Bodega, a start-up de dois ex-trabalhadores da Google odiada pela Internet

A Bodega quer substituir as mercearias e lojas de conveniência com uma simples app e uma máquina de venda automática. A Internet não gostou. Saiba porquê.

Dois antigos funcionários da Google, Paul Mcdonald e Ashwath Rajan, juntaram-se para criar a Bodega, uma máquina que pretende substituir as pequenas mercearias e lojas de conveniência dos Estados Unidos. O projeto, segundo Paul McDonald, promete acabar com as zonas “de compras que já não vão ser necessárias. Eventualmente, vão haver 100 mil Bodegas espalhadas pelo país, com uma situada sempre a 30 metros de distância de ti”.

A ideia é colocar as máquinas de venda automática em halls de prédios, de ginásios, na rua, escolas, escritórios…ou seja, onde quer que haja público interessado. Para desbloquear e conseguir aceder aos artigos da máquina, os utilizadores têm de utilizar a app da start-up, inserir o número da máquina de venda e retirar os produtos. Posteriormente, o valor dos artigos retirados é descontado no cartão de crédito.

O negócio desenvolvido pelos dois antigos funcionários da Google parece inofensivo, mas afinal revoltou a internet. Porquê? Foi o nome: Bodega, que é associado a pequenas mercearias/ lojas de conveniência. A pergunta colocada aos dois cofundadores foi: “como é que ousam chamar ‘Bodega’ a um substituto das lojas de conveniência?!”

Bodega

Um exemplo de uma das máquinas da Bodega.

O descontentamento agravou-se quando os dois cofundadores da Bodega disseram que o nome tinha resultado, pelo menos, junto da comunidade latina a viver no país. A equipa deu-se ao trabalho de recolher opiniões junto das pessoas que, supostamente, poderiam achar o nome ofensivo e a conclusão foi que 97% disseram que não, que o nome não era ofensivo. Tyler Perry, um colaborador do TechCrunch que escreveu sobre o assunto, juntou uma nota num artigo sobre a start-up onde refere que “se acham que precisam de fazer um inquérito junto de um grupo étnico para ver se o vosso nome é ofensivo, simplesmente mudem-no”.

(Fica aqui um bom exemplo para os empreendedores: se tiverem uma crise de reputação não tentem resolver o assunto sozinhos, contratem alguém que vos possa ajudar. Podem muito bem saber como desenvolver uma ideia de negócio, mas comunicar com o público é um desafio diferente, especialmente quando a empresa é alvo de críticas negativas. Contratar especialistas em relações públicas pode ser benéfico para o negócio.)

O problema aqui terá sido a forma como os dois ex-funcionários da Google responderam ao público e como aclamaram querer substituir as lojas de conveniência. Milhares de tweets foram lançados a questionar as intenções da Bodega. Pelos vistos as pessoas não acham piada a uma empresa que diz que vai substituir o merceeiro com quem já criaram uma relação de largos anos, vá-se lá perceber porquê. A Citylab recolheu as 30 maiores queixas da internet num artigo, fica aqui o link.

Mas, nem todas as queixas são negativas. Caroline Cakebread, jornalista do Business Insider, foi à procura de uma Bodega – das máquinas de venda, não de uma mercearia – para poder criticar o produto. As conclusões foram surpreendentemente boas. Apesar de ter sido relativamente complicado encontrar numa das máquinas, a jornalista chegou à conclusão de que os artigos vendidos têm o mesmo preço, ou mais barato, que os vendidos pelas lojas de conveniência. A conclusão principal que Cakebread retira do serviço é que, apesar de ser bastante útil, não vai substituir as lojas. O argumento é sustentado pelo facto das máquinas não venderem álcool, tabaco, fruta ou tantos outros produtos que são essenciais às pequenas lojas locais.

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