Start-up inglesa usa videojogos para combater a depressão
A Thymia criou uma plataforma que usa videojogos para avaliar e monitorizar a depressão e que recorre à neuropsicologia, linguística e machine learning.
Numa altura em que os problemas de saúde mental estão na ordem do dia, fruto do impacto da pandemia e dos inúmeros problemas que lhe estão associados, a start-up inglesa Thymia desenvolveu uma aplicação baseada em videojogos para combater a depressão.
Sedeada no Reino Unido e criada pela neurocientista Emilia Molimpakis e pelo físico Stefano Goria, depois de uma amiga próxima da neurocientista começar a sofrer de uma grave depressão, a Thymia assegura que a tecnologia utilizada na sua plataforma erradica a subjetividade das avaliações de saúde mental. Como? Em vez de responderem a questionários, os pacientes jogam videojogos especialmente concebidos para o efeito e que recorrem a neuropsicologia, linguística e machine learning para detetar sinais de depressão, bem como monitorizar se os sintomas estão a melhorar ou a piorar ao longo do tempo.
A Thymia recorre a atividades e desafios ao estilo de videojogos para os pacientes interagirem e descreverem verbalmente cenas animadas ou interagir com objetos em movimento. Assim, através dos vídeos, são detetados sinais de depressão. À medida que os utilizadores completam os jogos, o software analisa anonimamente três tipos de dados-chave: a voz, para averiguar pistas depressivas a nível acústico e linguístico; imagem, para avaliar micro-expressões e olhares que podem ajudar a rastrear o humor; e comportamento, o que pode ajudar a detetar a gravidade da depressão.
Depois disso, o software toma nota dos padrões de dados que identificam significativamente a depressão para chegar a um diagnóstico de forma mais rápida e precisa. Também revela se os tratamentos em curso, sejam terapias ou medicamentos, estão a funcionar. A par disso, a plataforma também é utilizada para capacitar e apoiar os médicos na tomada de decisões ao tornar a doença mental tão objetivamente mensurável como a componente física.
“A Thymia nasceu quando uma amiga tentou suicidar-se. Os seus amigos e médicos não perceberam os sinais de que estava tão gravemente doente, até porque o processo de acesso ao tratamento se baseava em metodologias desatualizadas que não se adequavam às complexidades e nuances de uma doença como a depressão”, explicou Emilia Molimpakis, citada na imprensa internacional.
A performance da start-up e do seu projeto, mobilizou o mercado de VC e, recentemente, a Thymia fechou uma ronda de investimento de 924 mil euros em que estiveram envolvidas a Calm/Storm, Kodori AG, Form Ventures e Entrepreneur First, entre outros businesss angels. Agora quer escalar a sua plataforma de avaliação e monitorização da depressão.
A cofundadora da Thymia lembra que “a depressão é um problema social e económico em constante crescimento. É uma das principais causas de incapacidade e suicídios e anualmente custa à economia do Reino Unido milhões em perda de produtividade. A Covid-19 agravou ainda mais a questão, desencadeando um “tsunami” de doença mental devido à falta de contatos presenciais, mas também aos seus efeitos sociais como o isolamento, perda de emprego e o luto”.
A Thymia tem vindo a colaborar com institutos de investigação, incluindo a UCL e o King’s College London, para ajudar a escalar o uso desta tecnologia para outras perturbações cognitivas.








