The Holmes Report divulga as questões críticas das relações públicas em 2019

O The Holmes Report reuniu dados dos 10 estudos mais relevantes em liderança de pensamento dos últimos 12 meses que lançam uma nova perspetiva sobre questões fundamentais na área de relações públicas.
A liderança de pensamento é provavelmente a forma mais eficaz de marketing para a maioria das empresas de serviços, pelo que não é surpresa que o setor de Relações Públicas (RP) tenha produzido uma série de estudos e pesquisas a este respeito em 2019.
O The Holmes Report recolheu informação sobre áreas bem estabelecidas de propriedade intelectual e reuniu os 10 documentos mais importantes em liderança de pensamento dos últimos 12 meses que lançam uma nova visão sobre algumas questões fundamentais na área de RP. Uma das conclusões: as RP ainda têm muito trabalho a fazer no que diz respeito às suas próprias relações públicas.
O papel em evolução do CCO
Para o The Holmes Report, a pesquisa talvez mais impressionante deste ano concentrou-se no papel, em mudança, do responsável de comunicação (CCO, Chief Communications Officer) e traz, sobretudo, boas notícias.
Seis anos após o The Holmes Report ter questionado se o diretor de comunicação era uma espécie em extinção, a Page Society e a APCO Worldwide fizeram um survey que constata que o papel do CCO está a expandir-se para quatro áreas-chave: responsabilidade cada vez maior pela gestão da marca; manter a cultura da empresa robusta; um foco mais central no objetivo da empresa; e um investimento significativo em tecnologia.
Mais boas notícias partem de uma análise focada nas empresas mais éticas do mundo, que indica que “a procura por marketing e comunicação parece estar a crescer quando se trata de criar uma cultura de integridade, de comunicar valores da empresa e de criar confiança na marca”.
David Herrick, managing principal na EthicOne, baseia esta afirmação nos resultados de um estudo realizado com a Ethisphere. Ao entrevistar executivos de 135 companhias na lista de 2018 das “Empresas mais éticas do mundo”, concluiu que a comunicação é um elemento crítico na construção de uma cultura e reputação éticas, e que comunicar os valores da companhia é cada vez mais importante.
Outro documento relembra que o status real da profissão de RP no mundo ainda é misto. Um relatório encomendado pela Releasd mostra que 40% dos executivos não consideram que as RP aportam valor aos seus negócios, e dois em cada 10 nem sabem o que significa “RP”. Mais uma prova de que as RP ainda têm muito trabalho a fazer no que diz respeito às suas próprias relações públicas.
Assumir uma posição
Em 2018 o The Holmes Report destacou vários estudos focados no crescente cruzamento entre negócios e política, a maioria dos quais sugeria que as empresas precisavam de ser mais ousadas quando se trata de assumir posições sobre questões sociais. Este ano houve uma nova pesquisa mais sólida neste aspeto, embora os resultados talvez tenham mais nuances.
Um survey da empresa de medição de reputação Echo Research demonstra que dois terços das pessoas com menos de 35 anos nos EUA e no Reino Unido já participaram em marchas ou protestos, escreveram para empresas ou governo, ou assinaram petições. A pesquisa “Populismo versus Capitalismo”, que também inclui entrevistas com mais de 50 executivos de topo, mostra que 67% das empresas estão preocupadas com o crescente populismo e ativismo, e com o potencial aumento do sentimento anticapitalista entre quem tem menos de 35 anos.
Entretanto, o estudo “Authenticity Gap”, da FleishmanHillard Fishburn (que já vai no sétimo ano), identifica as áreas mais frutíferas para as empresas se concentrarem. A análise verifica que 66% dos consumidores querem que as empresas mostrem ter um maior objetivo e impacto social, e 59% esperam que as estas tomem uma posição sobre questões climáticas e ambientais – face aos 39% de 2018. A segurança e a privacidade/proteção de dados são também grandes temas.
É importante saber quais as questões que a sua audiência apoia, declara o Global Strategy Group, que há seis anos lançou o estudo “Negócios e Política” e foi um dos primeiros a identificar o poder do ativismo empresarial. A forma como se articula uma questão também é crítica – as palavras são importantes. Por exemplo, “prevenir as alterações climáticas” é muito mais polarizador que “proteger o meio ambiente”, segundo o documento.
E depois há o outro lado da moeda em termos de ativismo empresarial. Um relatório especial da série Edelman Trust Barometer conclui que mais da metade dos participantes no estudo considera que as marcas usam as questões sociais como uma jogada de marketing. “Isto não é bom”, diz Richard Edelman.
Empresas ainda estão pouco preparadas
A grande maioria das empresas dos países do G20 está mal preparada para lidar com os riscos mais comuns dos seus negócios, de acordo com o primeiro Barómetro de Resiliência da consultora de gestão FTI. Ao avaliar o grau de preparação para lidar com 18 situações que poderiam prejudicar o retorno, valor ou reputação, o documento constata que a pontuação de resiliência para as empresas do G20 é de apenas 40 pontos num total de 100 (abrangendo situações relacionadas com disrupção regulatória e geopolítica; liderança, cultura e comunicação; resiliência na mudança e modelos de negócio; proteção de dados e segurança cibernética).
Para Andrew Pimlott, managing director, “o ritmo de mudanças pode ser demasiado rápido para as empresas. A pesquisa mostra que os riscos estão a materializar-se em impactos significativos, mas que as organizações estão a adotar uma abordagem reativa à gestão de risco e à resiliência”.
Não tão depressa
Talvez tenhamos interiorizado a ideia de que, no ambiente dos media em tempo real, a velocidade é tudo. E talvez seja tempo de fazer uma pausa e reconsiderar. Um estudo da agência Hot Paper Lantern realizado junto de 80 empresas cotadas em bolsa, e que passaram por crises, conclui que uma boa resposta à crise reduz o impacto financeiro – mesmo que demorem mais a divulgar as mensagens de reação.
Ted Birkhahn, presidente da Hot Paper Lantern, afirma que, “num mundo perfeito, uma resposta rápida e eficaz é o ideal. No entanto os dados mostram que demorar mais tempo a responder tendo um objetivo subjacente suplanta uma resposta rápida e sem ressonância”.
Profissionais em risco
A PRCA – Public Relations and Communications Association, sediada no Reino Unido, realizou, com a empresa de research Opinium, o estudo “Opening The Conversation: Mental Wellbeing In Public Relations”, que revela, entre outros indicadores, que 89% dos participantes já se debateram com o seu bem-estar mental.
Publicado no Dia Mundial da Saúde Mental, a 10 de outubro, o relatório apura que cerca de um terço dos profissionais de RP consideram o seu trabalho muito stressante, por comparação com 19% dos trabalhadores em geral do Reino Unido. E que 59% dos trabalhadores de RP (62% em agências) afirmam que o stress é causado pela sobrecarga de trabalho. Mas, mais preocupante, a carga de trabalho é a principal razão pela qual os profissionais de RP não dedicam tempo a cuidar da sua saúde mental (43%).