Entrevista/ “Os dados das empresas enfrentam uma taxa de decadência de 70% por ano”
A Reltio escolheu Lisboa para abrir o primeiro hub tecnológico na Europa. O Link To Leaders falou com Manish Sood, cofundador e presidente da empresa norte-americana de gestão de dados a nível global que trabalha clientes como Pfizer, L’Oréal, Xerox e AstraZeneca, sobre a estratégia de expansão e projetos para o futuro.
A Reltio, cujo cerne do seu negócio são os dados, anunciou a abertura do seu primeiro hub tecnológico na Europa. A escolha da localização recaiu sobre Portugal, mais propriamente em Lisboa. “Portugal tornou-se num centro empolgante de líderes, de negócios e de empresas de tecnologia com visão futurista. É um lugar onde queremos estar agora e no futuro, por várias razões. Em primeiro lugar, Lisboa é uma das cidades tecnológicas emergentes mais excitantes do mundo para viver e trabalhar e, além disso, oferece flexibilidade de trabalho e estilos de vida que são atraentes para imensas pessoas na nossa indústria”, explica Manish Sood, presidente e cofundador da tecnológica americana, ao Link To Leaders.
O novo hub, arranca com 60 pessoas e surge num momento de crescimento para a Reltio, que assegurou recentemente 120 milhões de dólares (cerca de 120 milhões de euros) em fundos próprios e conta com uma valorização de 1,7 mil milhões de dólares (aproximadamente 1,7 mil milhões de euros).
Através da sua plataforma MDM, a Reltio ajuda as empresas, a nível global, a controlar, ligar, filtrar e unificar – em tempo real – os seus dados de várias fontes numa única fonte de informação confiável.
O que levou a Reltio a escolher Portugal?
É perfeito para nós. Portugal tornou-se num centro empolgante de líderes, de negócios e de empresas de tecnologia com visão futurista. É um lugar onde queremos estar agora e no futuro, por várias razões. Em primeiro lugar, Lisboa é uma das cidades tecnológicas emergentes mais excitantes do mundo para viver e trabalhar e, além disso, oferece flexibilidade de trabalho e estilos de vida que são atraentes para imensas pessoas na nossa indústria.
Possibilita-nos apoiar os nossos trabalhadores e clientes em múltiplos fusos horários de todas as partes do mundo, e a cultura empresarial portuguesa promove a competitividade internacional de negócio e um ambiente de talento tecnológico. Procurámos um sítio onde a tecnologia, o talento e a inovação estivessem a prosperar e encontrámos a convergência dos três aqui, em Portugal.
“A nossa visão é fazer com que a Reltio Lisboa seja uma chave catalisadora para desenvolver as nossas capacidades tecnológicas e expandir o nosso leque de clientes em todos os sentidos”.
Quais são as expetativas para o mercado português?
A Reltio tem as expetativas elevadas. A nossa visão é fazer com que a Reltio Lisboa seja uma chave catalisadora para desenvolver as nossas capacidades tecnológicas e expandir o nosso leque de clientes em todos os sentidos. Precisamos de nos localizar nos melhores lugares possíveis, de forma a atrair e a reter talento para o nosso negócio e para uma maior aproximação para com os nossos clientes. No caso de Portugal, esta é a posição favorável para os nossos negócios, a localização, a cultura e o tempo.
Quais são os valores adicionais dos serviços da Reltio? O que vos diferencia da concorrência?
Primeiramente, a gestão de dados em tempo real. Trata-se da primeira oferta de SaaS MDM concebida para os desafios de dados atuais, com uma arquitetura API-first, integração em tempo real e curadoria de dados, correspondência baseada na aprendizagem mecânica, alterações flexíveis e rápidas do modelo de dados através da NoSQL, escala dinâmica de custo-eficácia; a cloud-nativa Saas comprovada (10 anos de experiência).
Depois o tempo rápido de valorização. Rápida criação de valor para os nossos clientes com o decorrer das semanas/meses, e não de anos, implementação especializada de casos de valor elevado, informação consolidada em tempo real, limpeza, validação, fusão e enriquecimento de uma fonte segura e fiável (master data).
Em terceiro lugar, o acesso fácil aos dados e em formato self-service: dados em tempo real com vista personalizável e centrada no utilizador; uma integração de Low-code/no-code com conectores pré-construídos; fácil de utilizar com interface intuitiva. As características de segurança e privacidade incorporadas são apoiadas pelas certificações: SOC 1, SOC 2, CFR21 Part 11 for GxP, HITRUST, TruSight, HIPAA, EU, APEC, and Swiss Privacy Shield; 24/7 monitorização de segurança e proteção contra ameaças; apoio à encriptação de dados em movimento e em repouso, e, por fim, a alta disponibilidade e recuperação de desastres (HA/DR) e atualizações: desenvolvida com proteção contra a perda de dados e atualizações sem tempo de espera, permitindo aos clientes utilizar continuamente os recursos mais recentes.
Dado o atual estado da economia, como pode a Reltio contribuir com valor para as empresas portuguesas?
A Reltio entrega valor em qualquer ambiente económico. A nossa plataforma desbloqueia o ativo mais valioso de qualquer organização em todas as indústrias atuais – os seus dados. A oferta de dados limpos e de confiança permite que qualquer organização se oriente pelos dados, tomando decisões mais inteligentes e informadas, enquanto serve os seus clientes e funcionários, aumentando as receitas e poupando dinheiro. Tudo isto é crítico para o mundo digital atual, especialmente agora em que as empresas estão focadas no crescimento das receitas, em tornarem-se mais eficientes, em poupar dinheiro e em reduzir riscos.
Com a plataforma cloud de dados SaaS, a Reltio é uma alternativa muito melhor e mais barata. Na verdade, um estudo recente da Forrester descobriu que o retorno do investimento pela implementação da Reltio foi de 366%, adicionando um valor atual líquido de 13 milhões de dólares [cerca de 13 milhões de euros] em receitas e em poupanças, com um reembolso de menos de 6 meses para um cliente composto (baseado em dados atuais dos clientes Reltio) com operações B2B e B2C.
“E continua a piorar, com o número de aplicações, de touchpoints e de dispositivos em constante desenvolvimento, o volume e a complexidade dos dados tornam-se incontroláveis (…)”.
Fundou a Reltio em 2011. O propósito permanece o mesmo?
Tive a ideia da Reltio porque encontrei três grandes tendências que estavam a guiar as rápidas mudanças no mundo, incluindo a adaptação das clouds, a transformação digital e o aumento do número de aplicações e dos silos de informação. Todos estes motivos permanecem relevantes e estão a aumentar. As organizações estão a passar por rápidas transformações digitais, mas estão a descobrir que desbloquear o valor dos seus dados é um enorme desafio. Além disso, atualmente, o estado organizacional dos dados é pobre – a maioria são silos fragmentados e inutilizáveis para tomar decisões de negócio sólidas, desenvolvendo o CX ou mitigando o risco empresarial.
De facto, as médias empresas utilizam 446 aplicações que são largamente desconectadas umas das outras, resultando em várias versões de dados. Os dados das empresas enfrentam uma taxa de decadência de 70% por ano. E continua a piorar, com o número de aplicações, de touchpoints e de dispositivos em constante desenvolvimento, o volume e a complexidade dos dados tornam-se incontroláveis, e 91% das organizações dizem que é desafiante desenvolver o seu uso de dados na tomada de decisões, e menos de metade das decisões são baseadas em informação quantitativa.
Como avalia estes 11 anos de atividade? Quais são os maiores desafios?
O mundo de hoje está muito diferente de há uns anos e a única constante é a aceleração da mudança. Atualmente, as organizações operam dentro de um ambiente muito complexo: vivemos num mundo cada vez mais digitalizado; 55% das interações são agora digitais. Cada organização está a tornar-se digital-first; as barreiras para entrar são agora drasticamente baixas e a inovação pode vir de qualquer lado. A capacidade de inovar rapidamente e em escala separa o mercado em dois: nos líderes e naqueles que os seguem.
Como resultado, os ciclos de negócio estão a encolher e a decisão rápida e a sua execução importa mais do que nunca. Daí, o sucesso neste ambiente altamente complexo requerer capacidades novas. Quer se esteja a tentar acelerar o crescimento ou a aumentar a eficiência, o sucesso depende de dados.
Quais são os setores mais desafiantes para a gestão de dados?
Cada setor é diferente em termos do tipo de dados que precisa para ser bem-sucedido, mas em muitos aspetos todos têm os mesmos problemas: aceder e confiar nos seus próprios dados. Trabalhamos com empresas em muitos setores e oferecemos soluções pré-concebidas específicas de cada indústria, o que acaba por tornar a implementação e o tempo de valor muito mais rápido.
Com que volume de negócios fechou em 2021? Quanto é que espera faturar este ano?
Desde o início, a Reltio angariou 237 milhões de dólares [236 milhões de euros] em financiamento total e foi avaliada em 1,7 mil milhões de dólares [1,7 mil milhões de euros] desde a última avaliação de fundos, no final de 2021 .Em junho, a Reltio atravessou o marco de 100 milhões de dólares [100 milhões de euros] em Annual Recurring Revenue (ARR), um marco significativo que deveu-se ao crescente interesse de todas as empresas da indústria em adotar as nossas soluções da cloud MDM, como parte das suas transformações estratégicas digitais.
E, na verdade, não existem muitas empresas que tenham alcançado este marco. Há mais de mil unicórnios no mundo atualmente – empresas avaliadas em 1 bilião de dólares [ cerca de 980 mil milhões de euros], ou mais –, mas só cerca de 160 delas é que atingiram o “estado centauro” que equivale a 1 bilião de dólares em valorização e mais de 100 mil milhões de dólares [100mil milhões de euros] ou mais em ARR.
Que países têm o maior peso na faturação da Reltio?
Como empresa privada, não divulgamos esse tipo de informação, mas o nosso software é usado por algumas das maiores empresas do mundo, incluindo marcas de empresas – de mais de 140 países, abrangendo múltiplas indústrias. Atualmente, temos 450 funcionários e servimos cerca de 130 clientes espalhados por cada indústria em todos os principais mercados do mundo. E é com imenso orgulho que admitimos servir empresas de todos os tamanhos, incluindo 14 da Fortune 100, e clientes globalmente reconhecidos como a Pfizer, L’Oréal, Xerox, CarMax, Takeda e a AstraZeneca.
“Este novo escritório em Lisboa é a nossa maior expansão até à data, o que demonstra o nosso crescimento e a nossa crença de que o mercado europeu tem mais oportunidades para a Reltio expandir o seu negócio, atrair talentos tecnológicos e servir sedes europeias com multipropósitos”.
Quais são os planos da Reltio para o futuro?
Temos uma grande oportunidade de continuar nesta trajetória de crescimento. Apesar de já termos estado na Europa durante vários anos, este novo escritório em Lisboa é a nossa maior expansão até à data, o que demonstra o nosso crescimento e a nossa crença de que o mercado europeu tem mais oportunidades para a Reltio expandir o seu negócio, atrair talentos tecnológicos e servir sedes europeias com multipropósitos.
Como imagina a Reltio em Portugal daqui a um ano?
Somos uma empresa em rápido crescimento, na vanguarda da tecnologia, e temos a necessidade de ter o melhor talento e o acesso aos clientes em todos os fusos horários do mundo. Portugal proporciona à Reltio tudo isso e estamos verdadeiramente entusiasmados por estar aqui. Acreditamos que esta localização dá-nos uma vantagem competitiva na escala dos nossos negócios e desempenha um papel fundamental no crescimento futuro da nossa empresa.
Respostas rápidas:
Maiores riscos: Fatores económicos como a recessão, taxas de juro elevadas, e uma crise ainda pior do que o esperado.
Maior erro: Não ter lançado a Reltio mais cedo.
A maior lição: Não estamos simplesmente a vender produtos, somos consultores de confiança para os nossos clientes e trabalhamos o seu bem mais valioso – os dados.
A maior conquista: Lançamento da primeira solução de gestão de dados de SaaS master em cloud.








