (Programa da Estação Hack) e Google (Residência no Google for Startups Campus). Por fim, a edtech conquistou um investimento liderado pelo fundo de investimentos Canary, em 2017. A ChatClass levantou 3 milhões de reais (cerca de 480 mil de euros) de empresas venture capital até aos dias de hoje.
Para o fundador, o negócio tem duas grandes vantagens. A primeira é o foco na conversa. “A fala é o maior desafio do aluno brasileiro, que já se acostumou a ouvir através de de plataformas como a Netflix”, diz Krutzinna. O segundo diferencial é o uso de tecnologia. O aluno envia mensagens que são corrigidas e respondidas por um robô criado pela própria start-up. “Toda essa conversa acontece no WhatsApp, num espécie de EAD mais leve em armazenamento”, conta.
A ChatClass opera tanto no modelo B2B quanto no B2C. No primeiro caso, firma projetos monetizados com base no número de alunos. A start-up disponibiliza o seu serviço a escolas públicas e privadas, editoras e entidades como a Embaixada dos Estados Unidos no Brasil. No segundo caso, oferece tanto modelos gratuitos quanto pagos aos estudantes. Cobra 50 reais (cerca de 8 euros) por mês, dando acesso a tutores e à inserção em grupos para conversação.
A ChatClass atende hoje mais de 150 mil alunos de escolas públicas e privadas. A start-up criada em Belo Horizonte até ultrapassou as fronteiras brasileiras, chegando às escolas públicas alemãs através de uma parceria com uma editora local.
A pandemia causada pelo novo coronavírus levou também a ChatClass a adaptar-se e a ajudar gratuitamente professores a manterem as suas aulas de inglês, enquanto as escolas permanecem fechadas. Aos estudantes, a edtech deu acesso gratuito, entre 16 de março e 17 de abril, às funcionalidades premium. A estratégia fez a ChatClass ganhar entre 25 mil a 30 mil utilizadores durante este período.
“Mas, como todas as start-ups, temos de investir para inovar e correr antes de todo mundo”, frisa Krutzinna. A start-up procura agora uma nova ronda de invetsimento. “Vamos investir principalmente no atendimento aos professores, inclusive colocando os pais nesse sistema”, diz. Outro objetivo é melhorar as tecnologias de inteligência artificial e machine learning, dando mais profundidade às conversas entre alunos e robôs.