Entrevista/ “As marcas nacionais têm sempre desafios maiores ao entrarem num mercado dominado por grandes tubarões”

Cristina Cardoso, gestora da Liquid-Land

“Há inúmeras adversidades, mas é importante que o empreendedor seja consistente, acredite nos valores definidos para a marca e siga um plano estratégico mesmo que a táctica vá sendo alterada, tendo em conta os fatores externos e de melhoria”, afirma Cristina Cardoso, gestora da Liquid-Land, marca de cosmética que chegou ao mercado no início deste ano e que usa o pinhão da Comporta.

A Liquid-Land é uma nova marca portuguesa que usa o pinhão da Comporta para reduzir as rugas. Chegou ao mercado em janeiro deste ano com um óleo facial que contém pinhão do Mediterrâneo da região da Comporta, mas promete não ficar por aqui.

Para Cristina Cardoso, gestora da marca, este produto é “único ao ser 100% puro com apenas um ingrediente na sua composição que confere à pele benefícios ao nível da hidratação e à diminuição da profundidade das rugas em apenas 28 dias de utilização bidiária. Além de tudo, é um 100% natural com um processo de extração com desperdício zero e que promove a sustentabilidade, que é um tema cada vez mais urgente”.

Apesar da convicção de “que os consumidores estão cada vez mais atentos ao que colocam na sua pele, que é o maior órgão do corpo humano, a responsável refere que “as marcas nacionais têm sempre desafios maiores ao entrarem num mercado já dominado por grandes tubarões dentro da indústria de skincare”.

No futuro, o objetivo da Liquid-Land é continuar a desenvolver mais produtos, recorrendo sempre à matéria-prima rainha: o pinhão mediterrânico de origem biológica.

Como surgiu a ideia de criar a Liquid-Land?
Esta ideia surgiu quando descobrimos a enorme potencialidade do pinhão. Foi na zona da Comporta, rica em pinheiros da espécie Pinus Pinea, onde já se fazia extração de óleo de pinhão para fins alimentares que conseguimos perceber que os trabalhadores que manuseavam este produto sentiam as mãos muito hidratadas. Daí a um estudo clínico de eficácia comprovada, foi um trabalho de descoberta única, de um ingrediente singular com benefícios extraordinários para a nossa pele. A este óleo dourado, que resulta da extração a frio da semente pinhão, demos o nome de Liquid-Land – o ouro líquido que vem diretamente da natureza para a nossa pele.

“Da decisão até ao dia do lançamento, foram vários os passos que quisemos dar para garantir que teríamos um produto de qualidade no mercado de skincare”.

Como chegaram ao resultado final e qual o investimento?
Da decisão até ao dia do lançamento, foram vários os passos que quisemos dar para garantir que teríamos um produto de qualidade no mercado de skincare. Ao termos um produto de qualidade 100% natural (testado e com eficácia comprovada), com pinhão mediterrânico, de origem biológica, quisemos assegurar um processo de extração sustentável, com desperdício zero. Quando lançámos a marca/produto, em janeiro deste ano, fizemos um evento intimista na Comporta, que é a zona onde a nossa matéria-prima existe em abundância, com convidados que considerámos estratégicos e, amigos, tendo em conta os valores da marca.

Ao investimento temos que considerar a campanha de publicidade em TV e o lançamento do nosso website – liquid-land.com, que é onde as pessoas podem comprar o óleo facial de pinhão. Até ao dia de hoje, podemos dizer que os investimentos são continuos e que, todos os dias, investimos em soluções que nos permitem chegar da melhor forma possível aos nossos consumidores.

O que têm de inovador o produto da Liquid-Land?
É o único no mundo com a utilização desta matéria-prima. Único ao ser 100% puro com apenas um ingrediente na sua composição que confere à pele benefícios ao nível da hidratação e à diminuição da profundidade das rugas em apenas 28 dias de utilização bi-diária. Além de tudo, é um 100% natural com um processo de extração com desperdício zero e que promove a sustentabilidade, que é um tema cada vez mais urgente.

Porquê o pinhão?
Foi uma feliz coincidência termos descoberto esta maravilha da natureza. Chamado, por muitos, ouro branco ou caviar da floresta. O óleo da extração desta semente contém quase 50% de ácido linoleico, um ácido gordo essencial que hidrata e previne a perda de água, estimulando a elasticidade e promovendo a hidratação. Além disso, o pinhão é rico em vitamina F, que acalma e nutre a pele.

“De futuro, estaremos presentes noutras plataformas digitais e estamos a equacionar vendas em locais físicos, que serão selecionados de forma estratégica a fazer fit com o posicionamento da nossa marca”.

Onde podemos encontrar o produto à venda? Pensam vender em grandes superfícies?
Neste momento, temos o produto em venda exclusiva no nosso website em www.liquid-land.com. De futuro, estaremos presentes noutras plataformas digitais e estamos a equacionar vendas em locais físicos, que serão selecionados de forma estratégica a fazer fit com o posicionamento da nossa marca.

O que leva a marca a apostar numa estratégia de monoproduto?
A nossa estratégia foi pensada primeiramente com um único produto para conseguirmos dar a conhecer esta maravilha única da natureza. Antes de mais, queremos cimentar a marca e o óleo de pinhão para depois contruirmos uma gama, cuja mais-valia será sempre assente na riqueza do pinhão mediterrânico que é a nossa matéria-prima.

Este é também um produto sustentável? Quais os compromissos da marca com a sustentabilidade?
Nos últimos anos, temos testemunhado uma crescente consciencialização em relação à sustentabilidade e à importância de cuidar do meio ambiente. A sustentabilidade tornou-se um tema central em todas as áreas da vida, desde a política até o consumo de produtos e serviços e é cada vez mais urgente que esta consciencialização esteja presente em tudo porque é uma necessidade geral e de todos. As marcas têm que ter esse compromisso que é cada vez mais exigido pelos consumidores – em qualquer área.

Também a beleza tem sido uma preocupação constante e crescente das pessoas há séculos. Desde os tempos antigos, a beleza tem sido valorizada e muitas vezes associada ao sucesso e ao bem-estar, seja ele físico ou mental. A Liquid-Land assume um compromisso de sustentabilidade, ao ter criado um produto 100% puro, 100% nacional que deriva da extração a frio da semente, considerada por muitos o ouro branco da floresta, o pinhão. Além disto, o produto é vegan, natural e não é testado em animais.

Neste processo que consideramos limpo, o que poderia ser considerado desperdício é reaproveitado. A pasta que fica após a extração do óleo pode e é utilizada, depois de transformada em farinha, na indústria panificadora e pastelaria. Ou seja, temos desperdício zero, aproveitamento total da matéria-prima, que é o pinhão orgânico.

Quais têm sido os maiores desafios da marca?
As marcas nacionais têm sempre desafios maiores ao entrarem num mercado dominado por grandes tubarões na indústria de skincare. Apesar disso, o segmento de cosmética vegana ou orgânica, embora esteja a crescer, tem um longo caminho pela frente para se igualar à indústria que utiliza químicos.

O caminho está a ser feito, por todos, em prol da sustentabilidade e nós temos a convicção que os consumidores estão cada vez mais atentos ao que colocam na sua pele, que é o maior órgão do corpo humano.

“A oferta, neste segmento de mercado, está a crescer e isso comprova o potencial da cosmética vegana e da aceitação e preocupação dos consumidores finais face a este tema”.

Como avalia a aceitação da cosmética vegana ou orgânica por parte dos portugueses?
Os portugueses estão cada vez mais atentos. São consumidores inteligentes, que se preocupam consigo e com o nosso ambiente. A oferta, neste segmento de mercado, está a crescer e isso comprova o potencial da cosmética vegana e da aceitação e preocupação dos consumidores finais face a este tema. É lisonjeador.

Quais os planos para o futuro da marca? Faz parte dos planos desenvolver outros produtos nesta área da cosmética? De que tipo?
Depois de termos a marca consolidada, de sabermos que os nossos consumidores acreditam nos nossos valores e sentem que a Liquid-Land lhes permite ter uma pele saudável (mais hidratada, fazendo a prevenção e atenuação da profundidade das rugas) de forma natural e sustentável, iremos garantir este legado com o lançamento de novos produtos (já pensados e já com fórmulas desenvolvidas). Sabemos que o princípio será sempre utilizar a nossa matéria-prima rainha: o pinhão mediterrânico de origem biológica.

Que conselhos dá a um jovem empreendedor que queria ter um negócio nesta área?
A qualquer empresa empreendedora que se queira lançar em Portugal o nosso conselho é ser persistente. Acreditar verdadeiramente no produto que temos, no potencial da matéria-prima, nas pesquisas feitas e nas equipas que escolhemos construir e acreditamos no bem que o nosso produto – seja de que indústria for – vai trazer aos consumidores da indústria onde se insere. Temos de estar preparados para todos os desafios que possam surgir, mas persistir e trabalhar para alcançar o que é pretendido e/ou sonhado.

Há inúmeras adversidades, mas é importante que o empreendedor seja consistente, acredite nos valores definidos para a marca e siga um plano estratégico mesmo que a táctica vá sendo alterada, tendo em conta os fatores externos e de melhoria.

Respostas rápidas:
Maior risco: lançarmo-nos num mercado dominado por grandes marcas da indústria da cosmética
Maior erro: se não tivéssemos lançado esta marca.
Maior lição: aprender com os erros para melhorar.
Maior conquista: haver consumidores que estão a recomprar.

 

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