As empreendedoras internacionais que estão a inovar o mundo empresarial 

 A lista das mulheres mais poderosas no mundo empresarial é liderada pela supermodelo e empreendedora Karlie Kloss, mas inclui mulheres das mais diversas áreas de atividades, fundadoras, empreendedoras, líderes que se destacam no seu ramo de ação e constroem as suas empresas com empenho e sucesso.

As mulheres que conseguiram vingar no campo empresarial, as mais “poderosas” internacionalmente, integram uma listagem de 100 nomes compilada pelo Entrepreneur. Selecionámos um conjunto de 20 para contar as suas inspiradoras histórias de sucesso. 

Janet Mock – Argumentista, realizadora e produtora 

Janet Mock fez história ao ser a primeira mulher trans negra a escrever e realizar uma série de televisão. A série que criou, “Pose”, também fez história aquando da sua estreia pela representação realista do cenário cultural de Nova Iorque dos anos 80, uma subcultura maioritariamente composta por negros LGBT.
Esta artista e empreendedora tem um contrato para produção de vários conteúdos para o gigante de streaming Netflix dentro dos temas com os quais se identifica. A argumentista e realizadora considera que além de produzir e preparar conteúdos e projetos de entretenimento, tem uma responsabilidade mais profunda para dar voz a grupos sub-representados.

Melanie Perkins – Cofundadora e CEO de Canva 

O Canva é uma plataforma de design gráfico desenvolvida na Austrália que tem como objetivo ajudar qualquer pessoa, em qualquer lugar, com qualquer grau de conhecimento de design, a criar e publicar trabalhos  com qualidade profissional A plataforma, cuja CEO e cofundafora é Melanie Perkins, já recebeu financiamentos de 140 milhões de dólares (126,5 milhões de euros).
O Canvas está avaliado em 2,5 mil milhões de dólares (2,2 mil milhões de euros) e tem 15 milhões de utilizadores mensais ativos em todo o mundo. A CEO tem com objetivo estender a plataforma a todos os mercados, estando agora disponível em 100 idiomas.

Nancy Whiteman – Cofundadora de Wana Brands

Nancy Whiteman lançou a Wana Brands em 2010 e num percurso lento, mas consistente e, paulatinamente, transformou as suas gomas e pastilhas com infusão de canábis nas mais vendidas dos EUA. Nos últimos três anos, o negócio que começou literalmente na cozinha da empreendedora, apresenta taxas de crescimento de 269%, graças a uma estratégia mais agressiva de expansão e à entrada em novos mercados. O ano passado a empresa entrou no segmento dos vaporizadores que já representam 10% do negócio.

Audrey Gelman – cofundadora e CEO de The Wing

Em 2016, Audrey Gelman e  Lauren Kassan lançaram o The Wing com o objetivo de disponibilizar espaços de coworking dirigidos a mulheres em cidades de todo o mundo. Atualmente, The Wing tem vários locais nos EUA e prevê abrir a sua primeira localização internacional em Londres, assim como lançar uma plataforma semelhante ao LinkedIn para ajudar os membros a anunciar empregos e contratar dentro dessa rede.

Um factor de sucesso do The Wing é o facto da equipa interna de design ser formada por mulheres e mães que usam a sua própria experiência para preparar espaços mais cómodos, como por exemplo incluir salas de aleitamento para as mães que têm que levar os filhos para o cowork.

80% do seu mobiliário é feito à medida, com as proporções médias das mulheres em mente. Muitos promotores e proprietários imobiliários da zona de Nova York estão a consultar a empresas para projetar espaços adequados para mulheres empreendedoras fora do ecossitema The Wing.

Trish Costello – Fundadora e CEO de Portfolia

Os números não deixam dúvidas: 30% dos homens ricos investiram em novas empresas, menos de 1% das mulheres nas mesmas condições fizeram o mesmo. Para combater esta tendência, Trish Costello lançou a plataforma Portfolia que pretende levar as mulheres a investir.

Portfolia lançou oito fundos com 249 investidores membros, que podem disponibilizar pelo menos 10 mil dólares (9,03 mil euros). Cada um dos fundos é liderado por uma equipa de especialistas que comunica regularmente com os investidores. Os fundos focam o seu apoio em vários mercados como envelhecimento ativo ou saúde feminina. Atualmente a plataforma tem mais de 14 mil mulheres em lista de espera para entrar na rede.

Até 2022 a CEO da empresa espera ter 100 mil mulheres a investir ativamente nesta plataforma, pois considera que homens e mulheres investem de formas diferentes. Enquanto os homens gostam de investir em novidades, as mulheres gostam de investir em áreas onde têm mais conhecimento.

Rachel Shechtman – Fundadora de Story e Brand Experience officer na Macy’s

Rachel Shechtman sempre foi inovadora na forma como encarou o retalho. A sua marca própria, Story, tinha frequentes mudanças de imagem e essa “assinatura” não mudou, quando, no ano passado, vendeu a marca à rede Macy’s. A Story apareceu nas 36 lojas da Macy’s nos EUA como um espaço de compras temático que muda a cada dois meses. O primeiro tema – cor – foi patrocinado pela Crayola e pela MAC Cosmetics.

Kendra Scott – Fundadora e CEO de Kendra Scott

Quando Kendra Scott desenhou a sua primeira coleção de jóias em 2002, estava longe de pensar que a sua marca podia atingir uma valorização de mil milhões de dólares (903 milhões de euros). A empresa não é só um unicórnio, como tem 100 lojas e não mostra sinais de abrandamento.

Dos 2 mil funcionários da empresa, mais de 90% são mulheres, muitas das quais são mães, por isso as salas de amamentação são comuns quer na sede quer nos centros de distribuição. O “Kendra Scott Kids” é uma sala de jogos para crianças e, uma vez por ano, no Camp Kendra os filhos dos funcionários têm um dia de atividades na empresa e os funcionários do escritório tornam-se conselheiros deste encontro.

Recentemente a empresa anunciou o programa “Kendra Scott Women’s Entrepreneurial Leadership”, em parceria com a Universidade do Texas, Estados Unidos, que contará com séries de palestras e cursos com vários temas, mas incidindo, sobretudo, na criação de negócio, defesa de salários iguais, etc.

Ashlee Ammons e Kerri Schrader – Cofundadoras de Mixtroz

Ashlee Ammons e Kerri Schrader são mãe e filha e valorizam a vida profissional e os eventos de networking, mas por vezes sentiam-se desconfortáveis nos moldes tradicionais destes eventos. Com um background em direção de recursos humanos e direção de eventos, as duas empreendedoras decidiram criar uma alternativa. Isso originou a Mixtroz, uma aplicação móvel que pretende facilitar a rede de eventos.

A aplicação Mixtroz pede informações aos participantes sobre o seu perfil, com base nas perguntas colocadas pelo anfitrião ou patrocinador do encontro e agrupa as pessoas com base nessas respostas. Os clientes desta aplicação incluem a Alabama Power ou a BBVA Compass. Até mesmo universidades usam a aplicação para ajudar os caloiros a conhecer novas pessoas. A start-up Mixtroz recebeu um financiamento seed de 1 milhão de dólares (903 mil euros).

Claire Wasserman – Fundadora de Ladies Get Paid

Claire Wasserman iniciou o Ladies Get Paid em 2016 para ajudar as mulheres a deixarem o formato simples de aconselhamento de carreira e transformar em algo mais sólido como uma marca com workshops sobre negociação de salários, conferências e apoio online. Porém, conheceu a adversidade ao ser processada por homens que queriam assistir aos seus eventos e foram barrados.

A situação judicial e o crowdfunding com que Claire Wasserman começou para pagar os processos judiciais (angariou 116 mil dólares –  104 mil euros), aumentaram a notoriedade da iniciativa, e mais de 46 mil mulheres quiseram participar em Ladies Get Paid Slack A empresa ainda fez parcerias de conteúdo com a Secret e a Squarespace.

Paal Kadakia – Fundadora e Executive Chairman de ClassPass

Payal Kadakia em 2010 teve a ideia de criar o ClassPass, um serviço de subscrição que ajuda os assinantes de mais de 2.500 cidades, em mais de 20 países, a descobrir e a reservar aulas de atividade física. Este ano, a empresa expandiu-se para o bem-estar corporativo com um serviço que dá aos funcionários de empresas acesso às aulas de 22 mil ginásios parceiros.

Os clientes deste novo serviço incluem o Google, o Facebook e a Morgan Stanley. A empresa, que obteve um financiamento global de 255 milhões de dólares (230,4 milhões de euros), está prestes a atingir o marco dos 100 milhões de reservas de aulas.

Arielle Charnas – Fundadora e creative director de Something Navy

Arielle Charnas é uma influenciadora de moda cujo blog se transformou numa marca. A primeira coleção própria em 2017 foi resultado de uma parceria com a Nordstrom, gerou 5 milhões de dólares em vendas, esgotou em 24 horas dia e bloqueou o site da loja tal foi o elevado número de acessos de compradores.

Agora a empreendedora está a preparar a sua linha própria de moda, já arrecadou 11 milhões de dólares (9,9 milhões de euros) e contratou o CEO Matt Scanlan para liderar o próximo capítulo da marca.

Shelly Bell – Fundadora e CEO de Black Girl Ventures

A Black Girl Ventures surgiu em 2016 para ajudar mulheres negras e de outras etnias a obterem financiamento para os seus projetos. Até hoje já apoiou mais de 30 fundadoras, angariou mais de 70 mil dólares, a Kauffman Foundation doou 450 mil  dólares (406 mil euros) e estabeleceu uma parceria com Google Cloud for Startups para levar seus eventos em digressão. Apesar de ser o grupo de empreendedores que mais cresce nos EUA, as mulheres negras e de outras etnias receberam menos de 1% do dinheiro dos fundos de risco desde 2009.

Neha Narkhede – Cofundadora e chief product officer de Confluent

Esta engenheira que trabalhava no LinkedIn, local ajudou a criar o Apache Kafka, um sistema de software de código aberto que processa uma miríade de dados (cliques, mensagens e atualizações de feed de notícias) e torna-os disponíveis aos utilizadores em tempo real.

Com base neste “sistema nervoso central para dados empresariais”, a empreendedora, em conjunto com dois colegas, decidiu criar o Confluent, um sistema de software que exponencia as capacidades do Apache Kafka para start-ups, instituições financeiras e empresas da Fortune 500. Permite que os clientes processem milhares de milhões de fluxos de informação todos os dias, integrando dados em aplicações e plataformas e disponibilizando essas informações centralmente para análise em tempo real.

O serviço tornou-se rapidamente uma ferramenta vital para as empresas que querem impulsionar a sua presença digital e isso refletiu-se no crescimento da Confluent. A empresa obteve um financiamento Série D de 125 milhões de dólares (112 milhões de euros) e subiu ao estatuto de unicórnio com uma avaliação de 2,5 mil milhões de dólares (2,25 mil milhões de euros).

Tory Burch – Fundadora e CCO Tory Burch Founder, Tory Burch Foundation

O Tory Burch Foundation Fellows Program desde 2015 que concede, anualmente, a 10 mulheres empreendedoras uma bolsa com a duração de um ano, que inclui uma viagem de quatro dias ao campus Tory Burch, a possibilidade de conhecer investidores e uma bolsa de estudos no valor de 5 mil dólares (4,5 mil euros). Este ano o programa alargou-se a 50 fundadoras. A empreendedora considera que esta é uma forma de combater o estereótipo negativo de ambição junto das mulheres.

Justina Blakeney – Fundadora e presidente de Jungalow 

Escritora, influenciadora, especialista em comércio eletrónico e em design, Justina Blakeney transformou sua estética boémia num negócio lucrativo através da marca Jungalow. Começou o seu blog em 2010, tem uma audiência superior a 160 visitantes por mês, escreveu o The New Bohemians (considerado um best seller pelo New York Times), e ao longo dos anos fez mais de 20 parcerias para licenciamento de produtos com a sua marca com diferentes retalhistas. Em 2017, lançou uma loja online para vender cerâmica, estampagens e têxteis e, no próximo ano, irá alargar não só a linha de produtos como também criar a sua primeira loja física.

Emily Kennedy – Cofundadora e presidente de Marinus Analytics

Emily Kennedy queria ajudar vítimas de tráfico sexual, mas não sabia como. Começou a trabalhar com investigadores deste crime e apercebeu-se da dificuldade de encontrar uma vítima de exploração sexual nos milhões de anúncios online, usando apenas o Google.

Com vontade de fazer a diferença, Emily Kennedy foi para o Instituto de Robótica Carnegie Mellon estudar Inteligência Artificial, mesmo sem ter quaisquer conhecimentos prévios sobre a tecnologia. Daí nasceu Traffic Jam, uma ferramenta de IA que pode ajudar os investigadores a fazer em segundos o que poderia levar meses. Essa é a principal solução desenvolvida pela start-up Marinus Analytics, que desenvolve tecnologia de ponta para resolver crimes. Em 2018, o sistema foi usado em 14.400 investigações de tráfico sexual e ajudou a identificar 3 mil vítimas.

Mariam Naficy – Fundadora e  CEO da Minted

A Minted em 11 anos passou de uma empresa de venda de artigos de papelaria para um marketplace de artistas independentes. E neste campo foi conquistando a sua importância. De tal forma que recentemente a Samsung e a Method anunciaram que vão usar trabalhos da comunidade de Minted, dando mais exposição a designers independentes. A Minted posiciona-se como uma fonte para empresas que entendem o valor do design exclusivo, mas não têm a capacidade para o desenvolver internamente.

Rebecca Minkoff – Cofundadora e directora criativa de Female Founder Collective

A designer de moda Rebecca Minkoff foi a criadora do Female Founder Collective (FFC), uma nova plataforma para empresas fundadas e pertencentes a mulheres. Rebecca Minkoff lançou a plataforma em setembro de 2018 com 10 membros fundadores e num mês havia acrescentado cerca de 3 mil mulheres ao grupo. Além de networking, o outro grande objetivo do FFC é promover produtos de empresas lideradas por mulheres. Isto é feito através de um selo especialmente projetado para o efeito e que está em dois milhões de produtos, sites e lojas. 80% das mulheres têm maior probabilidade de apoiar empresas fundadas por mulheres, se tiverem essa informação.

Tiffany Dufu – Fundadora e CEO de The Cru

Tiffany Dufu sempre fomentou a liderança feminina ao longo da sua carreira. Ao aperceber-se dos problemas que algumas mulheres enfrentavam no dia a dia na gestão de tempo e tarefas, surgiu a ideia de criar o The Cru, uma brincadeira fonética com a palavra inglesa “crew” (grupo ou rede de pessoas próximas).

O algoritmo da plataforma junta as clientes com nove outras mulheres próximas e ajuda o grupo a reunir-se regularmente para apoiar cada membro – seja por causa de um assunto pessoal ou de trabalho. Tiffany Dufu começou com as primeiras 100 mulheres na comunidade e agora tem mais de mil em lista de espera. O Morgan Stanley é um parceiro fundador e a Disney está a fazer um projeto piloto do The Cru para os seus funcionários.

Jessica Billingsley – Fundadora de MJ Freeway, CEO de Akerna

Em 2010, quando a indústria da canábis começou a florescer, Jessica Billingsley fundou a MJ Freeway, uma empresa inovadora em tecnologia SaaS que permite rastrear o inventário do produto desde a produção até a venda. Em 2018 a receita da empresa foi de 10,4 milhões de dólares (9,3 milhões de euros).

Num evento empresarial do setor, a empreendedora não desperdiçou a oportunidade de apresentar a sua empresa ao presidente de uma empresa de investimento que procurava uma operação de tecnologia para canábis semelhante à dela. E resultou: a MJ Freeway fundiu-se com a MTech Acquisitions para se transformar em Akerna. Jessica Billingsley é assim a primeira mulher CEO a liderar uma empresa de canábis cotada na NASDAQ.

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