Amazon: um olhar sobre os serviços financeiros da gigante de ecommerce

Conheça a estratégia da Amazon no mercado dos serviços financeiros, um exemplo no que toca à abrangência do público-alvo, de diversificação dos canais de receita e da retenção de clientes.
A Amazon tem uma capacidade surpreendente de atacar indústrias que – todos pensamos – que desconhece. A mais recente foi a farmacêutica, onde Jeff Bezos e a sua equipa gastaram cerca de 850 milhões de euros para adquirir a PillPack, uma farmácia que opera 100% online.
Com esta aquisição, a multinacional, que começou por vender livros online, vai acrescentar valor ao seu negócio ao mesmo tempo que é capaz de oferecer mais produtos aos clientes.
O modelo de contínua inovação patente na Amazon permite que a empresa esteja sempre a fazer experiências nos mais variados campos. Com isto em mente, a CB Insights analisou o que a gigante do ecommerce está a desenvolver na área dos serviços financeiros. Conhecida por diversificar as suas apostas antes de arrancar a 100% para uma nova aventura, a Amazon também procedeu de forma cautelosa na área dos serviços financeiros.
Através do método de tentativa e erro, a empresa conseguiu criar pilares entre os modelos de pagamentos, depósitos de dinheiro e empréstimos.
Pagamentos
Nos últimos anos, a empresa de Jeff Bezos tem investido em força na estrutura de pagamentos e serviços, o que não surpreende, na medida em que facilitar estes campos, de maneira a melhorar a experiência do consumidor, está no core da estratégia da Amazon. Tornar os pagamentos mais eficientes e reduzir a fricção é uma das suas maiores prioridades.
No seu estado atual, a tecnologia disponibilizada inclui uma carteira digital e uma rede de pagamentos que torna a experiência na loja física e online mais cómodas.
Tal como já referimos, parte do ADN da Amazon faz com que esta esteja em constante procura pela inovação. Algumas vezes, ao invés de desenvolver as soluções in-house, a gigante de ecommerce prefere investir ou adquirir start-ups que se ajustam à sua estratégia.
Neste caso, para facilitar os processos de pagamento, a Amazon adquiriu, em 2007, a TextPayMe, que acabou por encerrar portas em 2014, já sob o nome de Amazon Webpay. Os analistas da CB Insights afirmam que isto aconteceu por a empresa ter adotado o método de pagamento peer-to-peer demasiado cedo.
Nos últimos anos, a empresa tem usado as mais variadas técnicas para melhorar a sua experiência de pagamentos: lançando uma carteira digital através da Amazon Pay, atraindo talento de start-ups fintech que falharam e construindo tecnologia in-house.
Apesar de estar focada na experiência do cliente, a Amazon também está a começar a entrar lentamente no mundo dos pagamentos B2B (business-to-business). Segundo a análise feita pela CB Insights, este é um mercado que está avaliado em mais de 75 mil milhões de euros por ano. A Identprint e a SIBS são algumas das empresas deste setor a operar em Portugal e que recebem parte desta fatia.
Para atrair mais comerciantes para a Amazon Pay e poder lucrar com este tipo de soluções, a empresa de Bezos está a escalar as soluções de forma a ter capacidade de oferecer taxas mais competitivas em relação ao que já existe no mercado. Este é um dos métodos clássicos da Amazon para captar clientes.
Apesar de todo o secretismo à volta das métricas, em 2016, a Amazon Pay já contava com 33 milhões de clientes oriundos de 170 países.
Depósitos de dinheiro
Para facilitar a ponte entre o online e o offline, a Amazon criou o Cash, um programa que permite que as pessoas depositem dinheiro vivo – sem terem de fazer qualquer tipo de pagamento – numa conta online.
Esta estratégia aplica-se a quem não têm acesso ao sistema bancário. Estima-se que nos Estados Unidos 33.5 milhões de agregados familiares não têm acesso facilitado a este sistema, pelo que a solução Cash faz com que a Amazon consiga atingir outros grupos anteriormente não abrangidos. E apesar deste público-alvo ter alguma dimensão nos Estados Unidos, a oportunidade além-fronteiras é ainda mais apelativa. Na Índia, 190 milhões de pessoas não tem acesso ao sistema bancário e no México apenas 37% dos adultos tem conta bancária.
Para além de quererem abranger a população que não integra o sistema bancário, a Amazon lançou ainda o Allowance, uma solução dedicada aos mais novos e que permite que as crianças façam compras sobre a supervisão dos pais.
Empréstimos
De todos os serviços financeiros, o desejo de integrar um serviço de empréstimos na empresa é dos mais apelativos para Jeff Bezos. A Amazon começou por lançar um serviço de empréstimos em 2011, de forma a ajudar pequenos negócios a vender mais produtos através da sua plataforma.
Em março deste ano, a CNBC noticiou que a Amazon se tinha juntado ao Bank of America Merril Lynch para começar a fazer empréstimos entre os 1000 e os 750 mil dólares.
Entre o seu lançamento e junho de 2017, a Amazon afirma que já emprestou mais de 2,5 mil milhões de euros entre 20 mil negócios norte-americanos, britânicos e japoneses.
Para além de emprestar dinheiro a empresas, a Amazon tem alguns planos para fazer o mesmo a clientes fidelizados (que sejam subscritores do serviço Prime) e normais.
Os possíveis investimentos futuros da Amazon
Se há uma empresa que é capaz de estar constantemente a surpreender é a de Jeff Bezos. Algumas notícias apontam para que a Amazon possa vir a apostar em:
– Seguro de habitação;
– Mercado das hipotecas;
– Seguro de saúde;
– Sistema bancário – compra de um banco;