Portugal podia ter mais 280 mil empreendedores, diz OCDE

Nem todas as pessoas têm as mesmas oportunidades para transformar as suas ideias em negócios, conclui estudo da OCDE, que alerta para o potencial de crescimento e inovação que está a ser desperdiçado em Portugal.

Se em Portugal todos tivessem as mesmas condições para ser empreendedores, o país teria mais 280 mil pessoas a transformar ideias em negócios. A conclusão é da OCDE, que publicou um estudo sobre os “Empreendedores em falta” nos países da União Europeia e da OCDE, onde alerta para o potencial de crescimento e de inovação que está a ser desperdiçado.

“Nem todas as pessoas têm as mesmas oportunidades para transformar as suas ideias em negócios”, frisa a OCDE. “Poderia haver mais nove milhões de pessoas a começar e a gerir novos negócios na União Europeia – e 35 milhões nos países da OCDE –, se todos fossem tão ativos na criação de empresas como os homens em idade central (entre 30 e 49 anos)”, concluí.

O estudo verifica que há grupos populacionais sub-representados entre os empreendedores. A lacuna é particularmente evidente entre as mulheres, mas também há falhas consoante os grupos etários.

Para Portugal, o relatório conclui que 85% dos “empreendedores em falta” são mulheres e 60% têm mais de 50 anos. A nível da OCDE a desvantagem das mulheres e dos mais velhos também é identificada, embora seja ligeiramente menos gritante: no caso das mulheres a percentagem é de 75% e dos mais velhos é de 50%.

“As oportunidades perdidas devem-se a vários fatores, incluindo maiores dificuldades no acesso ao financiamento, lacunas de qualificações, redes de apoio subdesenvolvidas e barreiras institucionais”, lê-se no estudo, que dá como exemplos a falta de redes de apoio para a infância ou o desencorajamento social, referindo-se ao fenómeno em termos gerais.

Para combater este fenómeno, a OCDE recomenda aos governos que aumentem o financiamento para as start-ups, em especial para as pessoas que têm maiores dificuldades no acesso ao financiamento no mercado de crédito habitual, como por exemplo “as mulheres, os jovens e os imigrantes”, frisam os peritos. Também são precisos programas de melhoria das qualificações, sobretudo em literacia financeira, conhecimentos digitais e de negócios – áreas onde as lacunas são mais evidentes também entre os grupos sub-representados. E por fim, sugere que os apoios sejam mais direcionados, e calibrados à medida das necessidades.

Apesar da desvantagem de alguns grupos populacionais ser evidente em Portugal, o país está equiparado à média da União Europeia no que diz respeito às condições globais para o empreendedorismo. Segundo o estudo, Portugal está “entre o top 5 de países da União Europeia no financiamento a pequenas e médias empresas, qualificações e expectativas de empreendedorismo”.

O estudo dá também nota de uma incidência mais elevada de empreendedorismo em Portugal do que a média da União Europeia, sobretudo entre os mais jovens, e de melhores expectativas dos empreendedores.

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