20 motivos que podem acabar com uma start-up

Não conhecer o mercado, falta de financiamento e não ter a equipa certa podem contribuir para ditar o encerramento de uma start-up, de acordo com um estudo.

Mais de 40% das start-ups podem fechar as portas simplesmente porque o mercado em que estão não existe ou não tem necessidade dos seus produtos e serviços. É esta a conclusão de um estudo realizado pela CBInsights, banco de dados de capital de risco.

Confira os 20 perigos que podem ditar o encerramento de uma start-up, segundo o estudo.

1. Não havia uma necessidade no mercado (42%)

As start-ups de sucesso são aquelas que resolvem um problema específico ou melhoram a experiência do utilizador. Pode ter uma boa tecnologia, uma boa base de dados, uma boa reputação, mas se o que criou não resolve nenhuma necessidade que o mercado procura, nem tem capacidade de ir escalando o mesmo, pouco pode fazer com ele.

2. Falta de financiamento (29%)

A falta de capital pode dever-se tanto à ausência de investidores que apostem no projeto, como à má gestão do mesmo. Muitas start-ups acabam por cair, inclusivamente depois de ter fechado várias rondas de financiamento, por não terem feito um bom controle da tesouraria. Há que saber dosear os gastos e aumentar os fundos adicionais, à medida que a empresa vai crescendo e o mercado se complica.

3. Não ter a equipa adequada (23%)

A falta de uma equipa multidisciplinar, onde a soma das diferentes aptidões permita puxar o projeto para a frente, foi citada com frequência como um dos pontos críticos. Neste aspeto, é importante analisar também a motivação de todos os integrantes, se partilham ou não a visão e o grau de compromisso com o projeto.

4. Demasiada concorrência (19%)

Esta é uma das conclusões que o estudo de mercado que o empreendedor deve realizar antes de lançar a ideia de negócio ou produto, mas que acaba por parece passar despercebida a um grande número de start-ups.  Em algumas ocasiões, a concorrência surge posteriormente, com atores no mercado muito mais fortes do que uma start-up, mas outras vezes deve-se a um excesso de confiança na vantagem competitiva do nosso produto, esquecendo que esto não envolve necessariamente descontentamento com o que já existe no mercado.

5. Não acertar nos preços (18%)

Antes de taxar um produto, há que averiguar se o mercado está disposto a pagar por ele e quanto. Fixar o preço é uma arte que procura o equilibro entre o demasiado baixo ou o demasiado alto, pelo que a decisão é importante.

6. Desenvolvimento de um produto pobre ou dececionante (17%)

Quantas mais expectativas levantar com o lançamento de um produto, maior é a obrigação de as cumprir. Neste sentido, é sempre melhor superá-las, dado que só um cliente bem impressionado vai divulgar a qualidade da sua marca e recomendá-la a outros amigos.

7. Não ter modelo de negócio claro desde o início (17%)

Na dinâmica do mundo das start-ups, o ato de mudar de rumo é visto como algo normal, mas um modelo de negócio é importante, pelo que as variações não devem ser muito radicais. Pode diversificar-se a oferta, dar o salto para a digitalização, optar pelos nichos que se manifestem mais ativos, mas ninguém aceitaria que, por exemplo, uma empresa nascida ao abrigo da economia colaborativa passasse, de repente, a aplicar preços abusivos pelos seus serviços.

8. Falta de marketing adequado (14%)

Alguns fundadores pensam que lançar um bom produto é suficiente. Está claro que, sem ele, não há marketing que valha, mas não faz sentido entrar no mercado sem saber a que público se deve dirigir. Além de focar as ações de marketing no target específico, é fundamental contar com um bom profissional nesta área.

9. Ignorar os clientes e estar enamorado pela sua ideia (14%)

Ignorar os utilizadores é uma forma provada e verdadeira de falhar. Tal como se dizia a propósito da concorrência, ocorre por vezes que os empreendedores passeiam a sua empresa como se se tratasse do “seu bebé”. Apaixonados pela sua ideia, ignoram os comentários adversos dos clientes, em vez de aceitar os seus avisos e incorporá-los no produto.

10. Timing (13%)

Tal como o preço, a regra aqui é nem demasiado tarde, nem demasiado cedo.  No primeiro pressuposto, a demora de um lançamento permite à concorrência antecipar-se e roubar-lhe a vantagem de oportunidade, enquanto que, se disponibilizar um produto demasiado cedo, pode deparar-se com o facto do mercado não estar suficientemente maduro para o absorver.

11. Perder o foco (13%)

Numa start-up convém ser flexível, rápido e valente para fazer as mudanças quando se deteta que algo falha ou aproveitar outras oportunidades que se identificam pelo caminho. Mas não deve esquecer que as mudanças exigem novos investimentos, tanto de tempo como de fundos, e que estes se podem dilapidar com muitas experiências.

12. Falta de entendimento entre os fundadores e os investidores (13%)

Seja por ignorar as ações que os investidores exigem, seja por um excesso de zelo e controlo dos investidores, o certo é que, em 13% dos casos, segundo o estudo que aqui se detalha, as start-ups acabam por fechar por falta de entendimento entre as partes. Mas a discórdia pode surgir também entre os cofundadores da start-up, um problema também fatal para as empresas.

13. Fazer mudanças mais ou menos profundas no modelo de negócio (10%)

Pode recorrer-se a mudanças em fases de crescimento da empresa, aproveitando a inércia. O risco radica em não fazer novos cálculos ou não os fazer sobre dados concretos. Há numerosos exemplos de mudança que funcionaram extraordinariamente bem, como o Instagram ou a Gillette, mas também as há que se perderam ao tomar um caminho errado.

14. Falta de paixão e persistência na equipa fundadora (9%)

É imprescindível que a equipa fundadora partilhe a paixão e o grau de compromisso com o projeto. Quando o interesse se concentra só em provar uma aventura empreendedora, é fácil cair perante a primeira adversidade.

15. Má localização da empresa (9%)

Não se trata somente de estar no momento adequado, mas também de o fazer no lugar adequado. Tem que haver congruência entre a nossa proposta de negócio e o ambiente e o cliente que nos rodeia, mesmo que rapidamente escalemos para outros mercados. É certo que há cada vez mais equipas que trabalham remotamente, fazendo um esforço extra na comunicação interna, mas mantêm sempre um centro de operações.

16. Falta de interesse por parte dos investidores (8%)

Parece pouco provável que um investidor arrisque o seu capital num projeto que não lhe interessa, mas pode acontecer que se guie só por motivos especulativos e de rentabilidade, o que o leva a perder o interesse por acompanhar a empresa, assim que consiga alcançar aquilo a que se propôs.

17. Mudança de legislação (8%)

Há maior risco de ser afetado por esta variável nos modelos de negócio disruptivos e nos mercados emergentes.

18. Falta de contactos (8%)

Afeta muitos dos que se estão a iniciar no mundo do empreendedorismo, que precisam, contudo, de uma grande rede de contactos. Isto é uma questão de tempo e de ir fazendo networking em fóruns e encontros de empreendedorismo. O outro erro é não saber usar os contactos que se tem para gerar sinergias que beneficiem a todos.

19. Esgotamento porque a vida do empreendedor é dura (8%)

Conciliar a vida pessoal e familiar com a laboral nem sempre é fácil na atividade de um empreendedor. A maioria aprende a contornar a situação, mas também há aqueles (pelo menos uns 8%) que não estão dispostos a tanta renúncia, pelo que acabam por abandonar.

20. Falta de flexibilidade (7%)

Se antes se falava dos riscos que envolve mudar de rumo, aqui faz-se referência ao perigo de se teimar em seguir com algo que não funciona, por muito que o mercado dê provas disso. A falta de perspetiva ou o apego excessivo à ideia acaba em 7% dos casos com uma empresa.

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