Como trabalhar demais não compensa nem o fará rico

A jornada de trabalho diária é cada vez mais extensa, pensando-se que mais tempo é sinónimo de maior produtividade e de menores custos. Mas será isto verdade?

Se contabilizarmos as horas habituais de trabalho de um colaborador, estas rondam as 9 horas, verificando-se uma tendência para se alargarem a períodos diários superiores. Se for um empreendedor, some a este número pelo menos mais 3 a 4 horas.

Mas serão mais horas sinónimo de maior produtividade? O que realmente se consegue aumentando as horas de trabalho, em vez de apostar na gestão do tempo e das tarefas?

Segundo um estudo da Universidade de Stanford, uma pessoa que trabalhe 40 horas por semana produz mais do que uma que lhe dedica 60 horas. O estudo refere que a produtividade média alcançada com 60 horas por semana é dois terços inferior à alcançada quando as mesmas pessoas trabalhavam apenas as 40 horas semanais. As causas apontadas para a diminuição da produtividade são a dramática perda de eficiência quando se aumentam as horas de trabalho que, a partir de determinado ponto, chega a ser negativa.

A investigação atribui a diminuição da produtividade ao stress, ao cansaço, entre outros. Realça ainda que colaboradores exaustos podem ser menos produtivos e eficientes do que quando trabalhavam apenas durante as horas ditas normais: “colaboradores exaustos podem simplesmente ser substancialmente menos produtivos a qualquer hora do dia de trabalho, o que é o suficiente para que a média da produtividade diminua devido do aumento do número de horas de trabalho adicional. Neste sentido, mais horas de trabalho não dão origem a nenhum benefício, sendo mesmo prejudiciais”.

O estudo relembra ainda que colaboradores com excesso de trabalho ficam de tal forma cansados após um dado número de horas de trabalho que tudo o que fizerem após esse período temporal acarreta um elevadíssimo potencial de trazer erros e negligencias que levarão mais tempo a corrigir.

Erin Reid, professor na escola de negócios da Universidade de Boston, vai mais além e refere, num estudo que desenvolveu, que trabalhar mais horas não se está a refletir em promoções ou reconhecimentos futuros, mas sim no desenvolvimento nesses profissionais de sintomas como depressão, alcoolismo, diabetes, perda de memória e problemas cardíacos, assim como a custos enormes para as empresas.

Seja empreendedor, freelancer ou empregado por conta de outrem, o certo é que o risco de ver o negócio falhar, de perder clientes e de ser dispensado do seu trabalho é uma possibilidade real e diária. Se a sua identidade e felicidade depende do seu trabalho, o que acontecerá se de repente este acabar? E se se vir a braços com um tóxico novo chefe?

Se reconhece que é importante ter uma vida fora do trabalho mas acho que não vai conseguir, siga estas sete dicas que o Entrepreneur partilhou.

– Estabeleça limites com base nas suas prioridades

Há dias em que tem de trabalhar mais horas, mas tem de impor limites claros para que esta situação não passe de pontual a permanente. Não assuma novos compromissos quando já atingiu o seu limite. Não agende reuniões para a tarde nos dias em que sabe que tem de sair para compromissos pessoais. Não se voluntarie para mais uma tarefa quando sabe que tem o jogo de futebol das crianças para ir assistir.

– Diga a todos quando não vai estar disponível

Não pode fazer respeitar os seus limites, se ninguém souber quais são. Se vai de férias, informe os seus clientes. Se tem de sair às 17h30, avise os seus colegas e a gestão logo pela manhã, para que não lhe atribuam nenhuma tarefa de última hora.

– Pare de tentar ser perfeito

Nada nunca está perfeito. Faça o seu melhor e siga em frente. Isto é mais fácil de dizer do que de fazer, mas tem de conseguir. Em vez de procurar ser perfeito, faça o melhor que conseguir e reavalie o seu trabalho algumas semanas depois, quando tiver dados que lhe permitam aferir se estava perfeito ou não.

– Desligue

Desligue o telemóvel quando está a jantar, quando está com amigos e quando vai para a cama. Se não o fizer o trabalho irá continuar a distraí-lo e não aproveitará esses momentos. Aprenda a desligar.

– Faça exercício e medite

O exercício e a meditação mantêm a saúde física e mental, reduzem o stress e ajudam a dormir. Está ocupado mas por certo consegue cinco a dez minutos por dia para meditar ou para fazer exercício. Se nenhum deles lhe agradar reserve tempo para uma caminhada.

– Limite as distrações

Reduza o número de distrações durante as horas de trabalho. Desligue o email e as notificações das redes sociais. Quando responder a telefonemas e emails faça-o em lote e de forma seguida. Não perca tempo com conversas de circunstância com colegas. Quanto mais depressa fizer todo o trabalho mais depressa terminará o dia.

– Automatize e delegue

Automatize certos processos, como as atualizações das redes sociais e os pagamentos mensais. Se tem um negócio, recorra a freelancers em regime de outsourcing em certas tarefas, como a escrita e gestão de blogs e de posts das redes sociais, de forma a reduzir o seu fluxo de trabalho diário.

É fundamental ter uma vida fora do trabalho para que se torne mais feliz, mais produtivo e mais bem-sucedido. Comece por coisas pequenas e vá progressivamente aumentando, num ritmo regular, em vez de querer fazer tudo de uma só vez.

Por onde vai começar a fazer (re)nascer a sua vida pessoal?