Entrevista/ “A nossa presença em Lisboa faz parte de uma estratégia para acelerar as contratações”

A presença de talento nas áreas de engenharia e programação foi um dos argumentos que pesou na entrada da norte-americana PagerDuty no mercado português. Tim Armandpour, vice-presidente sénior de engenharia, explicou ao Link To Leaders as metas para o escritório de Lisboa e revelou estar a contratar em diferentes áreas.
A tecnológica norte-americana PagerDuty escolheu Lisboa para a abertura do seu segundo escritório europeu porque, como avançou ao Link To Leaders Tim Armandpour, vice-presidente sénior de engenharia da PagerDuty, a capital portuguesa oferece acesso a talento muito especializado. Depois de Londres, onde está presente há vários anos, a empresa escolheu agora Lisboa, porque tem um ecossistema de tecnologia local e de start-ups bastante sólido, para reforçar a sua expansão europeia.
No mercado nacional já trabalha com empresas como a Farfetch, a AiFi, a Mediatree, a Miniclip ou a Unbabel, mas tenciona integrar e impulsionar o ecossistema existente em todo o país.
O que levou a PagerDuty a escolher Portugal para abrir o segundo escritório europeu?
Houve vários fatores. Primeiro, a PagerDuty está a crescer rapidamente. No último trimestre, obtivemos um aumento homólogo de 33% nas nossas receitas. Depois a Europa continua a ser a nossa região com o crescimento mais rápido, sendo que as receitas internacionais tiveram um aumento homólogo até 41%. Em junho, criámos uma região de serviço europeia e, em agosto, Jill Brennan tornou-se na nossa vice-presidente da região da Europa, Médio Oriente e África, dada a sua crescente relevância no nosso panorama comercial global.
Temos, há muitos anos, um escritório em Londres, mas sabíamos que precisávamos de uma presença mais significativa no continente. Lisboa desenvolveu um ecossistema de tecnologia local e de start-ups bastante sólido, pelo que achamos que a cultura combinava perfeitamente. E, além disso, já contamos com empresas portuguesas como clientes, tais como a Farfetch, AiFi, Mediatree, Miniclip, Unbabel e VictoriaPlum. A existência de um nível elevado de proficiência em língua inglesa irá permitir a colaboração entre equipas. E o investimento por parte do governo português demonstra um empenho em apoiar empresas como a nossa.
No entanto, foi a presença de talento nas áreas de engenharia e programação que tornaram Lisboa na escolha lógica. A procura deste género de talento é bastante elevada e especialmente importante para a PagerDuty, tendo esta sido construída por programadores e focada em se tornar uma mais-valia para os utilizadores em todo o mundo. Não poderíamos estar mais entusiasmados por a próxima fase da PagerDuty ser concebida em Portugal.
“Planeamos contratar 100 profissionais altamente qualificados, em Lisboa, até ao fim de 2022 (…)”.
Quais os objetivos da empresa para Portugal?
Prevemos que a equipa portuguesa cresça rapidamente até aos 100 Dutonians (funcionários da PagerDuty) durante o próximo ano. Planeamos contratar 100 profissionais altamente qualificados, em Lisboa, até ao fim de 2022 para funções fundamentais como engenheiros de software e programadores ou, ainda, para as áreas de finanças e operações.
Como será feito o processo de recrutamento e que tipo de competências procuram mais?
O recrutamento será efetuado de forma ativa em Lisboa. O nosso plano é possuir um escritório multifuncional a representar as equipas de toda a nossa empresa. Daremos máxima prioridade a cargos como diretor-geral e encarregado da engenharia local, engenheiro de software, engenheiro principal de software, gestor de engenharia de software e gestor principal de produto. Os candidatos poderão também consultar a nossa página em para obter mais informações.
Quais as mais-valias que a PagerDuty pode aportar às start-ups portuguesas?
As empresas portuguesas como Farfetch, AIFi, Mediatree, Miniclip, Unbabel e VictoriaPlum já utilizam o PagerDuty, e tal como milhares de outras por todo o mundo que utilizam a plataforma, rapidamente tiram proveito da sua utilidade. O PagerDuty pode ser configurado em alguns minutos e possui mais de 600 integrações, o que significa que podemos facilmente encaixar e aumentar o toolkit de qualquer equipa. Proporcionamos um tempo médio mais rápido para a resolução e tempo de atividade melhorado pelos nossos clientes. Sendo assim, o PagerDuty é a melhor forma de gerir os projetos sensíveis, em questão de tempo, que são essenciais para manter os serviços digitais sempre acessíveis. Automatizamos esses mesmos projetos que permitem que as marcas mantenham uma relação de confiança com os seus clientes e prosperem num mundo digital. E funcionamos em nuvem, o que significa que podemos crescer juntamente com estas empresas.
Quanto à nossa presença em Portugal, tencionamos integrar e impulsionar o ecossistema existente, e em crescimento, por todo o país. Decidimos instalar-nos em Lisboa por causa do que existe. Independentemente da localização do escritório, seja este em São Francisco, Atlanta, Londres, Toronto ou Sidney, queremos também integrar-nos na comunidade local através do cenário local das start-ups e de iniciativas como a nossa, de impacto social, em PD.org. Esperamos que o mesmo se suceda em Lisboa.
Quais as grandes tendências do mundo da gestão de operações corporativas e do desenvolvimento de software nos dias de hoje?
Quer a transformação estivesse ou não em andamento antes da pandemia, hoje em dia todas as empresas estão voltadas para o meio digital. Isso significa expectativas elevadas por parte dos consumidores, perda de receitas e da fidelidade dos clientes por cada segundo de inatividade. Resumindo, tempo de atividade é dinheiro. A capacidade de adaptação, flexibilidade e a capacidade para gerir de forma proativa as operações digitais tornaram-se nos principais imperativos de atividade. Os programadores, os representantes do serviço de apoio ao cliente e as equipas responsáveis por manter aquela infraestrutura estão sob mais pressão do que alguma vez estiveram. E está tudo a acontecer num momento em que a transformação digital e as iniciativas de migração para a nuvem estão a ser aceleradas.
É exatamente o género de situação para o qual o PagerDuty foi desenvolvido. Somos assim uma infraestrutura fundamental para as equipas poderem gerir sistemas cada vez mais complexos no serviço das experiências do cliente. Estamos fortemente empenhados na automatização de toda a cadeia e adotamos uma abordagem de domínio não específico à AIOps (inteligência artificial para operações de TI) que se adequa às necessidades das empresas modernas.
Como pensa a PagerDuty tornar-se na nuvem de operações para as empresas modernas?
As empresas modernas precisam de flexibilidade rápida e visibilidade para verem conexões e dependências em todas as suas organizações. As equipas de programação necessitam do poder para exercer as suas responsabilidades para que possam ir além da reação às questões críticas e em direção à prevenção proativa de incidentes que poderiam afetar os seus negócios.
A PagerDuty encontra-se a desenvolver um novo modelo operacional para as empresas modernas. Habilitamos estas organizações e os indivíduos responsáveis pela experiência do consumidor a fim de prever e gerir os problemas proativamente. Equipamo-los com a automatização para detetar e abordar os projetos sensíveis em tempo-real, reduzir o trabalho e acelerar o tempo médio de resolução. A nossa plataforma de operações digital é de fácil utilização, rápida instalação e apresenta uma recuperação dos investimentos em semanas.
Já estamos a expandir a utilidade da nossa plataforma para outras indústrias, as equipas dentro de organizações e a diversidade de casos de utilização que podemos auxiliar. À medida que continuamos a crescer, esperamos chegar a novas empresas e é igualmente importante aumentar a nossa presença dentro das nossas empresas existentes.
Quanto faturou a PagerDuty em 2020 e quais as previsões para este ano?
No ano fiscal de 2020, que terminou a 31 de janeiro de 2021, a empresa obteve receitas no total de 213,6 milhões de dólares. Na nossa mais recente divulgação de resultados, prevemos lucros para este ano fiscal entre os 273 milhões e os 276 milhões de dólares, representando uma taxa de crescimento homólogo entre os 28% e os 29%.
“A Europa é a nossa região com o crescimento mais rápido. As receitas internacionais tiveram um aumento homólogo de 41% durante o segundo trimestre”.
Neste momento qual a cidade ou região que tem mais peso na faturação da PagerDuty?
A Europa é a nossa região com o crescimento mais rápido. As receitas internacionais tiveram um aumento homólogo de 41% durante o segundo trimestre. A nossa presença em Lisboa faz parte de uma estratégia para acelerar as contratações, à medida que ascendemos aos mil milhões de dólares em receitas anuais recorrentes.
E quem são os clientes de maior peso na atividade da PagerDuty?
Todos os nossos clientes são importantes. Embora tradicionalmente tenhamos tido uma base sólida de clientes na área da tecnologia, mais recentemente assistimos a um impulso e crescimento numa grande variedade de indústrias, incluindo serviços financeiros, setor automóvel, comércio eletrónico, assim como serviços de saúde e biotecnologia.
Como procuram padronizar a gestão de operações num mundo cada vez mais digitalizado?
Ao não procurar padronizar. A nossa plataforma de operações digital é flexível, de modo a atender às necessidades das organizações específicas e trabalharmos com todos os nossos clientes para assegurar que a plataforma satisfaz todas as suas necessidades. Ao priorizarmos mais de 600 integrações e continuarmos com a nossa abordagem de domínio não específico à AIOps, operamos no centro do ecossistema digital dos clientes. Num mundo onde todas as entidades priorizam o meio digital, temos a capacidade única para direcionar as organizações para uma maior maturidade operacional.
Respostas rápidas:
O maior risco: começar o meu próprio negócio com a minha esposa em 2007. Estava apenas a ajudar uma nova start-up a angariar um financiamento de Série A. Eramos recém-casados, tínhamos decidido começar a nossa empresa de iogurte gelado em São Francisco, uma marca nova do zero. Para tornar tudo ainda mais divertido e entusiasmante, descobrimos que iriamos ter o nosso primeiro filho seis meses antes de inaugurarmos a loja. Acabamos por encerrar uns anos mais tarde, mas aprendemos imenso sobre como fundar uma empresa, sobre nós mesmos como indivíduos e como companheiros na vida.
O maior erro: seguir uma nova oportunidade profissional apenas por questões financeiras. Depressa me apercebi de que estava a fugir de algo em vez de correr em direção a algo novo. Prometi a mim mesmo não voltar a cometer o mesmo erro.
A maior lição: isto pode soar clichê, mas continua repetidamente a provar ser verdade. Se conseguirmos ter as pessoas certas nas nossas equipas, então coisas fantásticas irão acontecer.
A maior conquista: fazer a minha parte para ajudar a PagerDuty a posicionar-nos mundialmente ao serviço dos clientes, crescer e desenvolver os membros da nossa equipa nas suas carreiras, e criar um impacto social positivo através da nossa filantropia em PagerDuty.org, onde trabalho como consultor e responsável executivo.