Maioria dos colaboradores diz que as empresas desculpam-se com a pandemia para fazerem cortes

63% dos profissionais consideram que as empresas usam a pandemia como desculpa para fazer reduções, conclui um estudo norte-americano. A ansiedade, a incerteza e a falta de confiança são as características que mais prevalecem entre os trabalhadores.
Funcionários mais ansiosos no trabalho remoto, incerteza sobre o futuro das carreiras e fraca confiança nas chefias. É este cenário que mostra a pesquisa “The Portrait of a Pandemic at Work” (O Retrato da Pandemia no Trabalho, em português), realizada nos Estados Unidos pela Udemy, marketplace de cursos online com mais de 130 mil cursos e 35 milhões de alunos inscritos.
Segundo o estudo que analisou mais de mil profissionais, os trabalhadores estão cada vez mais preocupados com o impacto da pandemia na sua segurança e proteção, com 54% a afirmarem que estão ansiosos com a perda do emprego, redução do horário de trabalho e cortes salariais.
“Os números mostram um mercado de trabalho complicado que, somado à incerteza económica e meses de distanciamento social, resultou em ansiedade sobre o atual emprego e o futuro das carreiras”, afirma Raphael Spinelli, diretora da Udemy para a América Latina.
Enquanto 78% pensam que os seus empregadores estão a fazer tudo o que podem e devem para proteger os funcionários, 63% temem que os seus empregadores também estejam a usar a pandemia como uma desculpa para fazer cortes nas suas organizações.
Quando questionados se estão preocupados com o facto de o “novo normal” trazer um impacto negativo duradouro na qualidade de vida e nas perspetivas de trabalho, 72% responderam afirmativamente. Desse grupo, as mulheres (76%) e mães (78%) estão mais preocupadas do que os homens (69%).
Sobre o teletrabalho, os resultados, no geral, são positivos: 45% dos profissionais sentem-se mais seguros e saudáveis física e mentalmente, 39% conseguem equilibrar melhor a vida pessoal com a profissional e 29% afirmam estar mais criativos e inovadores.
“No entanto, para as mães, a vida tornou-se significativamente mais difícil no trabalho remoto a tempo integral”, destaca Spinelli. Entre as entrevistadas, 92% dizem que se esforçam mais para conciliar a vida profissional e doméstica do que os seus parceiros e 74% afirmam que são as principais responsáveis pelo cuidado dos filhos.
Consequências do teletrabalho na vida dos colaboradores e o futuro
O teletrabalho está a provocar mudanças no comportamento dos colaboradores. A pesquisa destaca que 29% dos colaboradores norte-americanos afirmaram ter ingerido bebidas alcoólicas durante o horário de trabalho e 45% disseram já ter trabalhado na cama.
A boa notícia é que mais da metade (67%) dos profissionais estão a reforçar as suas competências, usando o tempo que despendiam nas deslocações diárias para o escritório para fazer formações. Do total, 37% procuraram formações específicas, como desenvolvimento web e design gráfico.
Sobre o futuro, uma esmagadora maioria (78%) disse que é importante que os empregadores ofereçam políticas de trabalho remoto flexíveis e 48% considerariam deixar o emprego, se essas opções de trabalho flexíveis não estivessem disponíveis. A maioria dos trabalhadores (74%) também acha que uma semana de trabalho de quatro dias os tornaria mais produtivos.