Empresas investidas por capital de risco geram 12 vezes mais vendas e empregam 15 vezes mais

O estudo que o ISCTE realizou para a APCRI – Associação Portuguesa de Capital de Risco estima que as empresas financiadas pelas sociedades gestoras de private equity e de venture capital movimentam 21,7 mil milhões de ano e cada uma delas paga, em média, 2,2 milhões de IRC em cada exercício.

As empresas em que as sociedades gestoras de private equity e de venture capital têm investido em Portugal geram, em média, um volume de negócios 12,3 vezes superior ao da média nacional por empresa, para além de empregarem 15,1 vezes mais pessoas. Segundo o estudo “Impacto do Capital de Risco em Portugal – Emprego, Crescimento e Internacionalização”, realizado pela segunda vez pelo ISCTE para a APCRI – Associação Portuguesa de Capital de Risco, 49% do volume de negócios das empresas investidas são exportações, uma das razões para que estas apresentem resultados anuais muito superiores à média das empresas nacionais (ver Estudo em anexo).

O estudo é da autoria de Paulo Viegas de Carvalho e de Carlos Manuel Pinheiro, docentes e investigadores do ISCTE, e sublinha “o papel estratégico” da indústria de capital de risco “como catalisador de crescimento e como instrumento de reforço da competitividade da economia portuguesa, especialmente em contextos macroeconómicos adversos”. No entanto, sublinham os universitários, “o investimento em capital de risco em Portugal corresponde a 0.053% do PIB”, um indicador que coloca Portugal na cauda da União Europeia mas que permite antecipar o impacto muito positivo para a economia portuguesa que virá com o aumento destes investimentos.

“Para um Governo que colocou o crescimento económico como a primeira prioridade desta legislatura, é muito importante que os ministérios da Economia e das Finanças saibam, com precisão académica, que há um setor que investe capital privado nas empresas portuguesas e que, através da sua gestão, as torna bastante maiores, mais eficientes, mais inovadoras e mais exportadoras do que a média nacional”, afirma Stephan de Moraes, presidente da APCRI.

Segundo Stephan de Moraes, este setor merece ter melhores condições para investir. “Os resultados apurados pelo ISCTE são o melhor estímulo para que o Governo concretize rapidamente duas medidas do Programa que em junho apresentou à Assembleia da República: a constituição de um fundo de fundos sob gestão do Banco Português de Fomento; e incentivos a investidores institucionais, como fundos de pensões ou seguradoras, para que participem em fundos de Private Equity e de Venture Capital que invistam em empresas nacionais”, refere.

As projeções do ISCTE apontam para um volume de negócios anual das empresas financiadas por capital de risco de 21,7 mil milhões de euros, correspondendo a 177 mil empregos. O impacto fiscal do setor é também muito relevante: em 2023 as empresas analisadas pagaram uma média de 2,2 milhões de euros de IRC por empresa, “contribuindo significativamente para as finanças públicas” conforme o estudo sublinha.

Média por empresa: 125 trabalhadores e 15,3 milhões por ano

Segundo os investigadores do ISCTE, a rotação do ativo e a rentabilidade das empresas participadas pelas sociedades gestoras têm um nível “muito acima do observado para a média nacional, demonstrando o contributo do capital de risco para a eficiência do investimento, a sustentabilidade financeira e a criação de valor”.

“O impacto destes investimentos na economia portuguesa é claro e está alinhado com o que acontece noutros países: os investimentos em empresas por fundos de private equity e venture capital trazem capitalização, melhor gestão, maior escala, mais internacionalização, gerando vendas, rendibilidades e produtividades muito acima das que não recebem este investimento”, afirma Stephan de Moraes. “Imagine-se o impacto que terá na economia quando o Private Equity em Portugal tiver a mesma expressão que tem nas economias mais desenvolvidas: é transformador”, conclui o presidente da APCRI.

A capacidade das sociedades gestoras “mobilizarem recursos significativos e de fomentarem empresas com desempenho superior ao da média nacional, evidencia o potencial transformador deste modelo de financiamento sobre o tecido empresarial português”, lê-se no estudo do ISCTE.

“Um ponto relevante do estudo é que, nas empresas apoiadas por private equity e venture capital, o EBITDA [lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortizações] médio é de 1,5 milhões, face aos 200 mil euros da média nacional, ou seja, 7,5 vezes mais”, afirma o presidente da APCRI, Stephan de Moraes. “No Private Equity o EBITDA médio é de 5 milhões, 25 vezes mais do que a média nacional”. Segundo o presidente da APCRI, “os valores apurados pelo ISCTE refletem a capacidade das empresas participadas para recuperarem a partir de níveis iniciais reduzidos de rendibilidade, o que é especialmente evidente no segmento de Venture Capital”.

A orientação que o segmento de private equity tem para os mercados externos significa para o ISCTE que “o capital de risco poderá desempenhar um papel importante na promoção da internacionalização da economia portuguesa”.

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