Portugal tem uma das participações femininas mais elevadas no mercado de trabalho da UE

84% das mulheres em Portugal entre os 25 e os 54 anos estão a trabalhar, uma percentagem muito acima da média da União Europeia (77%), o que faz do país o 4.º com a taxa de emprego mais elevada, segundo a Pordata.
Portugal é o 4.º da UE com taxa de emprego de mulheres elevada. O país, neste indicador, aproxima-se mais dos países do norte da Europa do que dos países da designada “Europa do Sul”. Itália, Grécia e Espanha são dos países que têm menor participação de mulheres deste grupo etário no mercado de trabalho (63,8%; 66,1% e 69,1% respetivamente). A conclusão é da Pordata, a base de dados estatísticos da Fundação Francisco Manuel dos Santos, que, na véspera do Dia da Mulher, apresenta um conjunto de indicadores que permite caracterizar o perfil e o papel da mulher em Portugal.
Segundo o retrato da Pordata lançado hoje, as mulheres estão em maioria no país (52%) e a sua proporção aumenta gradualmente ao longo dos escalões etários: a partir dos 100 anos, há 4 vezes mais mulheres do que homens. Outro dado relevante diz respeito ao facto de as mulheres portuguesas têm vindo a adiar a maternidade, com a idade ao primeiro filho a ultrapassar os 30 anos e um aumento significativo da taxa de fecundidade nas faixas etárias mais avançadas (entre os 40 e os 49 anos) enquanto as gravidezes na adolescência diminuíram.
Além disso, Portugal está entre os países da UE com menos jovens mulheres nem-nem (dos 15 aos 29 anos que nem trabalham nem estudam), destacando-se pela menor taxa de abandono escolar feminina e maior presença no ensino superior, embora os homens ainda predominem em duas das três áreas STEM, onde os salários tendem a ser mais altos.
Outra das conclusões é que Portugal tem uma das maiores taxas da União Europeia de participação feminina no mercado de trabalho, e as mulheres trabalhadoras fazem-no, essencialmente, a tempo inteiro. Apesar disso, há uma grande precariedade dos vínculos contratuais: quase uma em cada cinco mulheres tem um contrato de trabalho temporário.
Em todas as categorias de profissões (grandes grupos de profissões, dos Quadros de Pessoal 2022) há uma disparidade de ganhos entre homens e mulheres – sem exceção, e penalizadora para a população trabalhadora feminina.
Quase metade (49%) das mulheres empregadas trabalhavam em três das categorias de profissões que auferem remunerações mais baixas. Na categoria de trabalhadores não qualificados, as mulheres representam 69% do total dos trabalhadores (face a 31% de homens), escreve ainda a Pordata.
Quando aos valores que ganham, as mulheres em Portugal ganham, em média, menos 16% do que os homens, com uma diferença de 238€ no ganho médio mensal. A desigualdade salarial aumenta com a progressão na carreira, atingindo uma diferença de 26% nos cargos de topo, o que equivale a menos 760€ por mês para as mulheres.
A presença feminina em cargos de liderança ainda é significativamente inferior à dos homens. Nos órgãos de decisão das empresas, havia menos de uma mulher para cada quatro homens (17%) em cargos seniores, o que coloca Portugal em 22º lugar entre os países da União Europeia.
A vulnerabilidade das mulheres é evidente ainda no risco de pobreza. No geral, é mais elevado do que nos homens; e em particular, mais elevado nas mulheres com 65 anos ou mais; e maior também nas famílias monoparentais com filhos (onde uma grande maioria – 90%, o adulto sozinho com as crianças é mulher).