Entrevista/ “Os ativos digitais vieram para ficar”

Nuno Ferreira, CTO da Uphold

“As oportunidades em torno de stablecoins e tokens de depósito são enormes e mostram como o setor está a evoluir”, afirma Nuno Ferreira, CTO da Uphold.

A Uphold é uma empresa de tecnologia financeira pioneira no setor das criptomoedas em Portugal e associada da Porto Tech Hub. Quer fortalecer a sua presença no Norte do país e consolidar o seu papel no ecossistema tecnológico português, permitindo a indivíduos e empresas comprar, vender, guardar e trocar ativos digitais.

Em entrevista, o CTO da empresa fala da relação dos portugueses com as criptomoedas, da inovação financeira digital e do talento nacional. E sublinha que país é um principais centros de engenharia da empresa.

Qual o balanço que faz do percurso da Uphold em Portugal até agora? Dentro das expetativas?

Muito positivo. Portugal tem sido uma história de sucesso dentro da Uphold. Temos equipas altamente qualificadas, com enorme impacto global, e continuamos a crescer de forma consistente.

A que se deveu a aposta da Uphold em Portugal? O que encontraram aqui de diferenciador para que optassem por este mercado, apesar de relativamente pequeno quando comparado com outros?

A ligação começou de forma natural – a Uphold teve desde cedo uma relação próxima com os fundadores e membros originais da equipa em Portugal. O talento, a qualidade técnica e a cultura colaborativa foram determinantes.

Além de Porto e Braga, que planos de expansão têm para o mercado português?

O nosso foco é continuar a crescer nas operações de Porto e Braga, que têm sido polos de talento excecionais para nós. Temos já um histórico de crescimento muito positivo no país, com aquisições anteriores – Scytale e Moxy – que foram verdadeiros casos de sucesso de integração, o que nos motiva muito neste caminho.
Estes foram momentos que nos permitiram, inclusive, encontrar profissionais essenciais para o nosso crescimento, como foi o caso dos atuais CIO (Chief Innovation Officer) e CDO (Chief Delivery Officer), entre muitos outros, que são membros centrais da nossa operação. Estamos, sem dúvida, muito entusiasmados para continuar a evoluir.

Qual o peso da operação portuguesa no seio do grupo?

Muito significativo. Esta é, hoje, a geografia com maior peso em termos de número de colaboradores e um dos principais centros de engenharia da empresa, que representa a maioria da operação, que deverá continuar a crescer nos próximos anos.

“(…) vimos na Porto Tech Hub um parceiro essencial para continuar a crescer nesta região (…)”.

Qual a mais-valia de estar associada ao Porto Tech Hub? 

Estando presentes no Norte do país, vimos na Porto Tech Hub um parceiro essencial para continuar a crescer nesta região, fortalecendo este ecossistema tecnológico de excelência. Através de todas as iniciativas e parcerias dinamizadas pela associação, esta é, sem dúvida, uma forma de estarmos ainda mais próximos da comunidade tecnológica local e de contribuirmos ativamente para o seu desenvolvimento.

Há sinergias entre as várias operações mundiais da Uphold? A que nível?

Claro, sem dúvida. Na Updhold operamos como uma única equipa global. As nossas equipas colaboram diariamente entre si, pelo que não há fronteiras funcionais.

De que forma o ADN norte-americano interfere na operação portuguesa da Uphold?

A energia e a ambição típicas das empresas americanas estão muito presentes na cultura Uphold em Portugal. Existe sempre um espírito de superação e de inovação que faz parte da forma como trabalhamos e respondemos aos desafios. Na Uphold nunca nos acomodamos.

Mas os portugueses são adeptos de criptomoedas? Estão a corresponder às vossas propostas?

Sim, sentimos um interesse crescente, porque esta é uma área que está efetivamente a evoluir em Portugal. Além disso, é também muito gratificante ver o entusiasmo das pessoas que trabalham connosco. Achamos que o crescimento das nossas equipas e a qualidade do trabalho que fazemos falam por si.

Estão num processo intenso de contratação de talentos até 2026. Quais as áreas estratégicas para a empresa? Porquê?

A Uphold está a crescer em várias frentes, com uma intenção de reforço de mais de 150 pessoas para Portugal. Destacaria, ainda assim, as áreas de produto e de engenharia como as mais estratégicas, pois são fundamentais para o nosso futuro, para continuarmos a oferecer soluções de excelência.

Com mais de 16 milhões de utilizadores e operações em 180 países, quais são, globalmente, as ambições para o próximo ano?

Continuar a crescer, sem dúvida. Mas, mais do que isso, queremos consolidar a nossa posição como líderes de mercado e referência em inovação financeira digital.

“(…) segurança faz parte do nosso ADN (…) é uma área absolutamente crucial (..)”.

Numa altura em que a cibersegurança está na ordem do dia, como é que a Uphold, sendo uma empresa que atua numa área tão sensível como as criptomoedas, convive com esta questão?

Atuando nesta área, a segurança faz parte do nosso ADN desde o primeiro dia. Sabemos que esta é uma área absolutamente crucial, que exige uma preocupação e atenção reais, e temos, por isso, princípios muito fortes de segurança e uma cultura interna de “safety first”.

Os ativos digitais são uma “moda” ou já são uma realidade sem retorno?

Acreditamos que a realidade já se impôs. Basta olhar para a regulação que está a acontecer nos principais mercados. Esta não é mais uma moda, é algo que irá continuar a marcar a realidade: os ativos digitais vieram para ficar.

Dado o acelerado avanço tecnológico da área financeira, que tendências perspetiva para o vosso setor de atividade?

Estamos especialmente entusiasmados com o movimento dos players tradicionais da área financeira para o mundo dos ativos digitais. De facto, as oportunidades em torno de stablecoins e tokens de depósito são enormes e mostram como o setor está a evoluir.

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