Opinião
Um passo gigantesco para a humanidade
Em julho de 1961, o homem pôs, pela primeira vez, os pés na Lua. Um feito notável, revelador da capacidade de a humanidade se exceder nos seus limites, um epigrama anti-pessimista sobre o nosso futuro e a capacidade de nos reinventarmos permanentemente.
Vale a pena relembrarmo-nos desse passo gigantesco para a humanidade numa época em que o pessimismo niilista e o criticismo exacerbado da nossa sociedade são predominantes.
O programa espacial norte-americano ainda hoje tem efeitos profundos sobre toda a inovação tecnológica de que beneficiamos. Toda a necessidade de produção de micro-componentes eletrónicos gerou a revolução da micro-informática que alterou completamente as nossas vidas. As necessidades de gestão da navegação das naves incluindo a acoplagem, a alunagem, descolagem e o regresso à Terra, obrigaram à produção de sofisticado software que permitiu subsequentemente enormes desenvolvimentos em tudo o que é navegação e gestão logística.
Este programa é paradigmático da importância da articulação do esforço de investigação entre os Estados e as empresas. O Governo americano estabeleceu um objetivo aspiracional – que tinha também objetivos políticos de combate à ameaça soviética -, comprometeu-se com um enorme esforço financeiro e mobilizou o setor privado em todas as frentes para alcançar os objetivos traçados.
O resultado imediato desse esforço foi os EUA terem sido os primeiros e únicos até hoje a colocar homens na Lua, mas o resultado mais duradouro foi toda a vantagem competitiva que os americanos alcançaram em todas as frentes estratégicas, quer na dimensão militar quer na dimensão civil.
Naturalmente que o ambiente competitivo e aberto em que funciona a sociedade americana e a economia americana criou o caldo ideal para que todo este esforço gerasse resultados muito para além dos que na altura foram planeados. Isto é, apesar do papel do Estado em todo o programa, o setor privado e a existência de uma economia aberta e competitiva – em que os recursos são afetados de forma eficiente e onde os projetos não geradores de valor são rapidamente liquidados e substituídos por novas iniciativas – foram e são determinantes no aproveitamento eficiente dos esforços de investigação desenvolvidos.
É por isso que a Europa continua a ser confrontada com uma disparidade profunda entre o esforço dos Estados ao nível de I&D e a capacidade de transformação da mesma em soluções e produtos verdadeiramente competitivos e ganhadores. Para isso há que desregular mais, reduzir o papel dirigista e intervencionista do Estado e flexibilizar o movimento e afetação dos recursos (humanos e capital).








