Opinião
2030? É já amanhã.

Quantas empresas não implementaram práticas de governança transparentes e éticas? Quantas empresas não adotaram práticas sustentáveis para minimizar o impacto ambiental? Quantas empresas não reconhecem o seu papel na promoção da justiça social e equidade? Todos gostaríamos de dizer nenhuma. Mas ainda não é assim.
Foi em 2004 que Kofi Annan, então secretário-geral das Nações Unidas, desafiou as grandes empresas a integrarem fatores sociais, ambientais e de governança nas suas políticas de gestão. E desafiou essas empresas a fazê-lo até 2030. Nascia assim o ESG (Environment, Social and Governance) e a ideia de fazer a agenda de alguns na agenda de todos.
O desafio inicial de Kofi Annan fez o seu caminho. O ESG foi ganhando importância e tornou-se parte do discurso e da agenda. Mais como instrumento de relações públicas do que mecanismo de gestão. E isso foi mudando.
O aumento da consciencialização sobre as mudanças climáticas, as desigualdades sociais e a necessidade de uma governança ética, colocou o ESG como um componente central das estratégias empresariais.
Em paralelo, as regulamentações mais rigorosas da União Europeia, como o Plano de Ação para o Financiamento Sustentável e a Taxonomia da UE, vieram exigir que as empresas adotem práticas sustentáveis e transparentes. E, por último, não menos importante, e, sim, um fator essencial, que são os investidores e consumidores, que estão cada vez mais atentos ao compromisso das empresas com os valores do ESG, tornando-o fundamental para a competitividade e longevidade das empresas no mercado europeu.
Com este mesmo propósito, há vinte anos, era criado em Portugal o GRACE – Empresas Responsáveis. Uma associação fundada por um grupo de empresas visionárias que abraçou a meta de 2030 criando um instrumento que apoiasse as organizações a passar das palavras aos atos. Das intenções às ações. E de fazer do ESG uma realidade para todas as empresas nacionais.
Foi este o desafio e a responsabilidade que aceitamos quando, em abril deste ano, fomos eleitos para a direção do GRACE. Um desafio pessoal e profissional aceite que com a consciência de que muito há para fazer. E de que 2030 é já amanhã.
*Isabel Barros, em representação da Sonae SGPS