Correr com venture capital ou voar com os business angels: tudo o que precisa de saber

A primeira principal diferença entre estes investidores é que os business angels investem o seu próprio dinheiro, tempo e perícia em empresas não cotadas, enquanto os capitalistas de risco investem em nome dos acionistas. Mas há muitas outras diferenças. Descubra-as neste artigo.
Habitualmente os business angels são mais pacientes e mais dispostos a trabalhar durante mais tempo com as start-ups quando comparados com os investidores de capital de risco. Isto deve-se em parte ao facto de os investimentos de business angels muitas vezes não terem os mesmos constrangimentos de tempo que no caso dos venture capital, segundo Tomi Davies, investidor nigeriado do ABAN Angels.
Em mercados que ainda estão a despontar para as start-ups, como é o caso do africano, o financiamento ainda está numa fase embrionária, embora já tenha evoluídos e se notam vários investimentos, tanto em tecnologia como noutras áreas. Nesta região o investimento por parte de business angels ainda é raro, mas começa a aparecer em especial no eixo Nigéria, África de Sul e Quénia e a confusão sobre os termos venture capital e business angel ainda é mais notória.
Mas afinal quais as diferenças entre um business angel e capital de risco?
Os business angels são indivíduos que investem o seu próprio dinheiro em algumas empresas, fazendo-no com gestão financeira ou fundos de investimento profissional. Regra geral, estes investidores investem em projetos onde a experiência operacional pessoal é uma mais-valia para os negócios ou liderança em algumas empresas. Este histórico tem uma grande influência no tipo de indústria em que vão investir e o tipo de empreendedores que lhes transmitem a confiança para investir.
Por outro lado, os investidores de risco podem ser ex-empreendedores, provenientes de um banco de investimento ou de uma administração financeira. Isto influi no tipo de empreendedores com quem interagem e como os avaliam. Além disso, os capitais de risco são sempre de uma empresa ou de empresa que agrupa dinheiro de grupos de investidores num fundo coletivo para investir em start-ups. Estes geralmente têm uma maior tolerância ao risco quando comparados aos business angels. Em última análise, os business angels podem correr mais riscos porque estão a usar o seu próprio dinheiro.
Os valores do investimento
Os investidores de capital de risco investem maiores somas de dinheiro e com mais frequência do que os business angels. Se uma start-up pretende contactar um business angel para potencial investidor, o fundador deve ter consciência do volume de investimento que poderá obter. Os business angels costumam investir entre 25 mil dólares (22 mil euros) a 100 mil dólares (88,6 mil euros), porém em alguns casos se concentrarem todos os recursos num só financiamento pode chegar aos 750 mil dólares (664.6 mil euros), avança o site Weetracker. O investimento de um business angel é uma solução rápida, mas esta solução pode não ser capaz de responder a todas os requisitos de capital de uma empresa devido ao facto de ter uma capacidade financeira relativamente limitada.
Por outro lado, os investimentos médios de capital de risco rondam os 7 milhões de dólares (6,2 milhões de euros) numa start-up. O dinheiro parado não rende, então é comum os investidores de capital de risco investirem noutro lugar antes que os fundos sejam realocados numa start-up.
Além disso, as empresas de capital de riscos geralmente não recebem 100% do dinheiro investido antecipadamente, pelo que periodicamente emitem pedidos de capital aos seus sócios comanditários (LP – limited partners), solicitando sua próxima parcela do investimento.
Diferentes fases para diferentes investidores
Os business angels muitas vezes focam-se em investir em empresas que estejam numa fase inicial e também se especializam no financiamento de desenvolvimentos técnicos em fases um pouco mais avançadas ,e entrada antecipada no mercado. Ou seja, nos estágios iniciais é mais provável uma start-up encontrar apoio num business angel e com o passar do tempo poderá fazer sentido aproximar-se de uma empresa de capital de risco.
Os fundos fornecidos pelos business angels podem fazer a diferença quando se pretende pôr o negócio a mexer. Os business angels preocupam-se em ajudar as start-ups a escalar o negócio para um nível significativo e em alguns casos os capitalistas de risco (ou investidores em capitais próprios) fazem investimentos mínimos que podem “sufocar os negócios acabados de nascer”. Isto apesar das empresas de capital de risco poderem ter interesse em start-ups que apresentam potencial de crescimento substancial em qualquer fase. Os investidores de risco interessam-se por negócios que demonstrem apacidade de escalar e que possam vir a ter sucesso.
Posicionamento “celebridade” vs “discreto”
Os investidores de risco no mundo do investimento são autenticas “celebridades”. Por outro lado, os business angels são mais reservados e discretos. Na maioria das vezes, as identidades dos business angels são mantidas em segredo quando investem numa start-up, mesmo que a quantia injetada seja conhecida publicamente. Os business angels são mais difíceis de encontrar, porque querem ter uma atitude mais discreta e ponderada em relação aos negócios. Se os business angels estão muito expostos, o mais provável é que seja soterrado com pedidos de empresários para financiamento. Isto porque as start-ups sabem que o financiamento dos business angels é mais fácil de conseguir do que das venture capital.
Impacto do investimento
Quando uma start-up recebe financiamento de capital de risco, a empresa precisa de ter em atenção o desenvolvimento do negócio, pois os fundos de capital de risco são obrigados a dar retornos aos seus sócios comanditários. Para tal, a start-up deve produzir ótimos retornos, por exemplo, até 30 vezes mais por financiamento.
Para compensar os maus empreendimentos anteriores, os capitais de riscos pressionam as empresas onde investem a ir mais além, o que poderá envolver grandes gastos e assumir grandes riscos calculados, na medida em que tem o potencial de transformar a start-up num unicórnio bem-sucedido.
Os business angels, por muito diversificados que sejam, nem sempre querem forçar as start-ups a assumir riscos imprudentes como os fundos de risco podem fomentar. Uma vez que estão a investir o seu próprio dinheiro, os business angels oferecem orientação e acesso a redes de contactos.
Por outro lado, as empresas de capital de risco ocupam assentos no conselho de direção da empresa e reforçam a sua capacidade de influenciar a start-up, porém os business angles não. Eles preferem não pressionar, mas aconselham a start-up a tomar melhores decisões de negócios.