A start-up chilena que quer incentivar a venda de produtos a granel

No Chile há uma start-up que quer reescrever as regras de consumo. Chama-se Algramo e criou um sistema de rebastecimento de produtos que substitui as embalagens tradicionais.

Desde a sua criação há seis anos, a  Algramo já está presente em 2 mil lojas em Santiago do Chile, distribuindo produtos variados desde detergentes a arroz, grão e pet food “à grama” – a origem do nome da empresa. Os produtos não são distribuídos em sacos ou embalagens plásticas.

Esta start-up está focada num grupo demográfico muito específico. A Algramo dirige-se a famílias de baixo rendimento com o intuito de permitir que estes possam comprar produtos básicos a granel, em vez de comprar esses produtos em pequenos pacotes, cujo preço habitualmente é mais elevado. A ideia surgiu quando o cofundador José Manuel Moller morou num bairro desfavorecido e descobriu que em média pagava 40% mais do que no bairro de classe média onde vivia com os pais.

Com a Algramo, os clientes podem escolher a quantidade que querem comprar num recipiente recarregável identificado com um chip RFID, e os consumidores recebem créditos e descontos em compras futuras através da informação recolhida pelo chip e armazenada na aplicação móvel que liga todo o sistema. O acesso a telemóveis é comum no Chile mesmo nas regiões de baixo rendimento. Os clientes da Algramo apenas precisam de comprar o recipiente para reabastecerem.

Os produtos são provenientes dos mesmos fornecedores de outras marcas locais. O diferencial de preços está relacionado essencialmente com os custos de embalagem, que a Algramo conseguiu reduzir substancialmente.

A start-up chilena tem sido de tal forma disruptiva na sua cidade natal, que a Unilever já pondera uma parceria, onde irá testar o conceito através de unidades móveis de distribuição que podem deslocar-se para diferentes locais. Desta forma, a multinacional pode não só alcançar novos clientes, como também economiza substancialmente o custo de embalagem de uso único.

Por outro lado, a start-up está a procurar formas de desenvolver o seu relacionamento com outras marcas que vendem produtos domésticos, como produtos de limpeza ou cereais ou outros itens que podem ser dispensados facilmente. Está igualmente a ponderar entrar no mercado norte-americano e a procurar obter um financiamento da Série A.

A Algramo foi uma das oito empresas de economia circular escolhidas para a mais recente pelo MIT Solver, um evento é uma mistura de “Shark Tank” com networking, o que lhe dá acesso a contactos nos Estados Unidos. A start-up também receberá 500 mil dólares (449,3 mil euros) do AI Innovations Prize, financiado pela Patrick J. McGovern Foundation e Schmidt Futures.